O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA), saiu em defesa do governo federal nesta segunda-feira (13) ao comentar o corte de cargos de aliados que votaram contra a medida provisória (MP) do IOF, retirada da pauta da Câmara dos Deputados na última quarta-feira (8).
Após reunião com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, em Brasília, Sabino afirmou que o governo está certo em cobrar coerência política de partidos que integram a base, mas não apoiam as pautas do Palácio do Planalto no Congresso.
“Eu particularmente penso que não dá para ser casado e ter vida de solteiro”, declarou o ministro, usando uma metáfora para defender que quem ocupa cargos no Executivo deve agir com lealdade nas votações legislativas.
A fala foi interpretada como uma crítica direta ao Centrão, grupo que tem ampliado a pressão sobre o governo por mais espaço e verbas, mas que tem votado contra matérias estratégicas da gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Críticas ao Centrão e defesa do alinhamento político
A declaração de Sabino ocorre em meio à reação do governo Lula após sofrer uma derrota significativa no Congresso. A decisão do Palácio do Planalto de exonerar indicados políticos de partidos da base, especialmente do União Brasil e do PP, foi interpretada como uma retaliação direta à infidelidade parlamentar.
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O ministro do Turismo apoiou a medida e defendeu a necessidade de alinhamento entre ocupantes de cargos e o Executivo.
“Não dá para ser parte do governo e, ao mesmo tempo, votar contra as medidas do governo. Isso é incoerente”, resumiu.
Sabino reforçou que a estabilidade política depende de fidelidade nas votações, especialmente em pautas fiscais e econômicas, consideradas essenciais para o equilíbrio das contas públicas.
Permanência no cargo e foco na COP30
Apesar das tensões internas no União Brasil, Sabino confirmou que permanecerá no governo. Ele justificou a decisão com base em “responsabilidade e senso público”, destacando que não pretende interromper projetos estratégicos em andamento, entre eles a organização da COP30, a conferência do clima da ONU que será realizada em Belém (PA) em 2026.
“Eu preciso ter muita responsabilidade e senso público para não abandonar os projetos do governo e não dar prejuízo à nação brasileira. Por conta desse principal motivo que me fez permanecer no governo, eu estou focado nisso. Nos próximos dias, meu partido chama-se COP30”, afirmou o ministro.
O evento global é considerado uma das principais vitrines internacionais do Brasil e envolve investimentos em infraestrutura, turismo sustentável e políticas ambientais. Sabino, que é paraense, tem atuado como principal articulador da preparação logística e diplomática para o evento.
Conflito com o União Brasil e risco de expulsão
O ministro também confirmou que o União Brasil abriu um processo interno que pode levar à sua expulsão da legenda, após ele ter se posicionado contra a entrega dos cargos ocupados por filiados no governo federal.
Mesmo sob risco de punição, Sabino afirmou que tentará dialogar com a direção nacional do partido para explicar sua decisão.
“Eu tenho feito apelo ao meu partido que compreendesse essa situação. Expliquei os projetos que estão em andamento. Eu sou hoje presidente do Conselho Executivo da ONU Turismo, primeiro brasileiro nesse cargo, e sou candidato à reeleição. Podemos trazer mais uma vez esse mandato para o Brasil agora em novembro”, declarou.
O ministro também criticou o adiantamento do debate eleitoral dentro do partido, afirmando que “não é o momento de falar sobre a eleição de 2026”.
Crise partidária e reações em outras siglas
A situação de Celso Sabino reflete um ambiente de crise interna que atinge outros partidos da base governista. O União Brasil, que recentemente formou uma federação com o Partido Progressista (PP), anunciou punições a integrantes que contrariaram a orientação partidária durante a votação da MP do IOF.
O PP, por sua vez, determinou o afastamento do ministro do Esporte, André Fufuca, de todas as decisões partidárias e anunciou intervenção no diretório estadual do Maranhão, aprofundando o impasse entre governo e legendas do Centrão.
O movimento reflete a tentativa de ambas as siglas de reafirmar disciplina interna, diante das cobranças do Planalto e da pressão de suas bancadas parlamentares.
Bastidores e significado político
A fala de Sabino ecoa no contexto de recomposição de forças entre o governo Lula e o Centrão. O Planalto tenta conter o desgaste após a derrota da MP, que previa aumento do IOF sobre apostas e investimentos financeiros para elevar a arrecadação.
A retirada da proposta da pauta da Câmara, na última quarta-feira (8), foi vista como um golpe na articulação política do governo, levando o presidente a autorizar uma reavaliação de cargos e alianças com partidos considerados “infieis”.
Ao apoiar a decisão de corte de cargos de aliados rebeldes, Sabino se coloca como uma das vozes governistas dentro do União Brasil, mesmo diante do risco de punição.
Fontes ligadas ao Planalto avaliam que a permanência do ministro no governo indica uma estratégia de isolar alas mais resistentes dentro do Centrão e fortalecer quadros dispostos a manter a governabilidade.
Projeção internacional e papel estratégico
Além da função ministerial, Sabino exerce atualmente a presidência do Conselho Executivo da ONU Turismo, cargo inédito para um brasileiro. Ele concorre à reeleição no conselho, cuja votação ocorre em novembro de 2025, e vê na permanência no governo um fator de credibilidade internacional para garantir o novo mandato.
“Podemos trazer mais uma vez esse mandato para o Brasil agora em novembro”, afirmou.
Nos bastidores, interlocutores destacam que a relação direta com a COP30 e o posicionamento diplomático de Sabino têm pesado para sua manutenção no cargo, mesmo sob críticas internas do União Brasil.
📊 Resumo da declaração de Celso Sabino (13.out.2025):
- Tema: apoio ao corte de cargos de aliados infiéis
- Frase-chave: “Não dá para ser casado e ter vida de solteiro”
- Foco atual: preparação da COP30 em Belém (PA)
- Situação partidária: risco de expulsão do União Brasil
- Cargos relevantes: ministro do Turismo e presidente do Conselho Executivo da ONU Turismo
- Contexto político: crise entre o governo Lula e o Centrão após derrota da MP do IOF


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