Durante um evento em Itu (SP), no último sábado (13), Valdemar Costa Neto, presidente do PL, afirmou que “houve um planejamento de golpe” e que a decisão do Supremo contra Jair Bolsonaro “precisa ser respeitada”. A fala ocorreu diante de lideranças políticas como Ronaldo Caiado (União Brasil), Romeu Zema (Novo) e Ratinho Júnior (PSD), todos cotados como alternativas para a disputa presidencial de 2026.
A declaração foi duramente criticada por aliados próximos ao ex-presidente. O advogado Fábio Wajngarten e os ex-ministros Ricardo Salles e Paulo Figueiredo reagiram publicamente, acusando Valdemar de enfraquecer a defesa de Bolsonaro. A avaliação da ala mais radical é de que o Centrão estaria “rifando” o ex-presidente para abrir espaço a novas lideranças.
Diante da repercussão negativa, Valdemar recuou e disse que sua fala foi “condicionada” e mal interpretada. Segundo ele, nunca houve tentativa de golpe, e Bolsonaro sempre defendeu a Constituição, conduzindo a transição de governo de forma democrática. O dirigente citou até declarações do ministro Luiz Fux, do Supremo, para reforçar que não houve articulação golpista.
Nos bastidores, porém, líderes de partidos do Centrão avaliam que o julgamento do Supremo e as falas de Valdemar indicam pressa para definir um candidato competitivo em 2026. O nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é o mais cotado para ocupar esse espaço.
A família Bolsonaro, por sua vez, tenta manter influência na sucessão. Valdemar já afirmou que apoiaria um nome indicado por Bolsonaro, até mesmo Eduardo, seu filho. A preocupação do Centrão, entretanto, é com o estilo do ex-presidente, que costuma adiar decisões estratégicas e pode atrasar a consolidação de uma candidatura viável, repetindo o que ocorreu com Lula em 2018.