O mercado financeiro brasileiro permanece otimista para os próximos anos. Contraria assim as tentativas de amplificar ameaças tarifárias norte-americanas e previsões catastróficas de setores bolsonaristas.
O Boletim Focus divulgado hoje (21/07) revela que os operadores mantêm perspectivas positivas. As entrevistas foram realizadas até sexta-feira (18/07) com profissionais tradicionalmente céticos da Faria Lima, conhecidos pela cautela em suas projeções.
Mais de 140 instituições financeiras e consultorias participaram da pesquisa semanal do Banco Central. Os dados mostram melhorias nas principais variáveis econômicas. Contradizem narrativas que vinculam políticas protecionistas a um colapso da economia brasileira.
Inflação recua consistentemente
A expectativa para o IPCA acumulado em 12 meses de 2025 caiu pela oitava semana consecutiva. Passou de 5,17% para 5,10%. A trajetória descendente reflete confiança na política monetária em curso.
Para 2026, a mediana das projeções anuais ficou em 4,45%. Houve ligeira melhora em relação à semana anterior. As perspectivas de médio prazo são ainda mais favoráveis: 4,00% em 2027 e 3,80% em 2028.
Os próximos meses apresentam dinâmica sazonal esperada. Julho deve registrar IPCA mensal de 0,31%. Agosto pode ter deflação de -0,04%. Setembro volta a subir 0,55%.
O IGP-M acumulado em 12 meses também melhorou significativamente. A projeção para 2025 caiu de 2,18% há um mês para 1,72%. Demonstra desaceleração dos preços no atacado e construção civil.
Selic alta hoje, queda amanhã
A taxa Selic permanece em 15,00% para 2025. Reflete consenso sobre manter política restritiva até a inflação convergir para a meta. As expectativas futuras são otimistas.
A flexibilização deve ser gradual: 12,50% em 2026, 10,50% em 2027 e 10,00% em 2028. Esta trajetória acompanha as expectativas de crescimento econômico.
O PIB deve crescer 2,23% em 2025. Mantém estabilidade em relação às projeções anteriores. Para 2026, a expectativa é mais modesta: 1,88%. Recupera-se para 2,00% em 2027 e 2028.
Os números contradizem narrativas de recessão por tensões comerciais. Os analistas demonstram confiança na adaptação da economia brasileira. A diversificação exportadora e o mercado interno forte sustentam o otimismo.
Câmbio estável, setor externo resiliente
O dólar apresenta sinais de estabilização. A projeção caiu de R$ 5,72 há um mês para R$ 5,65 atualmente. Para 2026 e anos seguintes, espera-se R$ 5,70.
A estabilidade cambial chama atenção. Ocorre mesmo com ameaças tarifárias norte-americanas. Os operadores não incorporam volatilidade adicional. Demonstram ceticismo sobre a materialização das ameaças.
A balança comercial deve registrar superávit de US$ 69,25 bilhões em 2025. As projeções melhoram nos anos seguintes: US$ 75,20 bilhões (2026), US$ 79,85 bilhões (2027) e US$ 80,00 bilhões (2028).
O déficit em conta corrente fica em US$ 57,7 bilhões para 2025. É nível administrável. O financiamento vem do investimento direto estrangeiro: US$ 70 bilhões até 2026, crescendo para US$ 75 bilhões em 2028.
Os fluxos de capital demonstram confiança internacional no Brasil. Contradizem narrativas de fuga de capitais. A manutenção desses investimentos financia o crescimento e moderniza a infraestrutura.
Contas públicas surpreendem
O resultado primário apresenta melhora consistente. Para 2025, o déficit foi revisado para 0,55% do PIB. A trajetória futura surpreende: 0,66% (2026), 0,30% (2027) e apenas 0,08% em 2028.
A proximidade do equilíbrio primário em 2028 seria marco histórico. Não ocorre há mais de uma década. Sugere que o mercado acredita em reformas estruturais e controle de gastos.
O resultado nominal também melhora gradualmente. Embora elevado em 8,70% do PIB para 2025, cai para 8,50% (2026), 7,30% (2027) e 6,70% em 2028. Acompanha a redução dos juros.
A dívida líquida cresce moderadamente. Sai de 65,80% do PIB (2025) para 76,00% (2028). A trajetória é sustentável considerando juros menores e crescimento maior.
Dados superam narrativas
O contraste entre as projeções otimistas do Focus e as narrativas alarmistas é revelador. Enquanto grupos políticos amplificam ameaças externas, profissionais que movimentam trilhões apostam na melhora gradual.
Os operadores dependem da precisão de suas análises para remuneração e carreira. Têm incentivos econômicos diretos para projeções realistas, diferentemente de agentes que se beneficiam eleitoralmente de catastrofismo.
O otimismo diante de ameaças tarifárias revela sofisticação do mercado brasileiro. Distingue retórica política de políticas efetivamente implementadas. Aposta que eventuais medidas protecionistas terão impacto limitado.
Fundamentos vencem ruído
O Boletim Focus oferece perspectiva clara para os próximos anos. Longe de narrativas apocalípticas, revela economia em estabilização com melhora gradual mas consistente.
Inflação descendente, juros em queda, crescimento sustentável, câmbio estável e contas públicas melhorando compõem quadro distante do catastrofismo. Os fundamentos econômicos demonstram força superior ao ruído político.
Para investidores, empresários e cidadãos, o Focus oferece base sólida para planejamento de médio prazo. Sugere que o Brasil superará desafios atuais e construirá trajetória sustentável independentemente de turbulências externas.
Sobre o Boletim Focus: Publicação semanal do Banco Central que consolida expectativas de mais de 140 instituições financeiras sobre indicadores macroeconômicos. É considerado o termômetro mais preciso do mercado financeiro nacional.