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Movimentos sociais e sindicatos ganham força e voltam a crescer

Após sete anos resistindo à falta de interlocução, o movimento sindical voltou à cena política e econômica do país com o governo Lula, ganhando espaço nas discussões sobre os rumos do Brasil, contribuindo para a qualidade das agendas de trabalho e para a consolidação da democracia. A retomada do protagonismo das centrais e federações de […]

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Após sete anos resistindo à falta de interlocução, o movimento sindical voltou à cena política e econômica do país com o governo Lula, ganhando espaço nas discussões sobre os rumos do Brasil, contribuindo para a qualidade das agendas de trabalho e para a consolidação da democracia.

A retomada do protagonismo das centrais e federações de trabalhadores veio se desenhando desde a campanha presidencial de 2022 e ganhou fôlego na composição do governo de transição montado por Lula logo após a vitória no segundo turno, em 30 de outubro do ano passado. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) participaram da equipe de transição com propostas, muitas delas sendo implementadas pelo governo eleito.

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, foi uma das lideranças que integrou o grupo de trabalho de Minas e Energia, ao lado do atual presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, apresentando sugestões para políticas no setor de óleo e gás do novo governo. Entre elas, mudanças na política de preços dos combustíveis, que, desde 2016, com Michel Temer, era  baseada na paridade de importação, o denominado PPI, com valores ditados pelo mercado internacional, mesmo o Brasil sendo autossuficiente em petróleo. A sugestão de fim do PPI se consolidou e um novo mecanismo foi anunciado em 16 de maio último por Prates.

As mesmas FUP e CUT ampliam sua influência com ideias também no Conselhão – Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável (CDESS) – e no Conselho de Participação Social (CPS), órgãos criados para auxiliar o governo na criação e análise de políticas públicas.

A FUP, a maior federação de trabalhadores do país, reunindo 13 sindicatos de petroleiros no país com mais de 40 mil associados, ganhou espaço nas pautas de interesse nacional, chamando a atenção para temas sensíveis ao trabalhador brasileiro, como as altas recordes, na gestão bolsonarista, no preço do gás de cozinha, que, em algumas regiões do Brasil, chegou a R$ 120,00 o botijão de 13 quilos.

A atuação ativa da federação de petroleiros em questões cruciais para o país vem respaldada pelo reforço do time de pesquisadores de excelência do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). “Essas entidades realizam estudos, pesquisas, análises críticas, trazem dados e informações constantemente, respaldadas no conhecimento de especialistas”, destaca o petroleiro Tadeu Porto, diretor de comunicação da FUP, área que, segundo ele, teve que se reestruturar para atender às novas e crescentes demandas de informação da sociedade.

Acostumado a grandes embates, Deyvid Bacelar, o coordenador-geral da FUP, considera fundamental que a federação cumpra seu papel no governo Lula com independência e autonomia sindical. Ele destaca a importância de os movimentos sociais e sindical ficarem alertas e pressionarem para que o governo cumpra seu programa defendido na campanha presidencial. 

“Tendo em vista que este é um governo de ampla coalizão, é importante e necessária a pressão popular para direcionar o governo à esquerda. Nós, da FUP, fizemos várias contribuições ao programa do governo, principalmente no capítulo de Energia. Mas sem a pressão dos movimentos sociais, observando os boicotes de parte do atual Congresso Nacional, os projetos não vão para frente”, frisa ele.

Desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, a FUP canalizou energias no combate contra os desmontes das instituições, da democracia, das empresas estatais, como a Petrobrás.

Bacelar enfatiza que as lutas da categoria petroleira se deram na porta das refinarias e demais unidades da empresa, com greves, paralisações, mobilizações, mas também via articulações políticas e via ações jurídicas, que não permitiram que o projeto do governo Bolsonaro, de privatizar a Petrobrás, fosse adiante. “Eles não conseguiram implementar a privatização completa da estatal”, diz, observando que, diante de tantos ataques nos últimos sete anos contra os trabalhadores, as entidades de classe passaram a ter importância cada vez maior na defesa da garantia de direitos conquistados durante décadas. 

Este ano a FUP completa 29 anos. Desde a sua criação, em 1994, a federação foi protagonista de importantes movimentos em defesa da Petrobrás – como as greves de 1995, que durou 30 dias, e de 2020, com 20 dias de paralisação – e da categoria petroleira, com a conquista de direitos via acordos coletivos de trabalho.

“A greve histórica, em fevereiro de 2020, ocorreu quando tínhamos assumido a coordenação da FUP de forma interina. A eleição da então nova diretoria ocorreu somente em agosto de 2020”, lembra Bacelar, que estreou no comando da entidade no olho do furacão. 

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