Menu

Presidente da CPI do MST foi financiado por condenado por trabalho escravo

O presidente da CPI do MST, Tenente Coronel Zucco, recebeu doação do fazendeiro Bruno Pires Xavier, condenado por manter 23 trabalhadores em condições degradantes em Mato Grosso. Ele também é apoiado pela Federação de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, FARSUL, que minimizou trabalho escravo em vinícolas e quer punições mais brandas para trabalho […]

1 comentário
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

O presidente da CPI do MST, Tenente Coronel Zucco, recebeu doação do fazendeiro Bruno Pires Xavier, condenado por manter 23 trabalhadores em condições degradantes em Mato Grosso. Ele também é apoiado pela Federação de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, FARSUL, que minimizou trabalho escravo em vinícolas e quer punições mais brandas para trabalho infantil.

No cenário político nacional, o deputado Tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS) assumiu a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Antes dessa nomeação, Zucco era uma figura relativamente desconhecida, mas conquistou destaque ao receber apoio do movimento armamentista Proarmas e contar com a influência do ex-vice-presidente Hamilton Mourão em sua campanha eleitoral em 2022. No entanto, o caminho político do deputado também tem vínculos com uma figura obscura.

Um dos principais financiadores da campanha de Zucco foi Bruno Pires Xavier, proprietário do Frigorífico Quatro Marcos. No entanto, a família Xavier está envolvida em uma série de denúncias relacionadas a crimes ambientais e trabalhistas. Segundo registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bruno Pires Xavier doou R$ 10 mil para a campanha do deputado. A empresa familiar enfrentou diversas ações do Ministério Público do Trabalho (MPT), que resultaram no resgate de 324 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão em propriedades rurais do grupo.

No exercício de seu mandato na Câmara dos Deputados, Zucco tem procurado cumprir seus compromissos com os apoiadores políticos. Em março de 2023, em meio a um escândalo de trabalho escravo nas vinícolas do Rio Grande do Sul, Zucco votou a favor da tramitação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca extinguir o Ministério Público do Trabalho e a Justiça do Trabalho no Brasil. A autoria do projeto é atribuída ao deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP) e contou com o apoio de 66 parlamentares.

Essa iniciativa também recebeu respaldo da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), que é uma aliada política de Zucco. A relação estabelecida entre o deputado e a federação começou em 2019, graças à sua proximidade com Jair Bolsonaro. No mesmo ano, a Farsul emitiu uma nota conjunta com outras entidades patronais criticando um projeto apresentado pela deputada Luciana Genro (PSOL-RS), que buscava impedir a atuação de empresas envolvidas em trabalho infantil. O empresariado gaúcho argumentou que tal medida prejudicaria o “ambiente de negócios”. O projeto foi rejeitado na Assembleia Legislativa com 20 votos contrários e 14 favoráveis, e Zucco se absteve.

No início de abril de 2023, Zucco participou de um encontro com parlamentares gaúchos na sede da Farsul. Durante o encontro, os dirigentes da federação manifestaram apoio total à instalação da CPI do MST e solicitaram celeridade na votação do Proj eto de Lei (PL) 490/2009, conhecido como Marco Temporal. Nessa mesma ocasião, o diretor da Comissão de Assuntos Jurídicos da Farsul, Nestor Hein, instou os parlamentares a acelerarem a flexibilização das normas de segurança e saúde para trabalhadores rurais, incluindo as condições de alojamento e alimentação.

Vale ressaltar que a família Xavier, financiadora de Zucco, está envolvida em questões além do âmbito trabalhista. Em 2008, Rosana Xavier foi apontada como a segunda pessoa física que mais desmatou no país, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Foram mais de 9 mil hectares de floresta derrubados, equivalente à metade da área urbana de Cuiabá. Relatórios recentes também apontaram o envolvimento da família Xavier em casos de desmatamento por meio da empresa Brusqui Agropecuária.

O financiamento de campanha não é o único elemento que conecta Luciano Zucco ao setor agrário e às violações trabalhistas. Durante sua campanha para a Câmara dos Deputados em 2022, o deputado se aproximou da ala ruralista por meio da Farsul. A federação emitiu uma nota conjunta com outras entidades patronais criticando um projeto de lei que buscava combater o trabalho infantil em empresas. A punição proposta foi considerada prejudicial ao ambiente de negócios e o projeto acabou sendo rejeitado.

Agora, como presidente da CPI do MST, Zucco tem o poder de conduzir investigações sobre o movimento dos trabalhadores rurais sem terra. Sua ascensão política está intrinsecamente ligada a figuras controversas, como financiadores envolvidos em crimes ambientais e trabalhistas, e sua atuação política tem sido marcada por votações alinhadas aos interesses desses apoiadores. Resta acompanhar como a CPI do MST irá se desenrolar e quais serão os desdobramentos dessa investigação.

Apoie o Cafezinho

Ruann Lima

Paraibano e Estudante de Jornalismo na UFF

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Patriotário

25/05/2023 - 06h00

Temos muitos filhosdeputa do bem. São os mesmos que escrevem bosta aqui, em O Cafezinho … os cadelinhas de rico, os isentões sem um pingo de vergonha na cara, os safados robôs da CARLUXA MANJA ROLEX.
Por que o antipetista não serve pra nada???????


Leia mais

Recentes

Recentes