Alvo de uma nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira (18) pela Polícia Federal, o senador Weverton Rocha (PDT-MA) registrou uma ampliação significativa de seu patrimônio nos últimos meses. Antes da ofensiva policial, o parlamentar adquiriu uma fazenda avaliada em cerca de R$ 15 milhões no interior do Maranhão, valor substancialmente superior ao total de bens declarados por ele à Justiça Eleitoral nas eleições de 2022.
A operação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), investiga um esquema de fraudes envolvendo descontos ilegais aplicados diretamente sobre aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo a Polícia Federal, esta etapa da Operação Sem Desconto cumpre 16 mandados de prisão preventiva e 52 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e em seis estados: São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão.
Fazenda no interior do Maranhão
A propriedade atribuída ao senador está localizada no município de Matões do Norte, no interior maranhense. O imóvel rural é cortado por um igarapé, possui um casarão de dois andares e extensão equivalente a aproximadamente 2 mil campos de futebol. Próxima à área principal, foi construída uma pista de pouso. Embora não haja aeronaves registradas em nome do parlamentar, ele utiliza jatinhos com frequência no estado, segundo registros de deslocamentos.
O portal Metrópoles teve acesso à escritura que formaliza a compra de parte da fazenda, no valor de R$ 7 milhões, realizada em setembro de 2024. A área adquirida corresponde a 837 hectares e foi comprada por meio da DJ Agropecuária, Comércio e Prestação de Serviços Ltda, empresa ligada a Weverton Rocha. O documento indica que o pagamento foi feito via transferência bancária, com recolhimento de aproximadamente R$ 140 mil em Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). A escritura do restante da área está condicionada à conclusão dos pagamentos.
Evolução patrimonial
Nas eleições de 2022, quando disputou o governo do Maranhão, Weverton declarou patrimônio total de R$ 4,2 milhões à Justiça Eleitoral, incluindo R$ 500 mil em espécie. O valor estimado da fazenda representa, portanto, um crescimento de cerca de 257% em relação a todos os bens declarados pelo senador naquele pleito.
Além da aquisição rural, Weverton comprou, em abril deste ano, um apartamento avaliado em R$ 1,2 milhão no bairro Jardim Paulista, em São Paulo. O imóvel tem 250 metros quadrados e foi adquirido em três parcelas, conforme registro em escritura pública. Atualmente, o senador recebe salário bruto de R$ 46.366,19, com rendimento líquido de R$ 29.170,24.
Empresa e vínculos investigados
A DJ Agropecuária, responsável pela compra da fazenda, possui capital social declarado de R$ 10 mil. Segundo registros oficiais, 20% da empresa pertencem diretamente ao senador, enquanto os 80% restantes estão vinculados à Rocha Holding Patrimonial Ltda, empresa familiar. A administração formal da agropecuária está a cargo do contador Rodrigo Martins Corrêa.
De acordo com informações reveladas pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmadas pelo Metrópoles, o mesmo contador também foi responsável por empresas ligadas a Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, personagem central das investigações sobre fraudes previdenciárias.
Em nota divulgada anteriormente à imprensa, Weverton Rocha afirmou que “todas as minhas atividades econômicas e empresariais estão, e estarão, devidamente declaradas nas minhas declarações anuais de renda ou das empresas das quais faço parte, dentro da lógica financeira e da legalidade fiscal”.
Contraste com a realidade local
O valor da propriedade rural contrasta com a realidade econômica de Matões do Norte, município com cerca de 18 mil habitantes e um dos mais pobres do país em termos de Produto Interno Bruto (PIB) per capita, estimado em R$ 5.737,04. Em 2024, a cidade gastou R$ 13,8 milhões com saúde pública, segundo dados do Tesouro Nacional, montante inferior ao preço total atribuído à fazenda adquirida pelo senador.
A investigação segue em andamento sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal, em razão do foro privilegiado dos envolvidos.
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