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Focus: Mercado reduz projeção de inflação pelo terceiro mês seguido após IPCA abaixo do esperado

A pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (pelo Banco Central) indicou nova redução na expectativa de inflação para este ano, refletindo o impacto da alta menor que o previsto do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em setembro. É a terceira semana consecutiva de revisão para baixo nas projeções, segundo o levantamento que reúne […]

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A pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (pelo Banco Central) indicou nova redução na expectativa de inflação para este ano, refletindo o impacto da alta menor que o previsto do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em setembro. É a terceira semana consecutiva de revisão para baixo nas projeções, segundo o levantamento que reúne estimativas de mais de uma centena de economistas do mercado financeiro.

De acordo com o boletim, a expectativa para o IPCA em 2025 caiu de 4,80% para 4,72%, enquanto a projeção para 2026 permaneceu em 4,28%. A trajetória reflete uma leitura mais favorável sobre a inflação, após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar que o índice subiu 0,48% em setembro, depois de registrar queda de 0,11% em agosto.

Em 12 meses, o IPCA acumula alta de 5,17%, resultado que veio abaixo das previsões coletadas pela Reuters, que apontavam para um avanço um pouco maior no período.

Expectativas dentro da meta, mas acima do centro do alvo

Mesmo com a sequência de revisões, as projeções para a inflação ainda se mantêm acima do centro da meta oficial, que é de 3,0% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Ou seja, o Banco Central considera aceitável um intervalo entre 1,5% e 4,5%.

Analistas avaliam que o resultado de setembro reforça a percepção de um cenário de inflação mais controlada, mas que ainda exige cautela, diante das incertezas fiscais e da volatilidade cambial.

A leitura do mercado é que a desaceleração recente dos preços de alimentos e combustíveis, somada ao comportamento mais estável do câmbio, contribuiu para o recuo das expectativas. No entanto, o patamar ainda elevado das taxas de juros mantém o custo de crédito alto e pode limitar o crescimento econômico nos próximos trimestres.

PIB e juros mantêm estabilidade nas projeções

A pesquisa Focus mostrou estabilidade nas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) e para a taxa básica de juros, a Selic. O mercado projeta crescimento de 2,16% do PIB em 2025 e 1,80% em 2026, os mesmos números da semana anterior.

As projeções para a Selic também não mudaram: o mercado espera que a taxa encerre 2025 em 15,0% ao ano e 2026 em 12,25%, refletindo a visão de que o Banco Central deve manter uma postura mais conservadora até ter segurança de que a inflação está convergindo para o centro da meta.

Economistas consultados destacam que o ritmo de cortes na Selic dependerá do comportamento dos preços administrados e das perspectivas fiscais do governo federal. Qualquer sinal de aumento do risco fiscal ou de desancoragem das expectativas pode levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a ajustar sua estratégia.

Câmbio tem leve alívio nas projeções

No câmbio, a expectativa para o dólar neste ano se manteve em R$ 5,45, enquanto a projeção para 2025 recuou levemente, de R$ 5,53 para R$ 5,50. O movimento reflete uma percepção de menor pressão sobre o real no curto prazo, com o alívio recente nos preços das commodities e maior estabilidade nos fluxos financeiros internacionais.

Analistas afirmam, porém, que a tendência de valorização do real ainda depende de fatores externos, como a política monetária dos Estados Unidos e a evolução dos juros globais. Uma desaceleração na economia americana poderia reduzir a atratividade do dólar, mas tensões geopolíticas e mudanças nas expectativas sobre o Federal Reserve podem reverter esse cenário.

Inflação sob controle, mas com desafios à frente

Apesar da melhora recente nas projeções, economistas ressaltam que a convergência da inflação para o centro da meta ainda não está garantida. Entre os fatores de risco estão as incertezas fiscais, os gastos públicos em expansão e o comportamento dos preços administrados, como combustíveis e energia elétrica.

O Banco Central, que mantém a taxa Selic em um patamar elevado, deve continuar acompanhando os dados de inflação e atividade antes de definir o próximo passo na política monetária. O Copom sinalizou em sua última ata que eventuais cortes futuros dependerão da consistência dos dados e do comportamento das expectativas de longo prazo.

Enquanto isso, o governo federal tenta conciliar a política fiscal com a necessidade de estimular o crescimento, mantendo compromissos com o arcabouço fiscal e o controle das contas públicas.

Perspectiva

A sequência de revisões positivas na pesquisa Focus é vista como um indicativo de maior confiança do mercado na política monetária e nas condições de estabilidade de preços no médio prazo.

No entanto, o cenário ainda requer prudência. Economistas alertam que, embora o IPCA venha mostrando trajetória de desaceleração, o núcleo da inflação — que exclui itens voláteis — ainda se mantém acima do ideal. Além disso, fatores sazonais e oscilações no câmbio podem provocar pressões pontuais nos próximos meses.

Mesmo assim, o resultado reforça a percepção de que o ambiente inflacionário no Brasil começa a se estabilizar, o que pode abrir espaço, a médio prazo, para uma redução gradual dos juros e para um crescimento mais equilibrado da economia.


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