Menu

Trump tenta humilhar o Brasil na ONU — e só reforça a necessidade de soberania

Às vésperas da Assembleia da ONU, Trump nega vistos à comitiva de Lula e ameaça transformar Nova York em palco de humilhação política Nova York, vésperas da Assembleia Geral da ONU. Enquanto o mundo se prepara para ouvir os líderes globais discutirem os rumos da paz, da justiça climática e dos direitos humanos, o governo […]

sem comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
Ministros brasileiros atingidos pelo veto veem na medida um gesto de retaliação que fere acordos internacionais e afronta a soberania nacional.
O Itamaraty sinaliza reação dura e pode acionar a ONU contra os EUA, expondo ao mundo a escalada de abusos da política externa trumpista / EFE

Às vésperas da Assembleia da ONU, Trump nega vistos à comitiva de Lula e ameaça transformar Nova York em palco de humilhação política


Nova York, vésperas da Assembleia Geral da ONU. Enquanto o mundo se prepara para ouvir os líderes globais discutirem os rumos da paz, da justiça climática e dos direitos humanos, o governo de Donald Trump escolheu um caminho obscuro: tentar constranger o Brasil. A delegação que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva — chefe de Estado eleito democraticamente por mais de 60 milhões de brasileiros — ainda não teve todos os vistos liberados para entrar nos Estados Unidos. Entre os atingidos, estão ministros como Alexandre Padilha e Ricardo Lewandowski, cujos vistos pessoais ou de familiares foram cancelados. Não é burocracia. É retaliação política. É armação diplomática. É Trump tentando, mais uma vez, transformar o solo americano em palco de chantagem contra nações que ousam pensar por si mesmas.

Este episódio não é isolado. É parte de um padrão histórico de arrogância imperial. Trump, cujo governo já se notabilizou por desprezar acordos multilaterais, desprezar a ONU e desprezar a dignidade dos povos do Sul Global, agora tenta impedir que o Brasil — sim, o Brasil — exerça seu direito soberano de participar de um fórum internacional ao qual pertence por direito próprio.

Leia também:
Trump quer causar constrangimento ao Brasil na ONU
A xícara amarga da política tarifária de Trump
Direita americana promete vingança em nome de Kirk

O território americano, onde a ONU está sediada, não é propriedade privada de Washington. É território internacional por acordo multilateral. E esse acordo garante acesso irrestrito às delegações oficiais. Negar vistos a representantes do governo brasileiro não é apenas uma ofensa diplomática — é uma violação das normas que sustentam o próprio sistema das Nações Unidas.

E por que Trump faz isso? Porque Lula representa algo que ele odeia: um líder que fala em nome dos pobres, que defende a soberania nacional, que não se curva ao diktat de Wall Street ou do Pentágono. Lula, que já foi perseguido, preso e calado por forças internas e externas, hoje retorna ao cenário global como símbolo de resistência democrática. E Trump, que governou com a lógica do ódio, da exclusão e da supremacia branca, não suporta ver um operário nordestino, nascido na miséria, ocupar o mesmo palco que ele — e, pior, ser aplaudido por defender a paz, a justiça social e a cooperação entre os povos.

A tentativa de constrangimento é clara: chegar às vésperas do discurso de abertura da ONU sem garantir o acesso da comitiva brasileira é um gesto calculado. É um recado. É uma forma de dizer: “Você só entra aqui se obedecer às nossas regras”. Mas o Brasil de Lula não aceita regras impostas por quem despreza a democracia.

O Itamaraty já sinalizou que, se confirmada a restrição direcionada, o país poderá acionar um procedimento arbitral dentro da própria ONU. Essa não é uma ameaça vazia. É um ato de defesa da soberania. É um ato de dignidade.

Enquanto Trump tenta minar a presença oficial do Brasil, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, já desembarcou em Nova York com agenda própria — e simbólica. Longe de ser mero protocolo, sua presença antecipada é um gesto de resistência silenciosa.

Enquanto a Casa Branca trava vistos, Janja se prepara para participar de encontros sobre direitos das mulheres, igualdade de gênero e inclusão social — pautas que Trump desprezou sistematicamente durante seu governo. Sua atuação reforça o que o Brasil quer projetar: um país comprometido com os valores humanistas, com a justiça social, com a solidariedade internacional.

Vale lembrar: em 2024, Janja optou por não comparecer a uma conferência da ONU sobre mulheres justamente para evitar que sua presença fosse instrumentalizada pela oposição brasileira — uma decisão estratégica, madura, que demonstra consciência política.

Agora, diante de um ataque direto à soberania nacional, ela retorna — não como figurante, mas como protagonista de uma agenda que Trump jamais compreenderá: a agenda dos que lutam por um mundo mais justo.

Este episódio revela, mais uma vez, a fragilidade moral da política externa trumpista. Enquanto o mundo enfrenta crises climáticas, guerras, fome e desigualdade, Trump escolhe travar vistos como se fosse um déspota de fronteira. Enquanto Lula fala em cooperação Sul-Sul, em reforma do Conselho de Segurança da ONU, em um novo paradigma de desenvolvimento sustentável, Trump insiste na lógica do confronto, da exclusão, da humilhação.

Mas o Brasil não é alvo passivo. Sob Lula, o país retoma seu papel de liderança progressista no cenário global. Não aceitaremos ser tratados como vassalos. Não aceitaremos que nossa presença em fóruns internacionais seja condicionada a submissão política.

Se Trump quer transformar a ONU em terra de ninguém, onde as regras valem apenas para os fracos, o Brasil responderá com firmeza institucional, com diplomacia ativa e com a força moral de quem defende os princípios fundadores das Nações Unidas: paz, cooperação, respeito à soberania e aos direitos humanos.

A tentativa de constrangimento pode até gerar manchetes, mas não calará a voz do Brasil. Pelo contrário: amplificará nossa mensagem. Mostrará ao mundo que, mesmo diante da pressão de uma potência em decadência moral, o Brasil seguirá firme em sua trajetória de autonomia, justiça e solidariedade internacional.

Trump quer nos humilhar? Que venha. Nossa soberania não se mede por vistos liberados, mas pela coragem de dizer não ao imperialismo. E Lula, Janja e todo o povo brasileiro sabem muito bem o que é dizer não — e vencer.

, , , ,
Apoie o Cafezinho

Rhyan de Meira

Rhyan de Meira é jornalista, escreve sobre política, economia, é apaixonado por samba e faz a cobertura do carnaval carioca. Instagram: @rhyandemeira

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!


Leia mais

Recentes

Recentes