A Petrobras recebeu nesta segunda-feira (20) a licença de operação do Ibama para perfurar o poço exploratório FZA-M-059, localizado em águas profundas do Amapá, a cerca de 175 km da costa, na Margem Equatorial brasileira.
Com a autorização, a sonda já posicionada na área deve iniciar imediatamente os trabalhos de perfuração, que terão duração estimada de cinco meses. O objetivo é coletar dados geológicos e avaliar a existência de petróleo e gás em escala comercial. Nesta etapa, não há produção de óleo, mas sim pesquisa exploratória.
Licença marca fim de processo que durou quase cinco anos
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, classificou a emissão da licença como um marco institucional e técnico para o país.
“A conclusão desse processo, com a efetiva emissão da licença, é uma conquista da sociedade brasileira e revela o compromisso das instituições nacionais com o diálogo e com a viabilização de projetos que possam representar o desenvolvimento do país”, declarou Chambriard.
Ela destacou que o processo de licenciamento levou quase cinco anos e envolveu diálogo com governos e órgãos ambientais de diferentes esferas — municipais, estaduais e federais.
“Vamos operar na Margem Equatorial com segurança, responsabilidade e qualidade técnica. Esperamos obter excelentes resultados nessa pesquisa e comprovar a existência de petróleo na porção brasileira dessa nova fronteira energética mundial”, afirmou.
Petrobras cumpre todas as exigências ambientais do Ibama
De acordo com a companhia, todos os requisitos estabelecidos pelo Ibama foram atendidos. A estatal afirma ter cumprido integralmente o processo de licenciamento ambiental, incluindo a realização de um simulado in loco em agosto, conhecido como Avaliação Pré-Operacional (APO).
Durante o exercício, o Ibama testou a capacidade de resposta da Petrobras em caso de incidentes ambientais. O treinamento envolveu operações com embarcações, aeronaves e equipes especializadas para monitorar fauna, conter vazamentos e proteger a costa.
O resultado foi considerado satisfatório pelo órgão ambiental, o que viabilizou a emissão da licença final.
Margem Equatorial: nova fronteira energética do Brasil
A Margem Equatorial é apontada por especialistas como uma das regiões mais promissoras do mundo para a descoberta de grandes reservas de petróleo e gás natural. A área abrange bacias que vão do Amapá ao Rio Grande do Norte, com características geológicas semelhantes às bacias da Guiana e do Suriname, onde foram descobertas reservas bilionárias na última década.
Para a Petrobras, o projeto é estratégico para garantir a segurança energética nacional e repor reservas além do pré-sal, que já responde por grande parte da produção brasileira.
A estatal defende que o desenvolvimento dessa nova fronteira pode impulsionar investimentos, gerar empregos e aumentar a arrecadação pública, ao mesmo tempo em que mantém padrões ambientais rigorosos.
Investimento e tecnologia de ponta
A operação no bloco FZA-M-059 utiliza sondas de última geração e protocolos de segurança que seguem normas internacionais de exploração offshore.
A perfuração em águas profundas exige monitoramento contínuo, com equipamentos capazes de detectar variações de pressão e temperatura, além de sistemas automáticos de desligamento em caso de anomalias.
Segundo fontes do setor, o investimento total na fase exploratória pode superar R$ 800 milhões, considerando os custos logísticos e operacionais do projeto.
Energia e transição sustentável
Em comunicado, a Petrobras reforçou que a exploração na Margem Equatorial integra sua estratégia de transição energética justa, conciliando o desenvolvimento de novas reservas com investimentos em biocombustíveis, captura de carbono e energia renovável.
“A Petrobras dá mais um passo no caminho da transição energética justa ao oferecer ao mercado uma solução estratégica de baixo investimento e rápida implementação, contribuindo de forma efetiva para a descarbonização do setor”, declarou Chambriard.
O Ibama também destacou que continuará monitorando as atividades da companhia, exigindo relatórios periódicos sobre as condições ambientais e eventuais medidas de mitigação.
O que representa a licença para o país
A liberação marca o início efetivo das operações na Margem Equatorial, após anos de impasse entre a Petrobras e órgãos ambientais. A decisão também reacende o debate sobre o papel do Brasil na produção global de energia — entre a necessidade de novas fontes de receita e o compromisso com as metas climáticas internacionais.
Analistas do setor avaliam que, se o poço FZA-M-059 confirmar a presença de petróleo em escala comercial, a área poderá se transformar na principal descoberta petrolífera brasileira desde o pré-sal, consolidando uma nova fronteira energética no Norte do país.
📊 Resumo do cenário:
Licença concedida: 20 de outubro de 2025
Órgão responsável: Ibama
Bloco: FZA-M-059 (Margem Equatorial, Amapá)
Distância da costa: 175 km
Duração da perfuração: 5 meses
Objetivo: pesquisa geológica (sem produção de óleo)
Investimento estimado: R$ 800 milhões
Importância: nova fronteira energética do Brasil


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