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Na encruzilhada da IA, a Meta tenta se reinventar

Após o fiasco do Vibes e Metaverso, a Meta busca recuperar terreno nomeando um veterano de confiança para liderar sua nova frente de inteligência artificial A Meta entrou em uma nova fase de sua disputa tecnológica global. Determinado a colocar a empresa na dianteira da corrida da inteligência artificial, Mark Zuckerberg nomeou Vishal Shah — […]

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Cortes, reestruturações e pressa marcam a nova fase da Meta, que tenta transformar crise em reinvenção sob a pressão de rivais como OpenAI e Google.
A mudança revela a tentativa de Zuckerberg de unir metaverso e IA em uma só visão, enquanto a concorrência avança com modelos mais poderosos / Reprodução

Após o fiasco do Vibes e Metaverso, a Meta busca recuperar terreno nomeando um veterano de confiança para liderar sua nova frente de inteligência artificial


A Meta entrou em uma nova fase de sua disputa tecnológica global. Determinado a colocar a empresa na dianteira da corrida da inteligência artificial, Mark Zuckerberg nomeou Vishal Shah — um de seus executivos mais antigos e próximos — para um cargo estratégico dentro da divisão de IA. A decisão ocorre em meio a uma nova reestruturação de lideranças e após o lançamento conturbado do serviço de vídeos por IA Vibes, que foi rapidamente ofuscado pelo Sora, da OpenAI.

A mudança marca mais um capítulo na tentativa de Zuckerberg de consolidar a Meta como uma potência em inteligência artificial, depois de anos investindo pesadamente no metaverso, projeto que ainda não entregou o retorno esperado.


Uma guinada após o tropeço do Vibes

A nomeação de Shah surge logo após a estreia apressada do Vibes, plataforma de vídeos inteiramente gerados por IA. O lançamento, feito às pressas para competir com a OpenAI, teve vida curta como destaque: poucos dias depois, o Sora roubou os holofotes e reduziu o impacto da iniciativa da Meta.

Vishal Shah, que está na empresa há mais de uma década, começou no Instagram e, em 2021, foi escolhido para liderar o ambicioso projeto do metaverso. Agora, ele assume o cargo de chefe de gestão de produtos da equipe de inteligência artificial, sob a liderança de Nat Friedman, responsável pela divisão de produtos de IA da Meta.

Em um memorando interno obtido pelo Financial Times, Friedman afirmou que Shah vai comandar a integração de produtos e coordenar o desenvolvimento de novas ferramentas inteligentes. O foco, segundo o executivo, será fortalecer o aplicativo Meta AI e permitir que outras plataformas do grupo — como Instagram e WhatsApp — criem suas próprias experiências com base nos modelos de IA da companhia.

“Não podemos ser apenas uma equipe de IA, precisamos ser uma empresa de IA”, escreveu Friedman na mensagem interna. “Vishal será fundamental para estruturar esse novo modelo de colaboração, liderar a estratégia de integração e garantir o sucesso em escala.”


Cortes e reorganização em meio à corrida tecnológica

A movimentação ocorre em um momento turbulento para a gigante de US$ 1,9 trilhão. Na semana passada, a Meta demitiu cerca de 600 funcionários ligados à área de inteligência artificial — uma reviravolta brusca depois de meses de contratações agressivas para reforçar a equipe. Segundo a empresa, as demissões visam tornar os processos decisórios mais ágeis e acelerar o lançamento de produtos.

Zuckerberg quer superar concorrentes como a OpenAI e o Google, desenvolvendo modelos mais inteligentes e personalizados para os usuários das plataformas do grupo. O bilionário vê a IA como o próximo passo de transformação digital e, internamente, tem pressionado por resultados rápidos.

A promoção de Shah também reflete o esforço de Zuckerberg em equilibrar a equipe de líderes internos com novos nomes vindos de fora. Nos últimos meses, ele contratou figuras de peso, como Alexandr Wang, fundador da Scale AI, para chefiar o laboratório Meta Superintelligence Labs — responsável pelos projetos mais avançados de pesquisa. Sob Wang, Friedman passou a comandar o desenvolvimento de produtos de IA.

Apesar disso, fontes próximas à empresa afirmam que há insatisfação entre equipes em relação à condução de Friedman, que se tornou uma figura central após liderar o lançamento do Vibes.


Bastidores de um lançamento apressado

De acordo com pessoas envolvidas no projeto, o Vibes foi acelerado para ser lançado antes do Sora, da OpenAI. Para garantir a entrega, Friedman negociou um acordo bilionário e de longo prazo com a startup de IA Midjourney, que forneceu a tecnologia de geração de imagens usada na base do aplicativo. O executivo é um antigo conselheiro da empresa.

Fontes também apontam que Friedman pressionou a equipe a integrar o sistema da Midjourney diretamente ao aplicativo Meta AI, mesmo que o projeto original tivesse sido pensado para usar modelos próprios da Meta. Além disso, a companhia utilizou tecnologias da startup alemã Black Forest Labs para encurtar o prazo de desenvolvimento.

O resultado inicial foi positivo em números: o Vibes impulsionou o volume de downloads e o engajamento de usuários nas primeiras semanas. No entanto, o entusiasmo durou pouco. O lançamento do Sora — com vídeos mais realistas e fluidez superior — acabou roubando a cena, deixando a Meta novamente em segundo plano.

“Nat teve um começo rápido e impressionante, o que é comprovado por sua capacidade de atrair alguns dos melhores talentos da empresa para suas equipes”, afirmou um porta-voz da Meta em comunicado.


A volta dos aliados de confiança

Mark Zuckerberg sempre preferiu manter pessoas de longa data em posições-chave — e Vishal Shah é um desses nomes. Ainda assim, a pressão por resultados em IA fez o executivo abrir espaço recentemente para novos líderes externos, depois do desempenho abaixo do esperado do modelo de linguagem Llama 4, lançado em abril.

Friedman, ex-CEO do GitHub e investidor conhecido no Vale do Silício, foi um dos escolhidos. Antes de ser contratado em junho, ele já atuava como conselheiro de Zuckerberg desde 2024. Como parte do acordo para trazê-lo à Meta, a empresa adquiriu 49% do fundo de investimentos pessoal de Friedman, o que lhe rendeu um lucro considerável.

Em sua mensagem interna, Friedman elogiou Shah por sua “capacidade de resolver problemas técnicos complexos” e destacou suas “profundas relações dentro da Meta”.


De volta às origens: IA e o legado do metaverso

A nova função de Shah não se limita à IA. Ele também ficará responsável por integrar as tecnologias de inteligência artificial ao Reality Labs, divisão responsável pelo desenvolvimento de realidade aumentada, realidade virtual e os óculos inteligentes da marca — áreas que compõem o núcleo do antigo projeto do metaverso.

Essa integração simboliza a transição da Meta: de uma empresa que apostava em mundos virtuais imersivos para uma organização que enxerga a inteligência artificial como o novo alicerce de sua estratégia.

Em uma publicação interna, também vista pelo Financial Times, Shah afirmou que pretende “permanecer profundamente envolvido na construção de pontes entre [Meta’s Superintelligence Labs] e [Reality Labs], que nos permitirão moldar como entregamos superinteligência pessoal a bilhões de pessoas em todos os dispositivos”.

Com a promoção de Shah, a área de metaverso será comandada por Gabriel Aul, atual chefe do aplicativo social Meta Horizon.

A escolha sinaliza uma tentativa clara de Zuckerberg de unir suas duas grandes apostas — o metaverso e a inteligência artificial — em um mesmo ecossistema, capaz de redefinir a experiência digital de bilhões de usuários. Para o CEO da Meta, o futuro não será apenas virtual nem apenas inteligente: será a fusão de ambos.

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