Indústria brasileira resiste aos juros altos: produção de bens de capital cresce 7% em 12 meses

Produção automobilística teve o maior impacto na indústria em junho de 2025 - Foto: Roberto Dziura Jr/AEN

A capacidade da indústria brasileira de resistir aos juros elevados é impressionante. Mesmo com uma das taxas mais altas do mundo, o setor se mantém firme e apresenta crescimento. Qualquer indústria internacional já estaria em recessão, mas no Brasil ela resiste e surpreende com indicadores positivos.

Os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE mostram crescimento de 7% na produção de bens de capital no acumulado de 12 meses. Este indicador é um termômetro fundamental da saúde industrial brasileira.

O significado dos bens de capital

Para compreender a relevância deste crescimento, é essencial entender o que representam os bens de capital na economia. Esta categoria engloba a produção de máquinas e equipamentos necessários para a fabricação de todo tipo de produto industrial. Em outras palavras, são os instrumentos que permitem às empresas produzir outros bens, constituindo a base da capacidade produtiva nacional.

O crescimento de 7% nos bens de capital funciona como um termômetro muito importante para avaliar se as empresas industriais estão investindo em capacidade de produção e ampliação de sua capacidade instalada. Quando este indicador apresenta alta, significa que os empresários estão confiantes no futuro e dispostos a investir em modernização e expansão de suas operações, mesmo em um cenário de juros elevados.

A importância da análise de 12 meses

Ao avaliar a produção industrial, é fundamental considerar períodos mais amplos, como o acumulado de 12 meses, em vez de focar apenas nas variações mensais. A indústria é um setor que apresenta mudanças bruscas de um mês para outro, em função de paradas estratégicas para investimento e renovação de máquinas. Às vezes, ela para durante meses inteiros e depois volta com muita força.

Esta perspectiva temporal mais ampla permite identificar tendências consistentes e filtrar oscilações pontuais que podem distorcer a análise. O crescimento sustentado de 7% ao longo de 12 meses indica uma trajetória sólida de expansão, não um movimento isolado ou sazonal.

Bens de consumo duráveis em destaque

Além dos bens de capital, outro indicador que chama atenção é o desempenho dos bens de consumo duráveis, que registraram impressionante crescimento de 12,5% no acumulado de 12 meses. Esta categoria inclui produtos como eletrodomésticos, móveis, automóveis e outros itens de maior valor agregado e vida útil prolongada.

O forte crescimento dos bens duráveis reflete não apenas a resistência do consumo interno, mas também a capacidade da indústria nacional de atender à demanda por produtos mais sofisticados. Este movimento indica que, apesar das pressões econômicas, o consumidor brasileiro mantém disposição para investir em bens de maior valor, sinalizando confiança na estabilidade econômica.

Setores em destaque

Os dados de 12 meses revelam que o crescimento dos bens de consumo duráveis é impulsionado principalmente pela indústria automobilística, que lidera com impressionante alta de 12,5% no acumulado de 12 meses. Este setor, que inclui a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, é um dos principais componentes dos bens duráveis.

Outros setores que se destacaram no período de 12 meses incluem a fabricação de produtos têxteis (9,0%), equipamentos de informática e produtos eletrônicos (8,9%), além de máquinas e materiais elétricos (7,9%). A fabricação de móveis também registrou crescimento de 7,9%, assim como máquinas e equipamentos (7,9%).

A metalurgia avançou 5,4% em 12 meses, enquanto produtos químicos cresceram 5,1%. Estes resultados mostram que o crescimento está disseminado por diversos segmentos industriais, com destaque especial para setores de maior valor agregado e tecnologia.

Cenário de otimismo

O crescimento consistente dos bens de capital e a diversificação setorial apontam para fundamentos sólidos da indústria brasileira. Quando as condições monetárias se tornarem mais favoráveis, o setor estará bem posicionado para acelerar ainda mais, beneficiando-se dos investimentos em capacidade produtiva realizados durante este período desafiador.

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