Uma pesquisa da Reuters com estrategistas de câmbio revela que o dólar americano pode enfrentar persistente enfraquecimento nos próximos 12 meses. Segundo o levantamento, muitos operadores esperam que a moeda americana continue vulnerável frente às principais divisas globais, diante de cortes previstos nas taxas de juros dos Estados Unidos e do crescente déficit fiscal do país.
Desde o início do ano, o dólar já acumula queda de cerca de 10%, em parte atribuída à expectativa de que o Federal Reserve reduza ainda mais os juros. Para o estrategista Lee Hardman, do MUFG, “o dólar pode enfraquecer ainda mais nos próximos seis a 12 meses, à medida que o Fed continua cortando as taxas”.
Além disso, outros fatores contribuem para a pressão sobre a moeda: o elevado endividamento federal dos EUA e políticas internas incertas têm gerado dúvidas sobre a solvência e estabilidade da economia americana. A Morgan Stanley ressalta que incertezas políticas, como negociações tarifárias e debates sobre a liderança do Fed, intensificam o risco de desvalorização da moeda.
Enquanto isso, bancos centrais de outras regiões já sinalizam que seus ciclos de cortes de juros estão se aproximando do fim — como no caso do Banco Central Europeu —, o que reduz comparativamente a vantagem que o Fed poderia ter em termos de diferencial de taxas. A consequência é um movimento global em que investidores buscam alternativas ao dólar, como o ouro, que já registra elevação expressiva.
O cenário se insere também em debates sobre desdolarização (ou de-dollarization), tendência observada em algumas economias que buscam reduzir sua dependência da moeda americana como reserva global. Os países do Brics, por exemplo, criaram em julho desse ano uma plataforma digital de transações comerciais que não passam pelo dólar chamada Brics Pay.
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