Rise destaca a contínua inquietação do mercado, apesar dos níveis de armazenamento quase recordes.
O preço do gás na Europa saltou na segunda-feira para o seu nível mais alto deste ano, após uma interrupção numa fábrica de processamento de gás na Noruega, destacando a natureza cada vez mais essencial dos fornecimentos noruegueses depois de o continente se ter afastado em grande parte das importações russas.
O preço do índice de referência europeu TTF subiu para mais de 38 euros por megawatt-hora na Intercontinental Exchange, um aumento de mais de 13%, o mais elevado desde o início de Dezembro. É o mais recente sinal de que os mercados permanecem no limite, apesar dos níveis quase recordes de armazenamento de gás na Europa.
A Noruega é agora o maior fornecedor individual de gás natural para a Europa e foi responsável por 30 por cento do fornecimento do bloco no ano passado, depois de a maioria das entregas de gasodutos da Rússia terem sido cortadas após a invasão em grande escala da Ucrânia por Moscovo em 2022. Interrupções não planeadas na Noruega são cada vez mais frequentes. tendem a causar uma forte reação no mercado.
O salto nos preços ocorre apesar de a Europa ter um nível confortável de gás armazenado. Os locais de armazenamento na UE estavam mais de 70% cheios no sábado, o segundo nível mais alto já registado para esta época do ano. A Comissão Europeia tem como meta atingir níveis de armazenamento de 90% até Novembro, mas os analistas acreditam que poderão estar cheios até ao Verão.
O aumento do preço “destaca a fragilidade do mercado europeu de gás e o aumento da dependência excessiva de um conjunto menor de fontes de abastecimento”, disse Wayne Bryan, diretor de pesquisa de gás europeu da LSEG. “Até que os armazenamentos se aproximem dos níveis exigidos pela UE, os preços do gás na Europa permanecerão elevados, vulneráveis e expostos a uma maior volatilidade dos preços devido a qualquer interrupção no fornecimento.”
Os preços apresentavam uma tendência ascendente desde o final de maio, depois de o grupo energético austríaco OMV ter alertado que a Gazprom poderia interromper as entregas de gás na sequência de uma decisão judicial envolvendo a empresa austríaca, colocando em dúvida os restantes fornecimentos de gasodutos russos à Europa.
A interrupção norueguesa ocorreu na usina de gás Nyhamna, que tem capacidade para processar 79,8 milhões de metros cúbicos por dia. A central está programada para ficar inativa por um “período incerto”, de acordo com a Gassco, empresa estatal norueguesa que gere o sistema de transporte de gás do país.
“A [interrupção] na Noruega e os eventos em torno dos clientes da Gazprom são a principal força motriz [para] os preços do gás na Europa”, disse Tom Marzec-Manser, chefe de análise de gás da consultoria ICIS. Ele acrescentou que a interrupção poderia reduzir potencialmente os fluxos noruegueses em mais de 20 por cento.
A Ásia também está a atrair mais gás natural liquefeito para as suas costas, à medida que a onda de calor aumenta a procura, o que significa que os preços do gás europeus precisam de permanecer mais elevados para que a região atraia cargas de GNL.
“A escassez do equilíbrio global de GNL no inverno apenas aumenta a tensão, embora ainda mais no futuro, enquanto o fornecimento de gasodutos norueguês e russo é uma preocupação mais imediata”, disse Marzec-Manser.
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