Vivi um tsunami político, mas continuei observando o comportamento de instituições e personalidades. Alguns se distinguiram com a coragem de não aderir pura e simplesmente a uma onda. Encontrar solidariedade em quem me conhece seria natural, o que surpreendeu foram posições de alguns intelectuais, artistas, atletas, gente simples do povo e até de parlamentares de oposição.
Com o denunciante tendo voltado atrás e o escândalo se voltando contra a deputada que liderava os ataques ao governador, a mídia parece ter desistido de Agnelo Queiroz. As únicas notas publicadas nos principais jornais de hoje apenas informam que os pedidos de impeachment foram arquivados, o que já era aliás sabido, visto que o governador tem apoio majoritário na Câmara Legislativa de Distrito Fedral.
O caso envolve o banco PanAmericano, que pertencia ao grupo Silvio Santos e que teve seu nome vinculado a campanhas do PT e à operações financeiras nebulosas, e a compra de ações, pela Caixa. Eu gostaria que esse escândalo fosse mais explorado pela mídia. Esta semana, sabe-se que o rombo no Panamericano foi muito superior o que se imaginava: em torno de R$ 4 bilhões.
Nenhuma manchete para Lupi, e olha que era um bom dia para isso. Tirando a capa do Globo, que traz uma denúncia bombástica (embora talvez um tanto sensacionalista, baseada apenas na palavra de um traficante), os outros jornalões trouxeram manchetes enfadonhas sobre a crise na Europa, quando tinham material novo sobre "mal feitos" de Ongs conveniadas ao Ministério do Trabalho. Mas internamente é o assunto principal.
Ministério do Trabalho cria um blog para publicar íntegra de perguntas e respostas de entrevistas concedidas.
Essa edição do programa Entre Aspas, apresentado pela Monica Woldvogel, na Globonews, fez bastante sucesso.
O governador Agnelo Queiroz continua sob forte ataque político. A oposição já entregou cinco pedidos de impeachment contra o governador. Os pedidos são apenas pro-forma, porque Agnelo tem apoio maciço na Assembléia do Distrito Federal, mas constituem um golpe simbólico importante.
Depois dos gritos de guerra, o cachimbo da paz. O ministro Carlos Lupi e seu partido, o PDT, passaram o dia botando panos quentes em suas próprias declarações da véspera. Lupi pediu desculpas pelo destempero verbal e o PDT amenizou a ameaça de que o partido poderia deixar a base aliada em caso de demissão de seu ministro.
O Estadão publica hoje um editorial e uma coluna de opinião sobre a reunião do PSDB em São Paulo. São textos que tentam, com esforço admirável, injetar um pouco de ânimo na oposição.
Depois de 16 anos como fiel integrante da base de apoio dos governos tucanos em São Paulo, o deputado Roque Barbiere cogita romper com Geraldo Alckmin. Autor das graves denúncias sobre o esquema de venda de emendas na Assembléia Legislativa, ele diz que é vítima de feroz perseguição, sendo tratado como “um leproso politicamente” pelos aliados do governador do PSDB.
Nesse vídeo, o homem que denunciou Agnelo Queiroz afirma que foi tudo armação de uma deputada da oposição.
O rotina foi abalada. A mídia desta vez topou com um adversário que reúne melhores condições de se defender que os anteriores. Carlos Lupi revelou uma disposição para luta que promete fortes emoções durante a semana. E há indícios de que o Planalto também se cansou de ceder.
Muito se falou sobre a eleição de Tiririca para a Câmara dos Deputados pelo estado de São Paulo no pleito de 2010. Como já havia ocorrido em episódios anteriores a envolver o costureiro Clodovil e o médico Enéas, a conquista de uma cadeira legislativa por outsiders da política, por personagens da vida social, por assim dizer, causa surpresa e indignação em boa parte da chamada opinião pública brasileira.
O roteiro se repete. Veja + Jornal Nacional + constrangimento do governo = demissão de ministro. O próprio Carlos Lupi, no entanto, definiu bem a situação: "sou osso duro de roer". A mídia esfrega as mãos, excitada, enxergando a chance de encaçapar mais uma.
Não sei se o movimento Occupy Wallstreet significa o renascimento da esquerda americana (o que para o Uncle Sam é um radicalismo imperdoável), como acham muitos analistas, mas com certeza é um fenômeno social interessante do nosso tempo. Tem um na cinelândia também, dos grandes.
Enragés é um termo francês que significa "raivoso". É um jargão político conhecido no mundo todo para se referir a um radical político. Retrata bem um comportamento comum nas extremidades ideológicas. E as redes sociais e a blogosfera tem contribuído para sua proliferação.
Eu ainda não escrevi nada sobre o câncer de Lula e sua repercussão na mídia e redes sociais. É um assunto que não me agrada em absoluto. Meu pai morreu de câncer, e eu não gosto nem de tocar nesse assunto. Mas não dá mais para fugir disso.
Toda vez que os artigos mensais de FHC aparecem no jornal eu sinto repuxos estudantis. Imagino que tem a ver com o tempo em que escrevi meus primeiros artigos políticos, durante o primeiro reinado tucano.
Matéria publicada hoje na Folha deve causar um leve fremir de penas no tucanato paulista. Os dados relativos à liberação de emendas pelo governo do estado foram tornados públicos pela primeira vez anteontem.