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Agnelo na CPI: derrota da oposição

Alguns parlamentares falaram em “xeque-mate” de Agnelo, ao abrir a sessão oferecendo seus sigilos bancários, fiscal e telefônico.

14 comentários
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Já perto do fim da sessão desta quarta-feira, Cássio Cunha Lima, senador pelo PSDB, admitiu que o governador Agnelo Queiroz conseguiu provar sua inocência em relação ao esquema Cachoeira. Aproveitou, contudo, numa jogada esperta, ou supostamente esperta, para inocentar igualmente Marconi Perillo. Lembrou um advogado que tentasse inocentar Fernandinho Beira-Mar dizendo que não há provas contra Bin Laden. Ou seja, uma coisa não tem nada a ver com outra.

Marconi Perillo era um membro do clube Cachoeira. Era amigo pessoal do bandido (telefonou-lhe pessoalmente para lhe desejar feliz aniversário) e tinha com ele íntimas ligações financeiras (Cachoeira foi preso na casa que Perillo lhe vendeu).

Ficou provado que o esquema Cachoeira tentou derrubar Agnelo. Há gravações que mostram o próprio Cachoeira xingando o governador por não conseguir arrancar o que queria de sua administração, ameaçando botar o “gordinho” (apelido de Demóstenes Torres) e a revista Época para prejudicá-lo. Dias depois Demóstenes subiu à tribuna para pedir o impeachment do governador do Distrito Federal. E a revista Época iniciou ataques sistemáticos contra Agnelo. Ou seja, mais uma vez observamos a mídia aliada ao crime organizado.

O fato é que o depoimento de Agnelo resultou numa estrondosa derrota da oposição. Alguns parlamentares falaram em “xeque-mate” de Agnelo, ao abrir a sessão oferecendo seus sigilos bancários, fiscal e telefônico. Parlamantares do PSDB, DEM e PPS não conseguiram sequer encontrar acusações consistentes contra o governador e começaram a levantar fatos totalmente desconectados do foco da CPI.

Os sigilos de Agnelo já tinham sido quebrados pela Justiça ao final do ano passado, num daqueles escândalos que, agora sabemos, tinham o dedo do esquema Cachoeira-Veja, mas somente os fiscais e bancários. Agnelo acrescentou agora seus sigilos telefônicos e de email.

Com isso, criou-se uma enorme onda nas redes sociais e na própria comissão para quebrar o sigilo de Marconi. O governador de Goiás, vendo o fato consumado, procurou-se adiantar-se e também ofereceu seus sigilos.

Estou muito curioso para ver como a imprensa repercutirá o dia de hoje. Certamente os colunistas continuarão desqualificando a CPI, mas todas acusações que se fazia contra ela já caíram por terra.

Falaram que havia interesse de blindar a Delta. Pois bem, o sigilo nacional da empresa foi quebrado, a Controladoria Geral da União declarou-a inidônea e todos seus contratos com o governo federal estão disponíveis na internet.

Falaram que havia acordo para blindar governadores: pois bem, ambos foram convocados pela CPI, prestaram esclarecimenots e seus sigilos serão quebrados e suas vidas devassadas.

A CPI engrenou de vez.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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alex

14/06/2012 - 09h20

Bom dia, Miguel e blognautas… análise maravilhosa!
pena que o povo não tem acesso a ela. O povo só tem acesso a MidiaPIG
O JN, o Jornal da Globo, o Estadão, a Folha e outros tem “uma análise especial” sobre tudo!
Tá muito difícil conviver com uma imprensa totalmente partidarizada, enfiada em negociatas etc etc etc
O que antes era um tesão (ir a banca comprar jornal, sentar à mesa com um xícara de café e se informar) agora se tornou broxante!

Adriano Matos

14/06/2012 - 08h43

Eu não pude assistir aos depoimentos, estou acompanhando por aqui e outros blogs. Obrigado pelo bom serviço, Miguel.

Ouvi uma frase do depoimento do Agnelo que repercutiu: Ele declarou que havia um movimento orquestrado por Cachoeira, contanto com os serviços do Demostenes e do PIG para derruba-lo do governo.

Incrível o poder desestabilizador da bandidagem, que ainda posam de vestais da ética – o Cachoeira é apenas um “empresario dos jogos”. A sociedade têm que incrementar os poderes de proteção do Estado contra o golpismo dos quais, invariavelmente, o PIG sempre fez parte.

Essa CPI é o palco ideal para discutir tais temas, assim como o financiamento privado de campanhas eleitorais, a raiz de todo o mal.

Elson

14/06/2012 - 04h18

O PIG está na berlinda, tentam a todo custo pegar políticos aliados do Planalto no esquema Cachoeira. O problema é que essa quadrilha está entranhada no seio da dita oposição ética e sua imprensa, e, agora com a internet e suas redes sociais não é mais possível esconder ou maquiar a verdade.

Agnelo marcou um gol de placa ao oferecer seu sigilos, provou que quem não deve não teme, ao contrário do “Periglo”, que não convenceu ninguém e ainda saiu da CPMI pior do que entrou. “Periglo” pode ter enganado alguns por um tempo, más não enganará todos por todo tempo!

Carlos Lenin Dias

13/06/2012 - 20h10

policarpo e cívita,os holofotes vos esperam!

spin

13/06/2012 - 19h56

Dizem que Agnelo aproveito o palco montado pelo pig para dar umas cutucadas no pig e seus blogs do esgoto, eu estava trabalhando e não pude acompanhar, bom demais para ser verdade, o Brasil todo vendo criticas ao pig no próprio pig, isso não é qualquer dia que acontece.

Antonio Olinto

13/06/2012 - 19h40

Miguel, você deve ter reparado ainda que nenhum jornalão deu manchete hoje sobre depoimento de Marconi.

    Garcia

    13/06/2012 - 19h42

    Também não há editoriais sobre o tema. Estão com medo.

Helena Vargas

13/06/2012 - 19h39

Agora a CPI começou a pegar fogo de verdade. Por isso que a mídia fez tantas ameaças, ela sabia que a CPI iria pegar a oposição e ela mesma!

Nelson Krupp

13/06/2012 - 19h37

O PT está com medo disso:

Volta a farsa do ‘golpe do mensalão’
O Globo – 13/06/2012

Aproximidade do julgamento do mensalão agita os espíritos militantes e passionais, mesmo aqueles mais sofisticados, revestidos de uma camada de educação e fineza.

Já houve a atrapalhada intervenção do ex-presidente Lula no encontro indevido com o ministro do Supremo Gilmar Mendes, um dos juízes do processo, intermediado pelo também ex-presidente da Corte Nelson Jobim. Artilharia no próprio pé, pois a iniciativa deve ter levado o STF a acelerar o calendário do julgamento. Passou, também, o gesto infanto-juvenil do mensaleiro José Dirceu de conclamar estudantes a ir às ruas, no estilo “Cinelândia 1968”, para defendê-lo perante os 11 magistrados do Supremo. Teatral e inócuo, por óbvio.

No fim de semana, foi a vez de o ex-ministro da Justiça no primeiro governo Lula, Marcio Thomaz Bastos, no programa “Ponto a Ponto”, da TV Bandeirantes, entrar em ação, de forma mais sutil, ao seu estilo. Ministro quando explodiu o escândalo, em 2005, e hoje advogado de um dos réus, José Roberto Salgado, ex-diretor do Banco Rural, instituição acusada de participar da operação de lavagem daquele dinheiro, Thomaz Bastos explora um tema caro a certos petistas: a suposta interferência da imprensa profissional no caso.

Teme o advogado o que chama de “publicidade opressiva” dos meios de comunicação independentes contra os réus. De forma elegante, até oblíqua, o advogado repõe em circulação a tese surrada e risível de que uma “imprensa golpista” inventara o mensalão e, em seguida, tratara de prejulgar os denunciados pelo Ministério Público. A tese até recebeu a unção de uma certa intelligentzia petista. Agora, na visão de Thomaz Bastos, influenciáveis ministros do STF, sufocados por uma “publicidade opressiva”, se preparam para executar a condenação orquestrada.

Ora, quem denunciou o mensalão foi um dos participantes dele, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), da base do governo. O esquema de desvio de dinheiro público e privado para comprar apoio parlamentar ao governo não surgiu de qualquer laboratório de maquiavelismos oculto em alguma redação. Foi escancarado numa entrevista de Jefferson à “Folha de S.Paulo”. Lula não iria fazer um pedido público de desculpas à população por algo inexistente (embora tenha aderido depois à tese conspiratória). Tanto que os maiores desdobramentos políticos do caso foram a cassação dos mandatos de Roberto Jefferson e do principal denunciado, José Dirceu, deputado pelo PT paulista.

Impossível mascarar a verdade de que a imprensa profissional é movida por fatos. Já a opinião sobre eles é exposta de maneira translúcida no espaço dos editoriais. E é fato, por exemplo, que, em 2006, o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, ofereceu denúncia contra os mensaleiros ao Supremo. Outro fato: no ano seguinte, os ministros consideraram consistentes os argumentos do MP para abrir o processo, no qual Dirceu é tachado de chefe de uma “organização criminosa”.

E serão fatos condenações e absolvições a serem decididas no julgamento que se inicia em agosto. Nada mais nem menos do que isto.

    Helena Vargas

    13/06/2012 - 19h38

    Muito sintomático que no dia seguinte ao depoimento de Perillo à CPI, ou seja, no dia seguinte em que a CPI realmente começa a esquentar, o Globo tenha publicado um editorial sobre o… mensalão! Ahahah, é muito bandeira.

    spin

    13/06/2012 - 20h04

    Krupp, francamente não entendi o que está escrito nessa lambança, devo aprender interpretar texto, vou entrar na escolinha do Merval Pereira, o “Imortal”. O “mensalão” não tem segredo e se resume basicamente nisso: Foi uma ação orquestrada pelo trio Veja-Cachoeira-Demóstenes. Os 3 sairam ganhando: Cachoeira ampliou seu território para a jogatina com a queda dos homens de Roberto Jefferson; Demóstenes se vingou de Dirceu, que o vetou na base de Lula através do ingresso no PMDB e o Civita vendeu mais revistas e assinou contratos milionários com governos tucanos-demos. Difícil entender? Prá que esse blábláblá incompreensível, pq ocultaste a autoria, é do Merval? Do Noblat? Da Lobo? Da Leitão? Do Jabor? Do Gilmar Mendes ou do próprio Cachoeira, por aí

Nelson Krupp

13/06/2012 - 19h35

É, mas Marconi Perillo também saiu vencedor.

    spin

    13/06/2012 - 19h59

    Marconi Perillo vencedor com um caminhão de provas contra ele? Apenas se defendeu na CPI, o que é direito de qualquer cidadão. Sim, se defendeu mas não convenceu. Defender-se bem, ter lábia, isso é compreensível, a turma do Cachoeira tem essa facilidade, são homens formados, bem instruidos na bandidagem.

Yuri

13/06/2012 - 19h34

Se ferraram legal.


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