A operação policial que resultou na morte de 121 pessoas no Rio de Janeiro, a mais letal da história do estado, recebeu apoio de dois terços da população brasileira, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (12). O levantamento mostra que 67% dos entrevistados aprovam a ação das forças de segurança, enquanto 25% desaprovam e 4% não souberam responder.
A pesquisa foi realizada entre os dias 6 e 9 de novembro de 2025, logo após o governo fluminense confirmar o balanço final da operação — 117 suspeitos e quatro policiais mortos. A ofensiva, iniciada em 28 de outubro, teve como alvo o Comando Vermelho, nas comunidades do Complexo do Alemão e da Penha, zona norte do Rio.
Apoio nacional e variações regionais
De acordo com o levantamento, o apoio à operação é ligeiramente menor no Sudeste, onde 64% aprovam e 27% desaprovam a ação.
As maiores taxas de aprovação aparecem nas regiões Sul (74%) e Centro-Oeste/Norte (70%), seguidas pelo Nordeste (66%) e pelo Sudeste (64%).
No total, 67% dos entrevistados acreditam que a polícia não exagerou na força empregada, enquanto 29% consideram que houve abuso e 4% não responderam.
A operação foi classificada pelo governador Cláudio Castro (PL) como “um sucesso”. Segundo ele, “as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos”.
Por outro lado, moradores da Penha relataram que pelo menos 74 corpos foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, principal via da região.
O secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, informou que 63 corpos foram encontrados em áreas de mata.
Apoio dividido por perfil político
A pesquisa também identificou diferenças significativas no apoio à ação conforme a orientação política dos entrevistados.
Entre os eleitores de direita e simpatizantes de Jair Bolsonaro, mais de 80% aprovam a operação — chegando a 85% entre bolsonaristas e 84% entre os que se identificam como direita.
Já entre os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva, o apoio cai para 56%, com 36% de rejeição.
Entre os simpatizantes da esquerda não lulista, 46% aprovam e 46% desaprovam a ação policial.
Apesar do alto índice de apoio à operação, 55% dos brasileiros afirmaram não querer que uma ação semelhante ocorra em seu próprio estado. Outros 42% disseram apoiar a ideia, e 3% não souberam responder.
Contexto da operação e repercussão
A ofensiva policial no Complexo do Alemão e da Penha foi deflagrada após informações de inteligência sobre movimentação de lideranças do Comando Vermelho na região.
A ação envolveu centenas de agentes das polícias Civil e Militar e resultou em confrontos intensos, com registro de tiroteios prolongados e bloqueios em diversas vias da zona norte.
A operação provocou repercussão nacional e internacional, com críticas de organizações de direitos humanos e observadores da ONU, que pediram investigação independente sobre o elevado número de mortes.
O governo estadual, porém, sustenta que as ações foram legítimas e que a letalidade decorre do enfrentamento direto com facções criminosas.
De acordo com o governador Cláudio Castro, as operações são “necessárias para restaurar o controle do Estado sobre territórios dominados pela criminalidade”.
Pesquisa e metodologia
A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.004 pessoas em 120 municípios de todas as regiões do país, entre os dias 6 e 9 de novembro de 2025.
O levantamento foi feito presencialmente, com margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
Os dados indicam que a operação, apesar de altamente controversa, consolidou forte apoio da opinião pública em nível nacional — especialmente entre eleitores conservadores e regiões tradicionalmente favoráveis a políticas de segurança de confronto direto.
Impacto político e social
Analistas apontam que os resultados podem reforçar a popularidade do governador Cláudio Castro entre eleitores de direita e pressionar o governo federal a manter uma postura mais cautelosa sobre o tema da segurança pública.
A aprovação majoritária da operação também reflete o apoio a ações policiais de alta letalidade em parte da população brasileira, mesmo diante de questionamentos sobre excesso de força, violações de direitos humanos e transparência nas investigações.
A chacina do Alemão e da Penha se tornou a mais letal da história do Rio de Janeiro, superando episódios anteriores em favelas como Jacarezinho e Salgueiro.
A operação reacende o debate sobre violência policial, política de drogas e segurança pública no Brasil, temas que devem voltar ao centro da agenda política nos próximos meses.
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Adelson
12/11/2025 - 13h56
67% vampirizaram a desgraça!