O Palácio do Eliseu reagiu com veemência, chamando de “abjetas” as declarações de Netanyahu e reforçando que não aceitará acusações externas
O embaixador dos Estados Unidos em Paris, Charles Kushner, elevou o tom contra o governo francês ao enviar uma carta ao presidente Emmanuel Macron na qual acusa a França de não agir de forma eficaz contra a escalada do antissemitismo no país. O documento, datado de 25 de agosto, intensifica a pressão internacional sobre o Palácio do Eliseu, poucos dias depois de críticas semelhantes feitas por Israel.
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Na correspondência, obtida pela AFP, o diplomata norte-americano recorda que a data escolhida para redigir a carta coincide com “o 81º aniversário da Libertação Aliada de Paris, que encerrou a deportação de judeus do solo francês” durante a ocupação nazista. A menção busca reforçar o simbolismo histórico do apelo.
Kushner expressa forte preocupação com o cenário atual: “Escrevo com profunda preocupação com o aumento dramático do antissemitismo na França e a falta de ação suficiente do seu governo para enfrentá-lo…”
O embaixador destaca que a hostilidade contra judeus tornou-se parte da rotina cotidiana. “Na França, não passa um dia sem que judeus sejam agredidos nas ruas, sinagogas ou escolas sejam vandalizadas ou empresas de propriedade de judeus sejam vandalizadas”, escreveu.
Embora reconheça que “o antissemitismo tenha marcado a vida francesa por muito tempo”, Kushner sustenta que os episódios de ódio se intensificaram de forma alarmante após “o ataque bárbaro do Hamas em 7 de outubro de 2023”, que deu início à atual guerra em Gaza.
A mensagem do representante americano surge em sintonia com as declarações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. No início da semana, Netanyahu acusou Macron de ter alimentado o crescimento do antissemitismo na França, afirmando que a hostilidade aumentou após o anúncio do presidente francês, feito no mês passado, de que reconheceria oficialmente o Estado palestino.
A reação de Paris não tardou. O gabinete presidencial do Eliseu classificou as palavras de Netanyahu como “abjetas” e “errôneas”, rejeitando com veemência a acusação.
O episódio adiciona mais tensão a um debate delicado que tem colocado a França sob escrutínio internacional. Entre a pressão de aliados históricos como os Estados Unidos e Israel e o desafio interno de combater o ódio antijudaico em meio ao recrudescimento do conflito no Oriente Médio, Macron se vê diante de uma cobrança crescente por respostas mais firmes.
“Anti-sionismo é antissemitismo”
Assim como o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o embaixador Charles Kushner também criticou duramente as posições recentes de Emmanuel Macron sobre a guerra em Gaza e seu anúncio de que a França reconhecerá oficialmente o Estado palestino. Para o diplomata norte-americano, essas medidas “encorajam extremistas, alimentam a violência e colocam em risco a vida judaica na França”.
Em sua carta, Kushner foi categórico: “No mundo de hoje, antissionismo é antissemitismo — pura e simplesmente”.
O alerta se apoia em pesquisas que indicam um cenário preocupante no país. Levantamentos recentes mostram que a maioria dos franceses acredita que um novo Holocausto poderia acontecer na Europa. Mais alarmante ainda é o dado de que quase metade dos jovens franceses afirma nunca ter ouvido falar sobre o Holocausto. A carta do embaixador questiona diretamente o sistema educacional: “O que as crianças estão aprendendo nas escolas francesas se tal ignorância persiste?”
A França ocupa um lugar singular no contexto europeu por abrigar a maior comunidade judaica da Europa Ocidental, com cerca de meio milhão de pessoas. Ao mesmo tempo, o país também tem uma expressiva população muçulmana, cuja sensibilidade em relação à situação palestina em Gaza é profunda.
Desde o início da ofensiva de Israel contra o Hamas, em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023, ambas as comunidades relatam um crescimento nos crimes de ódio. Judeus denunciam agressões físicas e vandalismo contra sinagogas e negócios, enquanto muçulmanos afirmam ser alvo de hostilidade crescente no espaço público.
O anúncio feito por Macron de que a França reconheceria formalmente um Estado palestino, durante um discurso previsto para uma reunião da ONU em setembro, ampliou a polêmica. A decisão provocou reação imediata de Israel, que criticou Paris por enfraquecer a luta contra o antissemitismo.
Com essa mudança de postura, a França deve se somar a um grupo cada vez maior de países que apoiam a causa palestina. De acordo com levantamento da AFP, pelo menos 145 dos 193 Estados-membros da ONU já reconhecem — ou manifestaram intenção de reconhecer — um Estado palestino desde o início da guerra em Gaza, há quase dois anos.
Esse movimento coloca Paris em uma posição delicada: de um lado, a tentativa de reafirmar sua voz diplomática no Oriente Médio; de outro, a crescente pressão de aliados estratégicos como Estados Unidos e Israel, que acusam Macron de fragilizar a luta contra o antissemitismo em nome da política internacional.


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