A megaoperação deflagrada nesta quinta-feira (28) revelou como a onda de desinformação sobre o Pix, impulsionada por políticos de extrema-direita, acabou favorecendo o crime organizado. Segundo a Polícia Federal, a falta de regulamentação — consequência da pressão popular gerada por fake news — permitiu que o PCC usasse fintechs para lavar dinheiro em larga escala.
A origem: Instrução Normativa 2219/24
Em setembro do ano passado, a Receita Federal publicou a IN 2219/24, que obrigava fintechs a reportar transações acima de R$ 5 mil via Pix, TED ou cartões, alinhando-as às mesmas exigências dos bancos.
A medida visava reforçar o rastreamento de movimentações suspeitas, mas foi atacada por campanhas digitais que distorceram seu propósito. Mensagens afirmavam que o governo “taxaria o Pix” e violaria o sigilo dos pequenos empreendedores.
O discurso viralizou, alcançando milhões de visualizações e provocando forte reação social, especialmente entre autônomos e microempresários.
Fake news e recuo do governo
A pressão fez o governo revogar a normativa, contrariando a equipe econômica, que defendia os controles como barreira contra ilícitos.
Em janeiro, o Planalto tentou recuperar a narrativa com uma Medida Provisória que proibia comerciantes de cobrarem taxas extras pelo Pix. A MP perdeu validade em junho, mas o estrago já estava feito: a fiscalização sobre fintechs ficou fragilizada, e grupos criminosos exploraram a brecha.
A atuação do PCC com fintechs
Segundo a PF, as fintechs passaram a ser usadas como “canais paralelos” para lavar recursos ilegais, aproveitando a ausência de regras claras.
A operação mostrou que criminosos se beneficiaram da agilidade do Pix e da facilidade de abrir contas digitais. Assim, quantias expressivas foram movimentadas sem acionar alertas tradicionais.
A influência política e a comunicação
Um dos conteúdos mais virais partiu do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que sugeriu que o governo planejava taxar o Pix. O vídeo, com mais de 100 milhões de visualizações, consolidou a resistência popular à normativa.
Preocupado com o desgaste, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe convocaram reuniões emergenciais. O publicitário Sidônio Palmeira foi chamado para coordenar a estratégia de comunicação oficial, com foco em desmentir fake news e proteger a credibilidade do sistema.
O impacto e os próximos passos
A operação desta quinta-feira evidencia como a desinformação pode enfraquecer políticas públicas de combate ao crime financeiro.
Sem a IN 2219/24, o rastreamento das fintechs ficou comprometido, e, segundo a Receita, organizações criminosas aproveitaram o vácuo regulatório. Agora, cresce a pressão para que novas regras sejam elaboradas, conciliando:
Transparência e combate ao crime;
Proteção ao sigilo do usuário comum;
Resistência a campanhas de fake news.
📌 Síntese: As fake news que acusaram o governo de querer “taxar o Pix” ajudaram o PCC a manter um esquema bilionário de lavagem via fintechs. A PF alerta que a regulação terá de ser retomada sob novas bases para evitar que o vácuo continue beneficiando o crime organizado.


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