A investigação sobre o esquema de fraudes ligado ao Banco Master entrou em nova etapa e poderá atingir integrantes do Poder Legislativo. Documentos apreendidos pela Polícia Federal (PF) indicam possíveis conexões de parlamentares com operações sob apuração. Segundo o Correio Braziliense, o material analisado pode levar o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR), com eventual envio de diligências ao Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por autorizar investigações envolvendo autoridades com prerrogativa de foro.
A PF examina evidências colhidas na Operação Compliance Zero, que apura um suposto esquema de comercialização de carteiras de crédito consideradas inexistentes. A investigação se concentra na atuação de executivos do Banco Master e na relação da instituição com o Banco de Brasília (BRB). Caso haja confirmação de indícios relacionados a agentes políticos, a continuidade do inquérito dependerá de decisão do STF.
Depoimento do ex-presidente do BRB é adiado
O depoimento do ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, inicialmente previsto para a tarde de segunda-feira (1º), foi adiado sem justificativa pública. Ele deveria detalhar como o banco público se envolveu na compra de títulos classificados como fraudulentos pelo Banco Central (BC). O advogado de Costa, Cleber Lopes, havia destacado que a oitiva teria “importância muito grande” para esclarecer o caso. Segundo ele, o ex-presidente está “convencido de que prestará todos os esclarecimentos necessários” e mantém confiança de que não cometeu irregularidades.
Enquanto o depoimento não é retomado, o BRB passa por mudanças internas. O novo presidente, Nelson Antônio de Souza, e o diretor de Finanças e Controladoria, Celso Eloi Cavalhero, já assumiram seus cargos. Souza foi aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, teve aval do Banco Central e tomou posse em cerimônia conduzida pelo presidente do Conselho de Administração, Marcelo Talarico. A posse simbólica no Palácio do Buriti contou com a presença do governador Ibaneis Rocha.
A instituição informou que divulgará previamente ao mercado a composição do Conselho de Administração e da nova diretoria, antes das etapas formais de aprovação pelo Comitê de Elegibilidade, pelo Conselho e, posteriormente, pelo Banco Central.
Auditoria interna e revisão de contratos
No campo dos patrocínios, o BRB comunicou que todos os contratos esportivos vigentes permanecerão ativos por força legal. Uma auditoria interna foi instaurada para reavaliar a política de patrocínios e revisar práticas relacionadas a Compliance, Riscos e Governança.
O banco também afirmou que está finalizando a contratação de um escritório jurídico e de um assessor técnico que atuarão na investigação forense das operações com o Master. A auditoria abrangerá análise de evidências, cruzamento de dados em larga escala e revisão dos processos internos.
Segundo a instituição, dos R$ 12,76 bilhões em carteiras com documentação inadequada identificadas pelo Banco Central, mais de R$ 10 bilhões já foram liquidados ou substituídos. O restante, de acordo com o BRB, não está diretamente ligado ao Master. O banco também informou que todas as substituições de carteiras e garantias foram comunicadas ao BC. Em nota, reforçou que é credor na liquidação extrajudicial do Banco Master e que suas carteiras atuais seguem dentro dos padrões regulatórios.
Operação Compliance Zero e as decisões da Justiça
A Operação Compliance Zero, deflagrada em 18 de novembro, apura a negociação de carteiras de crédito consideradas inexistentes. O então presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, foi preso no aeroporto de Guarulhos enquanto tentava embarcar para o exterior. Ele foi solto dias depois por decisão da desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, e permanece monitorado por tornozeleira eletrônica.
As investigações atingiram diretamente o BRB após constatação de que o banco público havia adquirido R$ 12,2 bilhões em títulos classificados pelo Banco Central como “fantasmas”. Segundo o BC, as operações foram “temerárias”. A compra das carteiras ocorreu majoritariamente antes da decisão formal do órgão regulador, concentrando-se entre janeiro e maio de 2025. O BC rejeitou a aquisição do controle do Banco Master pelo BRB apenas em 3 de setembro — meses depois das transações já realizadas.
Diante das suspeitas, a Justiça Federal determinou o afastamento por 60 dias de Paulo Henrique Costa e do diretor Dario Oswaldo Garcia Júnior. Ambos foram posteriormente demitidos pelo governador Ibaneis Rocha.
Possível avanço sobre parlamentares e impacto político
Segundo o Correio Braziliense, documentos apreendidos pela Polícia Federal indicam possíveis vínculos de parlamentares com o esquema. Os investigadores analisam dados que podem apontar para relações diretas ou indiretas de agentes políticos com operações associadas ao Master. Se confirmadas suspeitas envolvendo parlamentares com foro especial, o caso passará à análise da PGR, com eventual remessa ao STF para autorizar diligências.
O avanço das apurações ocorre em momento de atenção elevada entre membros do Legislativo e do Executivo, especialmente após relatos de pressão política atípica sobre o Banco Central em benefício do Master, apontados por técnicos ouvidos durante a operação.
A investigação continua com novos desdobramentos previstos à medida que os peritos analisam documentos, fluxos financeiros e correspondências internas das instituições envolvidas.
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