O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou uma alta de 0,1% no terceiro trimestre de 2025, em comparação com os três meses anteriores, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (4). O resultado confirma um cenário de desaceleração econômica, apesar dos avanços observados na Agropecuária e em parte da Indústria. O setor de Serviços, que representa a maior fatia da economia, praticamente não se moveu, ao crescer apenas 0,1%.
Em valores correntes, o PIB somou R$ 3,2 trilhões. A Agropecuária adicionou R$ 176,2 bilhões, a Indústria R$ 682,2 bilhões e os Serviços R$ 1,9 trilhão. Apesar da estabilidade, a taxa de investimento caiu ligeiramente para 17,3%, ante 17,4% no mesmo trimestre de 2024, enquanto a taxa de poupança repetiu o patamar de 14,5% registrado no ano anterior.
Serviços estagnados e desempenho misto na reação pós-pandemia
Entre as atividades de Serviços, três segmentos foram responsáveis por evitar um resultado ainda mais fraco:
- Transporte, armazenagem e correio: +2,7%
- Informação e comunicação: +1,5%
- Atividades imobiliárias: +0,8%
Comércio e administração pública registraram aumento de 0,4%, enquanto o conjunto de atividades financeiras teve retração de 1%.
Segundo Claudia Dionísio, analista das Contas Trimestrais do IBGE, o avanço no setor de transportes está diretamente ligado ao forte desempenho da produção de commodities:
“O grande escoamento de produção de commodities, decorrente do bom desempenho da Extrativa Mineral e da Agropecuária, contribuiu positivamente para a atividade de Transporte, armazenagem e correio”.
Indústria tem avanços, mas energia recua
O setor industrial apresentou crescimento em três de suas quatro atividades:
- Indústrias Extrativas: +1,7%
- Construção: +1,3%
- Indústrias de Transformação: +0,3%
Por outro lado, o segmento de eletricidade, gás, água, esgoto e gestão de resíduos recuou 1%, pressionando o resultado geral.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias avançou apenas 0,1%, refletindo perda de ritmo após uma série de crescimentos consecutivos. O consumo do governo subiu 1,3%, e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) — indicador de investimento produtivo — cresceu 0,9% no trimestre.
PIB cresce 1,8% em relação ao terceiro trimestre de 2024
Na comparação anual, o PIB avançou 1,8%. A Agropecuária foi novamente o destaque, com crescimento de 10,1%, impulsionado por fortes altas em culturas como:
- Milho: +23,5%
- Laranja: +13,5%
- Algodão: +10,6%
A cana-de-açúcar foi a única a apresentar queda, com recuo de 1%.
A Indústria cresceu 1,7%, puxada pelo forte desempenho das Indústrias Extrativas, que avançaram 11,9% devido ao aumento da produção de petróleo e gás. A Construção cresceu 2%, enquanto as Indústrias de Transformação recuaram 0,6%. O setor de energia e saneamento também caiu 1%.
Nos Serviços, o avanço foi de 1,3%, com destaques para:
- Informação e comunicação: +5,3%
- Transporte, armazenagem e correio: +4,2%
- Atividades imobiliárias: +2%
Claudia Dionísio ressalta que os setores menos sensíveis à política monetária foram os principais responsáveis pela alta:
“As atividades de Agropecuária e Extrativa Mineral, com menor sensibilidade à política monetária contracionista, foram as que tiveram as maiores altas, tanto na comparação interanual quanto no acumulado no ano”.
O consumo das famílias cresceu 0,4%, sua 18ª variação positiva consecutiva, ainda que seja o menor avanço desde o início de 2021. O consumo do governo avançou 1,8%, e a FBCF cresceu 2,3%.
PIB acumula alta de 2,7% em quatro trimestres
No acumulado dos quatro trimestres encerrados no terceiro trimestre de 2025, o PIB cresceu 2,7% em relação ao período imediatamente anterior. Os três grandes setores registraram expansão:
- Agropecuária: +9,6%
- Indústria: +1,8%
- Serviços: +2,2%
As Indústrias Extrativas cresceram 4,5%, a Construção avançou 2,5% e a Transformação aumentou 1,6%. Em sentido contrário, eletricidade, gás e saneamento recuaram 2,2%.
No setor de Serviços, quase todos os segmentos tiveram desempenho positivo, com destaque para:
- Informação e comunicação: +6,2%
- Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados: +2,7%
Transporte, comércio e atividades imobiliárias também contribuíram para o resultado.
Pela ótica da despesa, o consumo das famílias cresceu 2,1%, o consumo do governo aumentou 1,2% e a FBCF registrou forte alta de 6%, refletindo maior dinamismo nos investimentos produtivos.


Tony
04/12/2025 - 14h56
Faz tempo que a economia está estagnada.