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Dificuldade no Congresso: a crise silenciosa que ameaça o governo Lula

A última sessão do Congresso Nacional para analisar os vetos presidenciais destacou um problema que esta coluna já apontava há meses: a articulação política do governo. A “farra das emendas”, que é de fato um grande problema, tornou-se uma justificativa para a inércia do governo na articulação política. O governo, entretanto, comete erros básicos no […]

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Pacheco, Lula, Lira: entrega do arcabouço nesta terça-feira. (Ricardo Stuckert /PR/Divulgação)

A última sessão do Congresso Nacional para analisar os vetos presidenciais destacou um problema que esta coluna já apontava há meses: a articulação política do governo.

A “farra das emendas”, que é de fato um grande problema, tornou-se uma justificativa para a inércia do governo na articulação política. O governo, entretanto, comete erros básicos no trato com os parlamentares.

Um exemplo claro é o caso do deputado Fausto Pinato. Após um voto contundente a favor da prisão do deputado Chiquinho Brazão (SEM PARTIDO) e a conquista de 18 votos a favor do governo, Pinato foi recebido por ninguém do governo. Sentindo-se desdenhado, o deputado declarou que não votaria mais com o governo.

Este não é um problema novo. Há um ano, esta coluna relatava como ministros desdenhavam parlamentares e se comportavam de maneira desintegrada ao governo. Pouco mudou desde então.

Líderes no Congresso Nacional e membros do governo demoraram a perceber os problemas na articulação política, atribuindo a maioria das dificuldades às articulações da “direita bolsonarista”.

A inércia do presidente Lula na articulação política deriva da crença de que tudo está sob controle e de que o extremismo impede maiores avanços. Mesmo prometendo uma maior dedicação à articulação política, Lula realiza poucos encontros e desaparece.

A declaração do senador Jaques Wagner (PT-BA) ao jornal O Globo exemplifica essa situação. Wagner afirma que “não se pode exigir protagonismo na articulação de quem voltou ao poder após ser impedido de ir ao enterro do irmão, esteve no do neto como se fosse um traficante e assistiu a comemorações da morte da ex-primeira-dama, Marisa Letícia”. Entre parlamentares petistas, a percepção é de que Wagner está “cansado” e deveria ser removido da liderança no Senado, especialmente após um episódio em que, como líder de bancada, optou por um voo de teor pessoal.

No final de maio, o governo conseguiu apenas 150 votos na sessão do Congresso Nacional, um sinal de alerta, já que no início do mandato contava com 200 deputados alinhados. A votação refuta as queixas de setores do governo sobre a falta de ação devido ao número reduzido de deputados, pois sequer consegue se articular com os que possui.

Outro alvo de críticas nos corredores do Congresso é o secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto, conhecido por seu difícil trato e acesso.

Entre os próprios petistas, cresce a percepção de que o partido carece de lideranças experientes nas duas casas legislativas e que talvez seja necessário buscar nomes fora do partido.

É claro que diante de tantos problemas, há quem especule o risco de um novo impeachment, hipótese que, hoje, está bem distante de se concretizar. Mas assim como foi com Dilma, deputados da base já estão há meses reclamando que sequer conseguem falar com o presidente ou com alguém do Planalto.

Da mesma maneira que é não é possível creditar as dificuldades da articulação a um ou dois nomes, é algo sistemático.

Diante desses problemas, um parlamentar fez uma constatação sobre a articulação política do governo: enquanto os presidentes do Senado e da Câmara vão para as votações sabendo quantos votos têm, o governo faz o oposto, votando sem essa certeza.

Ou seja, sequer o básico está sendo feito.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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Comentários

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Helena

06/06/2024 - 22h21

Caramba, O Cafezinho agora só tem comentários de quem admira ladrão de joias e comemorava mortes nas enchentes e por Covid praticando jet-ski. Fez nada em seu governo a não ser umas lives só dizendo mentiras e atacando Lula. Chega dessa gente baixo astral! Economia bombando colocando o Brasil como a 8a. economia mundial, enquanto que o inominável era só ladeira abaixo e o país voltando a ser a ser a 13a. economia mundial. Salve a democracia e Lula, gente!

William

06/06/2024 - 20h35

Lula não tinha mais nada a ver com a política (só com os tribunais), queria passar o resto da vida tomando pinga entre o sítio do laranja dele e o triplex na praia fruto dos roubos na Petrobras.

Quando viu as movimentações do STF para livra lo dos processos entendeu o recado e foi obrigado a se candidatar sem vontade como ele já disse várias vezes.

Um governo natimorto nascido como sempre na base da exploração da pobreza e do analfabetismo não tem presente (como a gente vê) e muito menos futuro.

Um dia essa desgraça que assola o Brasil há décadas acaba.

Saulo

06/06/2024 - 20h29

O Congresso é forte e o Governo do bolsa família é fraco.

Zulu

06/06/2024 - 20h27

Este governo nunca existiu, não há governo que se sustenta se elegendo exclusivamente com os votos do exército do bolsa família.

No Congresso não tem este partido mas tem a representaça de todo o resto que não é o bolsa família.

Se os brasileiros não votassem somente para quem garante bolsa isso e aquilo hoje seria bem outra coisa provavelmente.

Foram quase 20 anos jogados no lixo devido ao acordo não escrito entre esse tal de Lula e os brasileiros (vcs me votam e eu garanto o bolsa farelo).

A miséria civil e cultural brasileira é uma tristeza sem.fim e não há nenhum sinal de mudança.

Klebinho…e o dólar ? E a inflação?


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