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2015: o ano em que o PSDB se transformou na versão brasileira do Tea Party norte-americano

por Carlos Eduardo, editor-assistente do Cafezinho Quando comecei a escrever aqui no Cafezinho pensei comigo mesmo. Com tantos jornalistas bons por aí e mais experientes, tais como Mino Carta, Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna, Paulo Nogueira, Altamiro Borges, Fernando Britto, e o próprio Miguel do Rosário, editor-executivo deste blog, publicando […]

17 comentários
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por Carlos Eduardo, editor-assistente do Cafezinho

Quando comecei a escrever aqui no Cafezinho pensei comigo mesmo. Com tantos jornalistas bons por aí e mais experientes, tais como Mino Carta, Luís Nassif, Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna, Paulo Nogueira, Altamiro Borges, Fernando Britto, e o próprio Miguel do Rosário, editor-executivo deste blog, publicando diariamente excelentes análises sobre a política brasileira, de que modo um jovem jornalista como eu seria capaz de apresentar algo novo na blogosfera progressista?

Foi daí que surgiu a ideia de escrever sobre a política norte-americana aqui no Cafezinho, sempre fazendo um paralelo com questões de interesse nacional.

Sinceramente, já desisti há tempos de ler, ouvir, ou assistir qualquer coisa da grande imprensa brasileira. Acho uma perda de tempo. Afinal, como dizia o Barão de Itararé: “de onde menos se espera, daí é que não sai nada”.

Prefiro aproveitar meu dia lendo blogs norte-americanos ditos de “esquerda” por lá, que basicamente correspondem à tendência dentro do Partido Democrata denominada de liberals democrats, que na Europa são conhecidos como social-democratas. Outro passatempo meu é assistir aos programas de fake news, apresentados por comediantes progressistas, fontes surpreendentes de boa informação, melhores até que muito telejornal brasileiro por aí.

Como já mencionei anteriormente em artigos passados, acho importante acompanhar a política norte-americana, pois a direita brasileira não é nada criativa e cisma em copiar o que há de pior nos Estados Unidos.

E com a crescente decadência dos tucanos nos últimos anos isso está cada dia mais evidente.

Quais são hoje os intelectuais dentro do PSDB? Alguém sabe dizer um nome, além de Fernando Henrique Cardoso? Não há porque todos debandaram depois da campanha desastrosa de José Serra em 2010.

Você entra na página do Instituto Teotônio Vilela e encontra na home um editorial do Estadão e artigos publicados nos jornalões conservadores. Pois esta hoje é a cara do PSDB: a agressividade de colunistas como Reinaldo Azevedo e o anti-petismo desvairado de blogueiros como Fernando Gouveia, do Implicante —  pago inclusive com dinheiro do contribuinte paulista. A “intelectualidade” tucana se restringe atualmente aos colunistas da velha imprensa.

Fico imaginando como deve ser para um estrangeiro desembarcar no Brasil e descobrir que as legendas ditas “social-democrata” e “democratas” são as mais conservadoras do país. O gringo vai voltar pra casa crente de que o Brasil é a terra do “samba do crioulo doido”.

Piadas à parte, não é à toa que a imprensa internacional vem chamando a militância tucana que vai pra rua pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff de Tea Party brasileiro”.

Desde que o presidente Barack Obama tomou posse, em 2008, que os republicanos passaram a ter como única e exclusiva agenda, a obstrução dos programas sociais desenvolvidos pelos democratas.

Situação similar ocorreu no Brasil com a vitória de Lula, quando a oposição, liderada por PSDB e DEM, também abandonou qualquer agenda propositiva e passou a sabotar todos os programas de distribuição de renda desenvolvidos pelo PT.

O líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, chegou a afirmar abertamente para a imprensa em 2010, dois anos após a vitória de Obama, que a prioridade dos republicanos a partir daquele momento seria boicotar todas as políticas sociais dos democratas, apenas com o intuito de impedir um segundo mandato de Obama. Mesmo que para isso fosse necessário prejudicar a vida da população.

Foi a partir daí que a ala radical dos republicanos, liderada pelo movimento Tea Party, começou a ganhar força dentro do partido. A partir daí também que os republicanos abandonaram qualquer agenda propositiva e se tornaram “incendiários políticos” — termo que os analistas americanos usam para aqueles que apostam no “quanto pior, melhor”.

Qualquer semelhança com as ações de Aécio Neves e dos líderes tucanos no Senado e na Câmara, Cássio Cunha Lima e Carlos Sampaio, respectivamente, não é mera coincidência.

A impressão é que PSDB simplesmente repete à risca a tática dos radicais republicanos. Vale tudo pra derrubar a Presidente da República.

Até um shutdown, em versão tupiniquim, os tucanos tentaram no Congresso ano passado. Algo inédito para nós brasileiros, mas que lá nos Estados Unidos é bastante comum.

tea_party_govt_shutdown

‘Obamacare vai destruir nossa economia. Se você não voltar atrás, vou destruir a economia!’ (tradução livre)

O último shutdown norte-americano foi em 2013, quando o Congresso, dominado pelos republicanos, cobrou dos democratas o fim do Obamacare — nome dado ao programa do presidente Barack Obama de criar um plano de saúde de baixo custo, financiado pelo Estado — com a ameaça de paralisar a economia caso o presidente não voltasse atrás.

A estratégia dos lunáticos do Tea Party foi tão tosca, que virou motivo de piada entre os americanos.

Ao mesmo tempo em que os radicais republicanos diziam que aumentar os impostos para fornecer saúde à população mais pobre tornaria os Estados Unidos em um país “socialista” — o que na visão torpe dessa gente é o início do apocalipse — a saída encontrada pelos radicais foi mergulhar o país em uma crise sem precedentes, impedindo o governo de aumentar a dívida pública e paralisando a economia.

Mas o tiro saiu pela culatra.

Uma pesquisa do RealClearPolitics, agregador dos principais jornais e blogs políticos dos Estados Unidos, mostrou que apenas 13% do eleitorado norte-americano aprovou a estratégia insana dos republicanos no Congresso de paralisar a economia do país, na ânsia de voltar ao poder a todo custo. O pior índice já registrado na história do Partido Republicano.

Para esclarecer a situação aos menos familiarizados com a política norte-americana, o shutdown — ou paralisação total do governo — acontece sempre que o limite da dívida extrapola o teto determinado pelo Executivo, Senado Federal e Câmara dos Deputados. E enquanto os três entes da federação não entram em um acordo sobre o novo teto da dívida, o governo fica literalmente paralisado.

Quando isso ocorre, o Estado interrompe o pagamento de salários do funcionalismo público. E diferente do Brasil, onde o salário é pago mensalmente, nos Estados Unidos é muito comum o trabalhador receber o salário parcelado semanalmente, ou a cada quinze dias.

Por isso, quando ocorre uma paralisação, mesmo que curta, de uma ou duas semanas, isto significa que os trabalhadores simplesmente ficaram sem receber o salário daquela semana ou quinzena. Daí a enorme insatisfação do eleitorado, inclusive republicano, com a estratégia do Tea Party de paralisar o país, por meio do shutdown.

PSDB: o Tea Party brasileiro

Quando vejo os medalhões do PSDB fomentando os instintos mais primitivos da classe-média reacionária brasileira; utilizando de todos os meios para derrubar a presidente Dilma; votando contra o ajuste fiscal; contribuindo para ampliar a crise econômica; e mantendo o país em recessão, a primeira coisa que me vem à cabeça é o Tea Party.

Manifestante na Av. Paulista pede o impeachment da presidente Dilma

Manifestante na Av. Paulista pede o impeachment da presidente Dilma

É praticamente impossível não associa-los um ao outro. Até na retórica são parecidos.

Tanto lá quanto cá, o Bolsa Família — ou no caso americano, o Food Stamp — é chamado pela direita raivosa de “bolsa esmola” ou “bolsa vagabundo”.

Em 2008, a ala ultrarradical do Partido Republicano acusou Obama de vencer as eleições com os votos dos negros e hispânicos, prometendo a estes programas de cunho assistencialista.

Uma mentira desmascarada pelo blog Politico, que mostrou que Obama foi o candidato democrata que mais recebeu votos dos brancos desde 1976, quando o também democrata, Jimmy Carter, foi eleito presidente. Na verdade quem definiu a vitória de Obama foi a juventude universitária e o eleitorado mais escolarizado — de maioria branca –, assim como os negros, é claro.

Novamente, qualquer semelhança com os tucanos acusando o PT de vencer a eleição com os votos dos nordestinos, incentivando o preconceito latente do sul e sudeste com a região norte do país, não é mera coincidência. Mesmo com os resultados das urnas mostrando que Minas Gerais e Rio de Janeiro foram decisivos para a vitória de Dilma, os anti-petistas fanáticos continuam até hoje culpando os nordestinos pela derrota de Aécio Neves.

Por tudo isso e um pouco mais, o PSDB finalmente completou sua transformação, terminando o ano de 2015 como a versão brasileira e golpista do Tea Party norte-americano.

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Comentários

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Fabio Monteiro

07/01/2016 - 22h46

Acho foda esse blog dizer que faz jornalismo.
Jornalismo sempre mostra os 2 lados. Isso aqui é uma parcialidade que fede a veja.

Ramiro Simoes Da Silva Simoes

07/01/2016 - 21h13

mas a analogia não é incorreta,não

Ramiro Simoes Da Silva Simoes

07/01/2016 - 21h13

party of coke =psdb

    Hell Back

    09/01/2016 - 12h08

    PSDB = Partido Só De Bonzinhos (rs)PSDB = Partido Só De Bonzinhos (rs)

Mauricio Gomes

07/01/2016 - 19h11

Tá mais para circo de horrores essa direita fascista, até na maternidade onde o neto da Dilma nasceu esses safados foram fazer protesto. São desocupados e vagabundos.

Maria Regina Novaes

07/01/2016 - 18h07

Não foi versão nunca é e sempre foi o original…nós não víamos!

Roberto Oliveira

07/01/2016 - 17h14

Independência….????

Rui Barbosa Jr.

07/01/2016 - 14h28

Acho que está mais para “te parte!”, ou melhor ” Te lasca, Brasil!”. Não têm um grama de altruísmo. Idiotia atávica.

Gugu Mello

07/01/2016 - 13h55

A Direita falhou novamente, errou em muitas coisas, mas numa delas acertou em cheio e deverá seguir na estratégia: a fabricação de boatos. Eles apostam na ignorância, no senso comum e na falta de informação.
Por isso, ainda surgirão milhares de boatos, bombardeios incessantes para que não dê tempo de respirar, nem de pensar. Isso servirá de base para novas estratégias que vão sendo traçadas.
Apesar das disputas tucanas internas, um novo nome poderá vir com a força de um lava-jato. Possivelmente, o foco, que era 2018, pode ter mudado para 2022. E isso não significa trégua, muito pelo contrário.
Não se pode desconsiderar nada. Essa turma é incansável, sedutora e esperta. Afinal, são 500 anos de experiência. – por Jari Mauricio da Rocha.

Gugu Mello

07/01/2016 - 13h55

A Direita falhou novamente, errou em muitas coisas, mas numa delas acertou em cheio e deverá seguir na estratégia: a fabricação de boatos. Eles apostam na ignorância, no senso comum e na falta de informação.
Por isso, ainda surgirão milhares de boatos, bombardeios incessantes para que não dê tempo de respirar, nem de pensar. Isso servirá de base para novas estratégias que vão sendo traçadas.
Apesar das disputas tucanas internas, um novo nome poderá vir com a força de um lava-jato. Possivelmente, o foco, que era 2018, pode ter mudado para 2022. E isso não significa trégua, muito pelo contrário.
Não se pode desconsiderar nada. Essa turma é incansável, sedutora e esperta. Afinal, são 500 anos de experiência. – por Jari Mauricio da Rocha.

Edvard

07/01/2016 - 11h22

Control v control c ou corte e cola!
E nem ao menos indicam a autoria!

Gugu Mello

07/01/2016 - 13h18

O ataque iniciou logo após as eleições – o candidato da oposição tinha prazo de validade – e se intensificou a partir do momento em que o PT assumiu pela 4º vez o Governo Federal.
A ideia era criar um sentimento de acanhamento para a esquerda. Só os insanos se atreveriam amparar um governo corrupto. Frases de laboratório seriam repetidas a esmo: “Isso é defender o indefensável; o governo mais corrupto da história; o PT afundou o país; um mar de lamas…
Em pouquíssimo tempo as passeatas, apesar do dinheiro, foram mirrando e chegou-se ao ponto de os adesivos “A culpa não é minha. Eu votei no Aécio” começarem a desaparecer das camionetes de luxo.
Não havia mais como segurar a barragem de lama que ocultava décadas de impunidade, entreguismo e corrupção – sem falar da compra de votos da reeleição e o desmonte do estado na era FHC. – A Direita falhou novamente, errou em muitas coisas, mas numa delas acertou em cheio e deverá seguir na estratégia: a fabricação de boatos. Eles apostam na ignorância, no senso comum e na falta de informação.
Por isso, ainda surgirão milhares de boatos, bombardeios incessantes para que não dê tempo de respirar, nem de pensar. Isso servirá de base para novas estratégias que vão sendo traçadas.
Apesar das disputas tucanas internas, um novo nome poderá vir com a força de um lava-jato. Possivelmente, o foco, que era 2018, pode ter mudado para 2022. E isso não significa trégua, muito pelo contrário.
Não se pode desconsiderar nada. Essa turma é incansável, sedutora e esperta. Afinal, são 500 anos de experiência. – por Jari Mauricio da Rocha.

Gugu Mello

07/01/2016 - 13h18

O ataque iniciou logo após as eleições – o candidato da oposição tinha prazo de validade – e se intensificou a partir do momento em que o PT assumiu pela 4º vez o Governo Federal.
A ideia era criar um sentimento de acanhamento para a esquerda. Só os insanos se atreveriam amparar um governo corrupto. Frases de laboratório seriam repetidas a esmo: “Isso é defender o indefensável; o governo mais corrupto da história; o PT afundou o país; um mar de lamas…
Em pouquíssimo tempo as passeatas, apesar do dinheiro, foram mirrando e chegou-se ao ponto de os adesivos “A culpa não é minha. Eu votei no Aécio” começarem a desaparecer das camionetes de luxo.
Não havia mais como segurar a barragem de lama que ocultava décadas de impunidade, entreguismo e corrupção – sem falar da compra de votos da reeleição e o desmonte do estado na era FHC. – A Direita falhou novamente, errou em muitas coisas, mas numa delas acertou em cheio e deverá seguir na estratégia: a fabricação de boatos. Eles apostam na ignorância, no senso comum e na falta de informação.
Por isso, ainda surgirão milhares de boatos, bombardeios incessantes para que não dê tempo de respirar, nem de pensar. Isso servirá de base para novas estratégias que vão sendo traçadas.
Apesar das disputas tucanas internas, um novo nome poderá vir com a força de um lava-jato. Possivelmente, o foco, que era 2018, pode ter mudado para 2022. E isso não significa trégua, muito pelo contrário.
Não se pode desconsiderar nada. Essa turma é incansável, sedutora e esperta. Afinal, são 500 anos de experiência. – por Jari Mauricio da Rocha.

    Asdrubal Caldas

    07/01/2016 - 13h38

    Gugu Mello > Este seu mantra falacioso todos nós já conhecemos. Ele já foi usado por outros Esquerdo/petistas de alta plumagem, assim também como muitos comedores de pão com mortadela que, copiavam e colavam, modificando um pouco o mesmo texto, valendo-se de sinônimos. Esta jogada já está manjada. Está na hora de vocês começarem a fazer as pazes com a verdade. Leia este texto explicativo, e original que, detalha como o PT financiava os grandes empresários, aqueles que davam o retorno com financiamentos de campanhas, tudo a fundo perdido. Pois o PT captava recursos a juros mais altos, para emprestar aos Empresários amigos, a juros mais baixos, através do BNDEES. Arranje argumentos, e tente nos convencer de que isto não é verdade. Ai sim conheceremos o seu poderio analítico.

    http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/ofim-da-bolsa-empresario-e-o-modelo-petista-de-fazer-politica-bramkoeql4a92ditnbwcwhyjj

Alexandre Lucio

07/01/2016 - 12h58

Sei que muitos não darão a mínima para o que vou falar, , mas eu faço tudo pelo meu sonho, meu sonho é ser um escritor, mas para isso preciso de muitos SEGUIDORES, vocês podem me ajudar é só me SEGUIR , assim vocês poderão ver meu TRABALHO, Obrigado de coração ?

Anônimo

07/01/2016 - 10h40

Muito legal essa análise. A originalidade da nossa direita entreguista é muito menor do que zero.


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