Com capacidade de 5.150 megawatts, a barragem promete impulsionar indústria, eletrificação e desenvolvimento sustentável na Etiópia e vizinhos
A Etiópia marcou nesta terça-feira um marco histórico na energia e infraestrutura do continente africano ao inaugurar oficialmente a Grande Barragem do Renascimento Etíope (GERD), o maior projeto hidrelétrico da África. Localizada na região noroeste de Benishangul-Gumuz, a barragem promete transformar o cenário energético da Etiópia e gerar impactos significativos para a integração regional.
Uma cerimônia solene celebrou a conclusão do projeto, reunindo autoridades etíopes, líderes africanos e representantes da União Africana e de outras organizações internacionais. Entre os presentes estavam o presidente da Comissão da União Africana, Mahmoud Ali Youssouf, o presidente do Quênia, William Ruto, o presidente de Djibuti, Ismail Omar Guelleh, e o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir.
A construção da barragem começou em 2011 no Rio Nilo Azul, próximo à fronteira com o Sudão, e representa um investimento estratégico de longo prazo para a Etiópia. Com capacidade total de gerar 5.150 megawatts e armazenar até 74 bilhões de metros cúbicos de água, o projeto não apenas ampliará a oferta de energia no país, mas também deverá impulsionar a indústria, criar empregos e melhorar os meios de subsistência da população.
Durante seu discurso na inauguração, o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed destacou a importância econômica e social do empreendimento. “Parabéns a todos os etíopes, tanto em casa quanto no exterior, bem como aos nossos amigos ao redor do mundo, pela inauguração histórica da Grande Barragem do Renascimento Etíope”, disse ele. Abiy reforçou que o projeto é uma peça fundamental para o desenvolvimento nacional e para a integração energética da região.
Apesar das conquistas, a barragem tem sido motivo de tensões diplomáticas entre Etiópia, Egito e Sudão. O Cairo e Cartum manifestam preocupações de que a GERD possa reduzir o fluxo de água a jusante, enquanto Adis Abeba garante que o projeto não prejudicará os países vizinhos. “Acreditamos firmemente no avanço coletivo”, afirmou o primeiro-ministro, reafirmando o compromisso da Etiópia em buscar crescimento sem comprometer os interesses de seus vizinhos.
O Nilo Azul, conhecido como Rio Abay na Etiópia, nasce no Lago Tana, localizado cerca de 570 km ao norte de Adis Abeba, e é um dos dois principais afluentes do Rio Nilo. A barragem não apenas representa um marco tecnológico e de engenharia para a Etiópia, mas também simboliza o potencial do continente africano de desenvolver infraestrutura estratégica capaz de gerar crescimento econômico sustentável e promover a cooperação regional.
A inauguração da GERD é, sem dúvida, um momento histórico para a Etiópia e para a África, projetando o país como protagonista na geração de energia limpa e renovável, e sinalizando novas possibilidades para integração econômica e desenvolvimento social na região do Nilo.


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