Parece que o fim de ano não está sendo muito bom para os golpistas. No dia 26 de dezembro de 2025, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), divulgou um relatório que representa uma bomba para a narrativa da extrema direita brasileira de que “não houve golpe”.
O documento, elaborado pelo relator Pedro Vaca Villarreal após visita ao Brasil em fevereiro – quando ele se reuniu pessoalmente com Jair Bolsonaro, que saiu otimista do encontro –, reconhece explicitamente que o país enfrentou “tentativas deliberadas de deslegitimar os resultados eleitorais internacionalmente reconhecidos de 2022”, além do “planejamento e tentativa de execução de um golpe de Estado”. Longe de validar as queixas bolsonaristas de “censura” e “perseguição” pelo Judiciário, a CIDH elogia as instituições democráticas brasileiras como “fortes e eficazes”, destacando o “papel fundamental” do Supremo Tribunal Federal (STF) nas investigações e na defesa da ordem democrática.
É irônico: Bolsonaro e aliados investiram pesado em lobby junto à OEA, apostando que o relatório endossaria suas teses de vitimização. Em vez disso, veio a confirmação internacional de que houve sim uma ameaça real à democracia, frustrada precisamente pelas instituições que eles rotulavam de “ditadura judicial”. O texto faz um alerta equilibrado sobre riscos de concentração de poder no Judiciário, mas isso é detalhe ante o impacto principal: a validação da narrativa oficial sobre os eventos pós-eleições de 2022.
Esse revés internacional se soma a outro golpe duro para o bolsonarismo: a normalização das relações entre Brasília e Washington. Após negociações diretas entre Lula e Donald Trump – incluindo conversas telefônicas e encontros –, a Casa Branca retirou, em novembro, as tarifas adicionais de 40% sobre produtos brasileiros como café, carnes bovinas e frutas, além de revogar sanções Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes em dezembro. A melhora no diálogo bilateral, motivada por interesses econômicos mútuos, enterra qualquer esperança de pressão externa em favor das teses bolsonaristas.
A divulgação do relatório da OEA ocorreu um dia após outro golpe no círculo bolsonarista: a prisão do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. Condenado em 16 de dezembro a 24 anos e seis meses de prisão por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, Vasques rompeu a tornozeleira eletrônica na madrugada de Natal, fugiu para o Paraguai e foi detido no aeroporto de Assunção ao tentar embarcar para El Salvador com documentos falsos. Acusado de usar a PRF para operações que interferiram nas eleições – como blitze seletivas no Nordeste –, sua tentativa de evasão reforça o desmonte das engrenagens operacionais da trama golpista.
Para Bolsonaro, já condenado a pena superior a 27 anos pela liderança da tentativa de ruptura, esses eventos acumulam derrotas. O relatório da OEA enterra de vez a esperança de aval internacional às suas denúncias, enquanto a prisão de Vasques mostra que as consequências continuam a alcançar os envolvidos.
Divulgado durante o recesso parlamentar – que vai até 1º de fevereiro de 2026 –, o documento chega em momento oportuno para reforçar o isolamento do bolsonarismo no Congresso. Quando Câmara e Senado retomarem as atividades, a bancada aliada ao ex-presidente encontrará ainda mais dificuldades para articular manobras. A suposta “vitória relativa” com a aprovação do PL da Dosimetria – que reduz penas para condenados nos atos golpistas – torna-se constrangedora: ninguém será solto de imediato, os principais envolvidos permanecem presos, e o projeto segue para veto quase certo de Lula, que já sinalizou rejeição total. Caso o veto ocorra, o relatório da OEA pode pesar contra qualquer tentativa de derrubada, consolidando a resiliência institucional. Para a extrema direita, o horizonte segue cada vez mais apertado.
(Palavras: 528)


Ugo
27/12/2025 - 11h33
Com essa cara o sujeito da foto està apto a se filiar oa PSOL….kkkkkkkkkkkkk