A China registrou em julho de 2025 uma queda de 95% nas compras de milho do Brasil, segundo dados do Departamento de Alfândegas (Gacc). Foram importadas apenas 60 mil toneladas, contra 1,1 milhão no mesmo mês de 2024. Em valores, a operação representou US$ 14 milhões, sinalizando uma mudança significativa na estratégia de abastecimento chinesa.
No acumulado de janeiro a julho, a redução também foi expressiva: 840 mil toneladas, queda de 93% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Impacto no agronegócio brasileiro
A retração ocorre em um momento de safra recorde no Brasil, pressionando os preços internos e obrigando exportadores a buscar novos mercados. Produtores que haviam consolidado vendas para a China desde a abertura do mercado em 2022 agora enfrentam maior incerteza.
Especialistas apontam que parte da produção pode ser redirecionada ao consumo doméstico ou a destinos alternativos, como países da Ásia e do Oriente Médio. No entanto, os contratos futuros já refletem a queda da demanda chinesa, elevando a volatilidade no setor agrícola.
Queda também nas compras de trigo
O movimento chinês não se limitou ao milho. As importações de trigo também recuaram:
410 mil toneladas em julho, queda de 48% frente a 2024.
2,37 milhões de toneladas no acumulado do ano, retração de 76,4%.
A estratégia indica diversificação de fornecedores e maior utilização de estoques internos pela China.
Soja segue em alta
Apesar do recuo em milho e trigo, a China manteve a soja como prioridade. Em julho, foram compradas 11,67 milhões de toneladas, aumento de 18,4% em relação ao ano anterior. De janeiro a julho, o volume chegou a 61 milhões de toneladas, alta de 4,6%.
Outros produtos também registraram crescimento:
Açúcar: +76,4% em julho.
Lácteos: +5,2%.
Por outro lado, itens como algodão, óleo de palma e fertilizantes sofreram quedas significativas, reforçando a seletividade da pauta chinesa.
Motivos para a redução
Analistas apontam diferentes fatores que explicam por que a China compra 95% menos milho do Brasil:
Aumento da produção doméstica e uso de estoques reguladores.
Busca por fornecedores alternativos, como Estados Unidos e Ucrânia.
Questões diplomáticas e comerciais, ligadas à negociação de tarifas e qualidade dos produtos.
Desaceleração econômica interna, que reduz a demanda por determinados grãos.
Perspectivas
A perda de espaço no mercado chinês preocupa o agronegócio brasileiro, que depende fortemente das exportações para o país asiático. A soja mantém equilíbrio parcial, mas não compensa integralmente as perdas em milho e trigo.
Para especialistas, o episódio reforça a necessidade de diversificação de mercados e de políticas agrícolas de longo prazo, a fim de reduzir a vulnerabilidade frente a mudanças bruscas nas estratégias de importação chinesas.


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