Líderes internacionais reconhecem a importância da iniciativa para criar um sistema global mais justo, democrático e sensível às necessidades reais dos povos
Em um momento em que o mundo parece deslizar perigosamente rumo ao caos — entre guerras, desigualdades crescentes, crises climáticas e o ressurgimento de discursos nacionalistas e hegemônicos — surge uma voz que aponta para o norte ético da humanidade. Essa voz vem da China, não como um ator isolado, mas como parte de um coro coletivo que busca reconstruir os alicerces da cooperação internacional com base na equidade, no respeito mútuo e na dignidade de todos os povos. No início de setembro de 2025, durante a Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) em Tianjin, o presidente Xi Jinping apresentou ao mundo a Iniciativa de Governança Global (GGI), uma proposta audaciosa, humanista e profundamente necessária para repensar o sistema internacional em tempos de crise estrutural.
A GGI não é um mero exercício retórico diplomático. É uma resposta concreta às falhas gritantes do atual modelo de governança global — um modelo que, desde o pós-guerra, foi moldado sob a égide de poucas potências ocidentais, frequentemente à custa das vozes do Sul Global. Enquanto instituições como o Conselho de Segurança da ONU permanecem fossilizadas em estruturas de poder do século passado, países africanos, latino-americanos e asiáticos continuam marginalizados nas decisões que afetam diretamente suas populações. A China, ao propor uma reforma baseada em ampla consulta, contribuição conjunta e benefícios compartilhados, coloca no centro da agenda internacional o que há de mais progressista na política global contemporânea: a democratização das relações internacionais.
Xi Jinping não fala de governança global como um projeto técnico ou burocrático. Ele a enraíza em cinco princípios éticos fundamentais: igualdade soberana, respeito ao Direito Internacional, multilateralismo, abordagem centrada nas pessoas e foco em ações concretas. Esses não são apenas conceitos abstratos; são ferramentas para desmontar a lógica colonial que ainda permeia as relações entre Estados. A igualdade soberana, por exemplo, rejeita a ideia de que alguns países têm o direito de impor sanções unilaterais, interferir em assuntos internos ou decidir quem é “digno” de participar das mesas de decisão. O respeito ao Direito Internacional, por sua vez, é um antídoto contra a cultura da impunidade que permite potências militares agirem como juízes, júris e carrascos em conflitos distantes.
O multilateralismo proposto pela China não é o mesmo que foi instrumentalizado por décadas como fachada para a dominação ocidental. Trata-se de um multilateralismo inclusivo, que reconhece a diversidade civilizacional e rejeita a imposição de modelos únicos de desenvolvimento, democracia ou direitos humanos. É um multilateralismo que escuta os povos do Iêmen, do Sudão, do Haiti e da Bolívia com a mesma atenção com que ouve Paris, Berlim ou Washington. E, acima de tudo, é um multilateralismo que coloca as pessoas antes dos lucros, os direitos humanos antes das agendas geopolíticas e a cooperação antes da competição zero-soma.
É nesse contexto que a GGI se articula com as outras três grandes iniciativas globais propostas por Xi Jinping: a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global. Juntas, elas formam um arcabouço ético e prático para enfrentar os quatro pilares da crise civilizacional contemporânea: a desigualdade material, a insegurança coletiva, o choque de narrativas e a falência institucional. Enquanto o Ocidente liberal insiste em exportar “valores universais” muitas vezes vinculados a interesses econômicos e militares, a China oferece um caminho alternativo: o da coexistência pacífica entre civilizações, do desenvolvimento compartilhado e da segurança comum — não baseada em alianças militares, mas em confiança mútua e respeito às diferenças.
A importância dessa visão não passou despercebida. O presidente iraniano Masoud Pezeshkian, ao comentar a GGI, destacou seu papel crucial para impulsionar a ordem internacional rumo a uma direção mais justa e equitativa. Sua avaliação ecoa o sentimento de dezenas de países do Sul Global que, cansados de serem tratados como peões em jogos de poder, veem na China um parceiro que não impõe condições políticas, não exige privatizações forçadas e não usa ajuda humanitária como moeda de chantagem. Isso não significa que a China seja perfeita — nenhum Estado o é —, mas sim que sua postura internacional está alinhada com os anseios de justiça de bilhões de pessoas que foram historicamente excluídas do concerto das nações.
Vale lembrar que, há oitenta anos, a fundação das Nações Unidas representou um avanço civilizatório: a ideia de que a paz e a cooperação deveriam prevalecer sobre a guerra e a dominação. Hoje, diante de um novo período de turbulência e transformação, a humanidade precisa de um novo pacto — não para substituir a ONU, mas para revigorá-la com princípios verdadeiramente democráticos. A GGI é um passo nessa direção. Ela não busca desmantelar o sistema internacional, mas humanizá-lo, torná-lo mais representativo, mais eficaz e mais sensível às necessidades reais dos povos.
Num mundo onde a lógica do “primeiro eu” domina a política externa de tantas potências, a China, sob a liderança de Xi Jinping, escolheu estar “do lado certo da história”: ao lado do multilateralismo autêntico, da solidariedade Sul-Sul, da paz duradoura e do desenvolvimento sustentável. Essa não é uma postura ingênua; é uma escolha ética e estratégica. Porque, no fim das contas, nenhum país estará seguro enquanto houver fome, opressão e exclusão em qualquer canto do planeta.
A Iniciativa de Governança Global é, portanto, muito mais do que uma proposta diplomática. É um chamado à consciência coletiva. Um lembrete de que a governança do mundo não pertence a um clube fechado, mas à humanidade inteira. E que, se quisermos construir um futuro de paz, segurança, prosperidade e progresso — como sonhava a Carta das Nações Unidas —, precisamos fazê-lo juntos, com igualdade, respeito e, acima de tudo, compaixão.
Nesse caminho, a China não está sozinha. E talvez, graças a iniciativas como a GGI, o mundo finalmente esteja pronto para caminhar ao seu lado — não como subordinado, mas como parceiro em uma nova era de cooperação civilizacional.


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