Galípolo diz que mercado de trabalho vive maior auge em 30 anos: “nunca antes esteve tão exuberante”

Foto: Banco Central/Equipe Andreia Naomi

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, avaliou nesta segunda-feira que o mercado de trabalho brasileiro atravessa um dos momentos mais favoráveis das últimas três décadas. “Nunca antes esteve tão exuberante”, afirmou, durante participação no evento Macro Vision, organizado pelo Itaú BBA em São Paulo.

Para ele, a combinação de fatores conjunturais, como estímulos à demanda, e de fatores estruturais, como reformas recentes, ajuda a explicar a resiliência do emprego e da renda.

Galípolo destacou que a mudança de orientação da política fiscal para um caráter mais progressivo “tende a colocar recursos na economia”, o que além de reduzir desigualdades também exerce efeito de estímulo. Ainda assim, ele ressaltou que o Banco Central não pode usar esse movimento “como muleta ou desculpa” para flexibilizar sua atuação, reiterando que a instituição seguirá guiada pela análise dos dados.

O presidente do BC também comentou a alteração na comunicação da autoridade monetária, que retirou a expressão sobre a “continuidade da interrupção” do ciclo de alta dos juros. Segundo ele, foi mantida a sinalização de que a instituição continua avaliando se a taxa atual é suficiente para conduzir a inflação à meta de 3%. “A desancoragem das expectativas nos incomoda bastante”, afirmou.

Questionado sobre o nível da taxa básica, Galípolo reconheceu que os 15% em vigor são elevados tanto em comparação com outros países quanto em relação à própria série histórica brasileira. “O BC jamais disse algo diferente”, afirmou, ressaltando que o compromisso legal da instituição é assegurar a convergência da inflação para 3%.

Para Galípolo, essa convergência vem ocorrendo, mas de forma lenta, resultado justamente da resiliência da atividade econômica. Ele afirmou ainda que cenários de cauda — riscos imprevisíveis que podem afetar a economia — vêm diminuindo, embora o esforço do BC para consolidar a estabilidade de preços ainda seja significativo.

O dirigente reconheceu que parte das razões para a desancoragem das expectativas não se deve apenas à política monetária, mas reforçou que cabe ao BC trabalhar para restabelecê-la. Ele defendeu que a instituição siga atuando com cautela, sem reagir de forma imediata a cada dado divulgado. Como exemplo dos desafios ainda presentes, citou a inflação de serviços, que continua em patamar incompatível com a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional.

Lucas Allabi: Jornalista em formação pela PUC-SP e apaixonado pelo Sul Global. Escreve principalmente sobre política e economia. Instagram: @lu.allab
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