As tarifas impostas pela administração do presidente Donald Trump, com o objetivo declarado de proteger a indústria norte-americana, estão causando impactos contrários ao prometido — segundo dados recentes, o setor industrial dos Estados Unidos enfrenta queda de contratações, redução de ordens de produção e custos crescentes para fabricantes.
Um levantamento da agência Reuters apontou que, em setembro de 2025, a atividade industrial americana apresentou ligeira recuperação, mas ainda operava em contração — o índice PMI do setor atingiu 49,1, abaixo do patamar de 50 que separa expansão de retração. Empresas relataram que as tarifas sobre aço e alumínio, bem como o excesso de burocracia aduaneira, pressionaram cadeias produtivas e forçaram cortes de pessoal.
Segundo a Center for American Progress, entre abril e agosto de 2025, o emprego na manufatura norte-americana caiu em cerca de 42.000 vagas, com destaque para indústrias de bens duráveis, como automóveis, eletrodomésticos e componentes eletrônicos. Outro estudo do Federal Reserve Bank of San Francisco concluiu que, embora as tarifas pudessem aumentar empregos em funções industriais específicas, o impacto negativo sobre serviços e agricultura provavelmente resultará em redução líquida de empregos e renda real no país.
A política tarifária de Trump também eleva custos para as fábricas: uma análise do Washington Center for Equitable Growth estimou que os encargos poderiam aumentar entre 2% e 4,5% na produção industrial, pressionando margens de lucro, limitando contratações e até provocando encerramento de plantas.
A promessa de recuperação robusta da indústria norte-americana, que serviu de base para essas medidas protecionistas, enfrenta agora o risco de navegar em reversão: ao invés de impulsionar postos de trabalho, as tarifas podem estar contribuindo para o efeito oposto.
O relatório da revista Folha de S.Paulo, publicado hoje, destaca este balanço negativo e afirma que o “tarifaço” de Trump está destruindo empregos industriais nos EUA, ironizando que a medida para “tornar a América grande novamente” pode estar indo no sentido inverso.