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Nunes, Tarcísio e Lula pressionam e avaliam tirar a concessão da Enel após colapso de energia em SP

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), intensificaram a pressão sobre o governo federal para que seja decretada a caducidade do contrato da Enel e realizada uma intervenção na concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica em 24 municípios da região metropolitana da capital. Os dois […]

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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), intensificaram a pressão sobre o governo federal para que seja decretada a caducidade do contrato da Enel e realizada uma intervenção na concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica em 24 municípios da região metropolitana da capital. Os dois se reúnem nesta terça-feira (16) com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em meio a uma nova crise no abastecimento, informou o jornal Valor Econômico.

O encontro está marcado para as 14h30, na sede do governo do estado, e ocorre após uma sequência de apagões que deixaram mais de 2,2 milhões de domicílios sem energia nos últimos dias. Até a noite de segunda-feira (15), já no sexto dia de instabilidade no sistema, cerca de 95 mil imóveis ainda permaneciam sem fornecimento elétrico, segundo dados divulgados pelas autoridades.

Crise recorrente no fornecimento de energia

A interrupção no serviço reacendeu críticas antigas à atuação da Enel em São Paulo. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, exibida na noite de segunda-feira, Ricardo Nunes afirmou que a concessionária não reúne mais condições de permanecer à frente da concessão.

“A gente não consegue entender como a empresa ainda permanece com a concessão de energia depois do que tem causado para as pessoas”, declarou o prefeito. Segundo ele, os problemas se repetem de forma sistemática ao longo dos últimos anos, afetando milhões de consumidores.

Nunes citou números para reforçar o argumento. Em 2023, segundo o prefeito, 2,1 milhões de imóveis ficaram sem energia após apagões. Em 2024, o total teria chegado a 2,4 milhões. Em 2025, os cortes já atingiram cerca de 2,2 milhões de domicílios. “Não dá mais para suportar. Essa empresa não tem jeito. Não tem mais condições de ela se manter aqui”, afirmou.

Defesa de caducidade e papel do Executivo federal

O prefeito defende que o governo federal assuma protagonismo na crise, lembrando que a legislação atribui ao presidente da República a prerrogativa de decretar a caducidade de concessões federais de energia elétrica. “Na lei está escrito que é o presidente que detém a prerrogativa de decretar, fazer ato por decreto a caducidade e a intervenção”, disse.

Para Nunes, a sucessão de falhas comprometeu definitivamente a credibilidade da empresa. “É uma empresa que perdeu a confiança”, afirmou. Ele também criticou declarações do ministro Alexandre Silveira favoráveis à antecipação da renovação do contrato da Enel, que vence em 2028. Na avaliação do prefeito, discutir renovação diante do histórico recente de apagões é incompatível com o interesse público.

Diálogo com Lula e críticas à gestão federal

Ricardo Nunes relatou que levou a situação diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última sexta-feira, durante o lançamento do canal SBT News, realizado na capital paulista. Segundo o prefeito, pediu apoio do governo federal para enfrentar a crise e defendeu que a solução passe por uma ação regulatória.

De acordo com Nunes, Lula respondeu que conversaria com o ministro de Minas e Energia sobre o assunto. O Palácio do Planalto, até o momento, não se manifestou oficialmente sobre a possibilidade de intervenção ou caducidade do contrato da concessionária.

Questionado sobre a responsabilidade do município na crise, especialmente em relação à poda e manutenção de árvores — frequentemente apontadas como causa de quedas de energia —, o prefeito minimizou esse fator. Segundo ele, apenas cerca de 10% das ocorrências teriam relação com árvores. “Na grande maioria [dos casos de falta de energia] não tem correlação”, afirmou.

Contexto político e eleições de 2026

Além da crise energética, a entrevista de Nunes abordou temas políticos e eleitorais. O prefeito negou qualquer intenção de disputar o governo de São Paulo em 2026, caso Tarcísio de Freitas deixe o cargo para concorrer à Presidência da República. “Eu não sou candidato. Vou até 2028, vou concluir o meu mandato”, declarou.

Nunes também afirmou que o governador paulista nunca manifestou intenção de disputar o Palácio do Planalto. “Tarcísio nunca falou que é candidato a presidente”, disse.

No plano partidário, o prefeito afirmou que trabalhará para que o MDB esteja na oposição ao presidente Lula nas eleições de 2026. “Vou fazer de tudo para que a gente [MDB] esteja no projeto que não seja o do presidente Lula”, declarou. Ele afirmou ainda que apoiará uma eventual candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República.

Ao comentar o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Nunes disse que ele mantém influência política relevante. Segundo o prefeito, apesar da condenação e prisão por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro “tem uma grande liderança” e a oposição teria condições de derrotar Lula, especialmente com foco no tema da segurança pública.

Disputa sobre futuro da concessão

A reunião desta terça-feira com o ministro Alexandre Silveira deve ser decisiva para definir os próximos passos do embate entre o governo paulista, a prefeitura da capital e o Executivo federal. Enquanto Nunes e Tarcísio defendem uma intervenção imediata na Enel, o Ministério de Minas e Energia ainda sustenta a possibilidade de reavaliar o contrato dentro dos marcos regulatórios vigentes.

A crise no fornecimento de energia, porém, amplia a pressão política sobre o governo federal e reacende o debate sobre a capacidade de fiscalização e regulação das concessões de serviços essenciais em grandes centros urbanos.

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