Cappelli e o cuidado para não se tornar “aquele lá”

Imagem: Reprodução

Flávio Dino (PSB), atual ministro da Justiça, ainda não foi indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), mas a certeza de sua indicação é tão grande que já iniciou uma corrida pela sua sucessão no comando da pasta.

Entre os nomes cotados, figura o de Ricardo Cappelli, atual secretário-executivo da pasta e conhecido por ser o “bombeiro” do ministro sempre que surge alguma crise.

Hoje, Cappelli é apoiado apenas pelo seu próprio chefe e por algumas parcelas tímidas do PSB, mas tem algo muito importante que depõe contra ele.

Além de sua simpatia pelo general golpista Eduardo Villas Bôas, que já foi alvo de um texto elogioso do secretário após a série de tweets golpistas, parte da bancada petista acredita que ele “queimou a largada” e que estaria sendo ele próprio o responsável por espalhar boatos na imprensa e nos corredores de Brasília sobre uma possível nomeação para chefiar a pasta onde hoje é secretário.

Na visão de membros da base governista, isso pode ser fatal, principalmente porque pode acabar fazendo com que Cappelli se queime com o próprio Lula.

Para explicar essa história, uma fonte no Congresso Nacional que faz parte da bancada petista contou uma história envolvendo outro político que “queimou a largada”, o deputado mineiro Reginaldo Lopes (PT).

Durante e depois da transição, o nome do parlamentar apareceu em diversos boatos como sendo um dos ministeriáveis, de educação até planejamento. O nome do mineiro estava em todas as listas até que Lula descobriu que ele próprio era quem espalhava seu nome nos boatos. Ali, o destino de Reginaldo foi selado, virando piada entre deputados petistas.

A ojeriza do presidente ao deputado é tão grande que, segundo uma fonte que esteve com o líder do governo, o deputado José Guimarães (PT), Lula se refere ao parlamentar apenas como “aquele lá”.

Ainda no final de semana, Cappelli decidiu fazer alguns tweets sobre sua atuação na segurança pública. Depois, se colocou sozinho numa confusão com jornalistas negros criada por ele próprio ao bloqueá-los após críticas. Horas depois, desbloqueou todos eles e compartilhou algumas mensagens de apoio a ele mesmo. Há quem afirme que o secretário levou uma chamada de atenção.

De qualquer maneira, Cappelli, caso saiba da história sobre o deputado mineiro, já deve ter entendido que a luz amarela piscou para ele.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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