As importações de soja do Brasil pela China cresceram 13,9% em julho em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 21, pela Administração Geral de Alfândega chinesa. Ao todo, foram 10,39 milhões de toneladas embarcadas, o equivalente a 89% do total das importações do país, contra 9,12 milhões de toneladas no ano anterior.
Em contrapartida, os embarques dos Estados Unidos caíram 11,5%, somando apenas 420,8 mil toneladas, abaixo das 475,3 mil toneladas registradas em julho de 2024.
No agregado, as compras chinesas atingiram 11,67 milhões de toneladas, o maior volume já registrado para o mês.
Motivos para a preferência pela soja brasileira
Segundo o pesquisador agrícola Liu Jinlu, da Guoyuan Futures, a alta nas importações do Brasil foi favorecida pela forte oferta da safra brasileira e pelas incertezas nas negociações comerciais entre EUA e China. Essas condições levaram compradores chineses a antecipar estoques estratégicos.
Além do comércio internacional, fatores internos também pesam: políticas de controle da capacidade de suínos afetam diretamente a demanda pela oleaginosa, já que o setor de proteína animal é o principal destino da soja no país asiático.
Balanço acumulado no ano
Entre janeiro e julho, a China importou:
- 42,26 milhões de toneladas do Brasil, queda de 3% em relação ao mesmo período de 2024;
- 16,57 milhões de toneladas dos EUA, aumento de 31,2%;
- 672,6 mil toneladas da Argentina, alta de 104,7% na comparação anual, sendo 561 mil apenas em julho.
Apesar da retração acumulada, o Brasil segue como o principal fornecedor da soja chinesa.
Impactos nas relações comerciais
O comércio da oleaginosa se tornou mais um capítulo da disputa econômica entre Pequim e Washington. A ausência de pré-compras da nova safra dos EUA pelos chineses chama a atenção do mercado. Analistas avaliam que as tarifas aplicadas ao produto norte-americano atrasaram negociações e podem gerar perdas de bilhões de dólares para exportadores dos Estados Unidos.
Na terça-feira (20), associações de produtores de soja norte-americanos enviaram uma carta ao presidente Donald Trump, pedindo a conclusão de um acordo comercial com a China que garanta a retomada de compras significativas.
Cenário para os próximos meses
Especialistas projetam que a concorrência entre Brasil e EUA continuará intensa, já que os chineses tendem a privilegiar o fornecedor que oferecer maior previsibilidade de preço e segurança logística. Com a colheita norte-americana prestes a começar, a falta de contratos antecipados pode fortalecer ainda mais a posição brasileira.


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