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Inflação em baixa fortalece articulações para nova frente ampla democrática em 2026

O forte recuo na inflação de agosto, conforme divulgado hoje pelo IBGE, representa mais um fator favorável para a consolidação de uma frente ampla democrática, liderada por Lula, nas eleições nacionais de 2026. Puxada sobretudo pelos alimentos e energia, a queda dos preços tem grande impacto social, beneficiando diretamente as famílias de baixa renda. A […]

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Sérgio Lima/AFP

O forte recuo na inflação de agosto, conforme divulgado hoje pelo IBGE, representa mais um fator favorável para a consolidação de uma frente ampla democrática, liderada por Lula, nas eleições nacionais de 2026.

Puxada sobretudo pelos alimentos e energia, a queda dos preços tem grande impacto social, beneficiando diretamente as famílias de baixa renda.

A inflação sob controle se soma a uma série de fatores políticos igualmente favoráveis à frente ampla: o crescimento consistente de Lula nas pesquisas de intenção de voto, a melhora na aprovação do governo, o avanço do processo criminal contra Jair Bolsonaro e seus cúmplices no Supremo Tribunal Federal, além da crescente rejeição popular às tentativas de intromissão estrangeira em assuntos políticos domésticos.

A iniciativa de Bolsonaro e seus apoiadores de articular uma interferência norte-americana contra as instituições brasileiras feriu os brios de independência do cidadão brasileiro, despertando um sentimento de soberania e nacionalismo que o governo Lula vem capitalizando com inteligência.

A inflação vem recuando de forma consistente.

Com uma deflação de 0,11% no último mês, o acumulado em 12 meses recuou para 5,13%. Pela quarta vez consecutiva, o preço dos alimentos para consumo em casa registrou variação negativa, com uma queda expressiva no mês de quase 1%.

Itens básicos da dieta nacional, como arroz e feijão, acumulam baixas de 20% e 25%, respectivamente, no acumulado em 12 meses. Até mesmo produtos que se tornaram símbolo da carestia, como a picanha, agora apresentam recuo nos preços.

O botijão de gás, no acumulado de 12 meses, vem registrando quedas há vários meses consecutivos, proporcionando alívio significativo para as famílias brasileiras.

Os preços da gasolina também vêm arrefecendo, com a inflação acumulada em 12 meses chegando a apenas 1%.

O preço do café torrado, que vinha acumulando alta forte, finalmente está começando a arrefecer, já registrando baixas mensais há pelo menos três meses.

Este cenário contrasta fortemente com o de vizinhos como a Argentina, onde a queda da inflação ocorre em meio a drástica redução do consumo de produtos básicos como carnes e leite, além de aumento da pobreza. Não é à toa que o presidente Milei acaba de sofrer uma forte derrota nas eleições parlamentares da província de Buenos Aires, o que sinaliza que vem começando a enfrentar declínio de popularidade.

A mesma situação acontece com o presidente Donald Trump, que também vem passando por uma deterioração bastante acelerada de sua aprovação, sobretudo em temas econômicos. Isso decorre da inflação crescente, sobretudo de alimentos, nos Estados Unidos, consequência de uma política tarifária caótica e agressiva.

No Brasil, a economia cresce, e a queda dos preços se traduz em melhora real da qualidade de vida. Como consequência, abre-se espaço para que o Banco Central inicie um ciclo de redução da taxa de juros, uma medida essencial para aquecer a economia ao longo do ano eleitoral.

A melhora no ambiente econômico se reflete quase imediatamente nas pesquisas de opinião. O levantamento mais recente da CNT/MDA (foi divulgada ontem) revela um crescimento consistente do presidente Lula em todos os cenários analisados para as eleições nacionais de 2026.

No primeiro turno, a evolução do petista é significativa: no cenário contra Bolsonaro, Lula saltou de 31% em junho para 36% em setembro, enquanto Bolsonaro caiu de 32% para 30%. Isso reverteu uma situação onde Bolsonaro chegou a ter vantagem numérica de 1 ponto, e agora está seis pontos atrás de Lula.

Em cenários de primeiro turno sem a presença de Bolsonaro, o presidente Lula lidera de maneira completamente isolada, com 36% X 17% contra Tarcísio, ou seja, quase 20 pontos à frente.

Em uma simulação de segundo turno contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula venceria com 46% dos votos, contra 38% de seu adversário, uma diferença de oito pontos percentuais. Os recortes da pesquisa são ainda mais reveladores.

No cenário de segundo turno contra Tarcísio de Freitas, Lula abriu nove pontos de diferença (44% X 38%),  crescendo seis pontos em relação à pesquisa anterior.

Já no cenário – ainda em segundo turno – contra Eduardo Bolsonaro, a vantagem de Lula é ainda mais expressiva: 37% contra apenas 15%, uma diferença de 22 pontos.

Entre as mulheres, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro no segundo turno chega a 17 pontos. No Sudeste, há um empate técnico, enquanto no Nordeste a liderança do atual presidente é avassaladora.

Entre os eleitores com mais de 60 anos, ainda considerando um segundo turno contra Bolsonaro, a diferença a favor de Lula é de 21 pontos.

A aprovação do governo avançou 3 pontos de junho a setembro, atingindo 44%, enquanto a rejeição ao presidente caiu para 49%, patamar inferior aos 55% registrados em fevereiro e 53% em junho.

A pesquisa CNT/MDA capturou a percepção popular sobre outros temas.

A alta rejeição a Jair Bolsonaro é impressionante: 57,5% dos eleitores afirmam que não votariam no ex-presidente de jeito nenhum.

A rejeição de Lula, por sua vez, está em 49,8%, um número que se mantém abaixo da marca crucial de 50%, fundamental para uma vitória em segundo turno.

A iniciativa do deputado Eduardo Bolsonaro de buscar apoio nos Estados Unidos para articular sanções e tarifas contra o Brasil é vista de forma negativa por 47% da população.

 

O 7 de setembro bolsonarista, que estendeu bandeiras gigantes dos Estados Unidos, ajudou a afirmar essa percepção de que o bolsonarismo defende interferência estrangeira norte-americana. Em contrapartida, a postura do presidente Lula, de enfrentamento a Donald Trump e fortalecimento de alianças estratégicas com os BRICS, parece estar ressoando positivamente no eleitorado.

A condenação de Bolsonaro no STF pelo crime de tentativa de golpe de Estado, que já está em curso com votos contundentes dos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, encontra respaldo em uma base social sólida. A pesquisa mostra que 38% dos brasileiros consideram justa uma eventual condenação do ex-presidente, e 36% veem os atos de 8 de janeiro como uma tentativa de golpe de Estado.

Este cenário, somado a uma mudança na autoidentificação ideológica do eleitorado – com a esquerda crescendo de 17% para 21% e a direita recuando de 34% para 30% – sinaliza tendências favoráveis para uma vitória nas eleições nacionais de 2026 de uma frente ampla democrática, liderada pelo presidente Lula.

Clique aqui para baixar o relatório completo da inflação IPCA/IBGE de agosto. E aqui para baixar o relatório completo dessa última pesquisa CNT/MDA.

Separamos abaixo alguns paineis interessantes, alguns exclusivos, sobre a inflação e a pesquisa.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Tiago Silva

11/09/2025 - 21h12

Em uma sociedade polarizada…

Querer se aproximar do Centrão/Direitão (PP, União Brasil, Republicanos, PSDB) = Querer se afastar dos eleitores/votos!

A Frente Ampla deveria ser no máximo com o PSD, pois o resto só queima o filme com o eleitorado de esquerda e com o eleitorado que acha o governo regular.


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