A Malásia se une ao bloco árabe e islâmico em defesa da Palestina, acusando Israel de violar fronteiras e leis internacionais com ataques repetidos
O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, fez duras críticas a Israel neste sábado, denunciando o que classificou como uma série de ataques “arrogantes e desumanos” conduzidos por Tel Aviv contra seis países nas últimas semanas.
Durante o encerramento do Encontro Nacional de Agências Religiosas da Malásia (IJPAM) 2025, Anwar expressou profunda indignação com a escalada de violência no Oriente Médio e acusou Israel de agir com total impunidade diante da comunidade internacional.
“Um único país pode se comportar de forma tão insolente ao atacar seis países em apenas uma ou duas semanas”, declarou o premiê, segundo informações da agência estatal Bernama.
Os comentários de Anwar ocorreram após uma sucessão de ofensivas israelenses que atingiram Palestina, Líbano, Síria, Iêmen, Catar e Tunísia. Desde segunda-feira, ataques aéreos israelenses têm provocado tensões em toda a região, reacendendo o temor de um conflito mais amplo no Oriente Médio.
Um dos episódios mais graves aconteceu na terça-feira, quando Israel bombardeou um complexo residencial em Doha, capital do Catar, onde se encontravam líderes do grupo Hamas. O ataque resultou na morte de cinco membros do movimento palestino e de um oficial de segurança catariano, que participavam de discussões sobre um novo acordo de cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos.
O Catar tem desempenhado papel central como mediador nas negociações entre Israel e o Hamas, ao lado dos Estados Unidos e do Egito, em busca de uma trégua para o conflito que já deixou mais de 64 mil mortos em Gaza desde outubro de 2023, segundo fontes locais.
Além do ataque em Doha, Israel também foi responsabilizado por uma ofensiva em águas tunisianas, onde a Flotilha Global Sumud teria sido atingida por um drone. O incidente levou o Ministério do Interior da Tunísia a abrir uma investigação.
“Estamos conduzindo todas as investigações e inquéritos para que o mundo saiba quem planejou, quem conspirou e quem executou este ataque”, afirmou o órgão em comunicado oficial.
Anwar Ibrahim, conhecido por seu posicionamento firme em defesa da causa palestina, anunciou que participará na próxima segunda-feira da cúpula extraordinária árabe-islâmica em Doha, que reunirá chefes de Estado e líderes religiosos de dezenas de países. O encontro, segundo ele, servirá para “reafirmar o apoio inabalável da Malásia ao povo palestino e condenar a insolência desumana dos sionistas”.
A reunião será a terceira cúpula conjunta árabe e islâmica desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023. A agenda incluirá debates sobre os ataques contínuos de Israel contra Gaza e a Cisjordânia, suas políticas de ocupação e anexação de territórios palestinos, além do bombardeio em Doha, que elevou a tensão diplomática entre Israel e diversos países árabes.
Fontes diplomáticas afirmam que o evento deve resultar em uma declaração conjunta de repúdio às ações israelenses, além de propostas para ampliar o apoio humanitário à população palestina e fortalecer a pressão internacional por um cessar-fogo duradouro.
Analistas políticos destacam que o posicionamento de Anwar Ibrahim reforça o papel da Malásia como uma das vozes mais ativas do mundo muçulmano na defesa dos direitos palestinos. O premiê malaio tem insistido em uma resposta coordenada da comunidade islâmica e internacional para conter o que ele considera “um ciclo de agressões sistemáticas que desafiam o direito internacional e os valores humanos fundamentais”.
Com a cúpula de Doha, os países árabes e islâmicos esperam demonstrar unidade frente à escalada israelense e reabrir caminhos diplomáticos para a paz — uma tarefa que, apesar dos esforços, segue distante diante da crescente devastação no Oriente Médio.


Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!