PSB X PT: Dividir para conquistar

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O Globo não disfarça mais. Com direito a chamada na capa do jornal impresso e do site, página 3 inteira, o jornal anunciou hoje a venda de um produto de valor, por enquanto, totalmente duvidoso.

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A ânsia do Globo reflete, a meu ver, uma tentativa desesperada de ofuscar a derrota acachapante que a oposição brasileira enfrentará este ano. Para jogar uma cortina de fumaça sobre esse fato, vende meia dúzia alianças entre PSDB e PSB, que no conjunto nacional se dilui perante milhares de alianças entre PSB e PT, como um indício definitivo de que os dois partidos caminharão juntos como adversários da candidatura de Dilma Rousseff em 2014.

Confira a capa do site do Globo de hoje:

Nota na capa do jornal impresso:

Fác-símile da página 3:

Link para a matéria.

Não vou dizer que é impossível, porque em política tudo é possível, mas eu diria que é extremamente improvável uma aliança entre PSB e PSDB contra o PT em 2014. O que há é o desejo legítimo do PSB de crescer, e um certa postura, bastante astuta (no bom sentido), de usar o antipetismo para ganhar apoio midiático e vencer eleições.

A matéria do Globo dá importância desmedida ao encontro, e o início do texto traz uma penca de inverdades:

BRASÍLIA e UBERABA — Inflados pelas vitórias no primeiro turno de Marcio Lacerda, em Belo Horizonte, e de Geraldo Júlio, em Recife, os padrinhos das duas candidaturas, respectivamente Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), prováveis adversários do PT em 2014, unem-se para medir forças com a dupla Lula e Dilma Rousseff neste segundo turno em capitais e grandes cidades

Vamos às inverdades:

  1. Se tem alguém inflado, é Eduardo Campos, cujo partido experimentou um extraordinário crescimento este ano. Aécio Neves viu sua influência minguar em Minas Gerais, perdendo votos e prefeituras, e o PSDB saiu menor da eleição. Márcio Lacerda ganhou não por causa de Aécio, e sim porque era um prefeito bem avaliado, que recebia elogios da Dilma até pouco tempo. Marcio Lacerda é do PSB, legenda que compõe a base aliada do governo federal. Sua vitória em BH, apesar das circunstâncias locais específicas, não é nenhum trunfo maravilhoso para o PSDB.
  2. O PSDB será o principal adversário do PT em 2014. Jogar o PSB nesse balaio é outra forçação de barra. PSB será, sim, o principal aliado do PT em 2014. Mas irá vender caro esse apoio, porque é assim que a banda toca. Legendas apoiam umas às outras em função da partilha do poder, num jogo político complexo que tem, todavia, a força do eleitor por trás.
  3. PSDB e PSB unem-se em algumas cidades neste segundo turno. Mas o PSB tem um número muito maior de alianças com o PT do que com o PSB. A reportagem deveria trazer números precisos sobre quantas alianças o PSB fez com o PT  e quantas fez com o PSDB, para contar uma história mais verdadeira.
  4. A troco de quê o PSB iria se juntar, em 2014, a um partido em declínio, tachado de direita, como o PSDB?  Mais ainda, Campos seria imbecil de ser vice de Aécio? O destino das legendas que se tornaram subsidiárias do PSDB, como PPS e DEM, estão praticamente aniquiladas do cenário político. Por que o PSB, justamente no momento em que registra seu melhor momento, afirmando-se como uma alternativa de centro-esquerda, gozando das regalias de ser um importante aliado do governo federal, iria cometer o suicídio político de se unir aos tucanos?
  5. No entanto, Eduardo Campos é esperto o bastante para manipular a mídia. Uma só brincadeira ao lado de Aécio Neves, numa cidadezinha de Minas, já lhe valeu presença na grande imprensa. Daqui a pouco, todavia, voltará a aparecer ao lado de Lula, e assegurará, pela milésima vez, que estará junto com Dilma em 2014.
Se você entrar no site nacional do PSB, será uma incondicional defesa do governo Dilma, talvez ainda mais assertiva do que se encontra no portal do PT. E há poucos dias, o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, disse em alto e bom som:
 

Ou seja, os socialistas estão ligados na estratégia da direita brasileira, de dividir para conquistar. Será preciso, no entanto, prestar bastante atenção, por parte de petistas e socialistas, para não caírem no jogo de provocações que a mídia deverá deflagrar a partir de agora.

*

Merval Pereira não larga o mensalão. Mesmo com duas pesquisas importantes registrando uma reviravolta nas eleições de São Paulo, a maior cidade do país, e onde acontece a disputa mais emocionante entre governo e oposição, o colunista do Globo prefere elocubrar sobre os votos no STF.

Ancelmo Gois, um jornalista pelo qual tenho apreço, tem se comportado como verdadeiro sabujo dos interesses do Globo, quando o assunto é mensalão. Ele tem agredido o ministro Lewandowski, sistematicamente. Hoje, outra notinha idiota, com único objetivo de queimar o juiz perante os frequentadores do metrô ipanema.

A zona sul carioca, que nunca pareceu dar bola para os terríveis problemas sociais brasileiros, como sempre se alvoroça obedientemente quando se trata de campanhas moralistas, tendo o Globo como principal açulador destes movimentos. Confiram a nota de hoje no Globo:

Na verdade, o Globo procura reunir e apoiar, há tempos, os movimentos antipetistas que pipocam na zona rica do município, mas a maioria dos cariocas da região, pelo que conheço deles, prefere curtir uma praia tranquilamente do que se envolver nesse tipo de atividade para-política.
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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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