PIB de 2,3% é uma grande vitória sobre os urubus

A alta do PIB de 2,3% em 2013, conforme divulgado esta manhã pelo IBGE, corresponde a uma vitória especial para os que acreditam no Brasil. E mais do que acreditar: para os que trabalham duro para fazer deste país um lugar melhor.

É uma alta modesta, mas muito relevante no cenário internacional. Entre os países que já divulgaram seu crescimento de 2013, é a terceira maior alta do mundo.

No entanto, mais do que olhar para o lado, é o momento de olharmos para dentro de nós mesmos.

Afinal, o Brasil já registrou, por exemplo, períodos de incrível crescimento, como no auge da ditadura. Mas a que preço? Ao preço do achatamento dos salários, aumento da miséria, piora na distribuição de renda e, sobretudo, sem democracia.

Desta vez, escolhemos crescer com segurança social e democracia.

Vamos os itens que fazem desses 2,3% maiores do que eles realmente são:

1) Em primeiro lugar, o aumento do investimento em educação e saúde foi maior do que o PIB. Disso iremos falar depois. Ainda temos um longo caminho a percorrer antes de termos uma saúde pública decente, próxima ao que existe em países ricos da Europa, mas estamos cada vez mais acima do que há em outros países em desenvolvimento com nível similar de população.

2) A China cresce muito, mas não tem previdência pública e, sobretudo, não tem democracia.

3) A indústria se recuperou, modestamente, mas com ênfase no setor mais avançado: a indústria de transformação; e dentro desta, o sub-setor que mais agrega tecnologia, o de máquinas e equipamentos. Um setor essencial para este momento, porque complementar à infra-estrutura, e que registrou o maior crescimento de toda a cadeia industrial, foi o de produção e distribuição de eletricidade, gás e água.

4) Na agropecuária, o cultivo que mais cresceu foi o de trigo, que não é o forte do Brasil, apesar do forte consumo nacional de pão. Isso tem uma importância especial.

5) O investimento cresceu 6,3% em 2013, o que mostra a atenção do governo com a infra-estrutura nacional. Sempre é bom lembrar que, durante o pesadelo neoliberal (1995 a 2002), o Brasil não investiu quase nada, por exemplo, na expansão da nossa infra-estrutura energética.

6) O Brasil tem hoje mais investimentos em mobilidade urbana, acontecendo ao mesmo tempo, do que jamais teve nas últimas décadas.

7) Os programas sociais continuaram a ser expandidos. Os salários cresceram acima do PIB, reduzindo a disparidade entre capital e trabalho.

8) Os tucanos comemoraram há pouco os 20 anos do Real. Só que omitiram, naturalmente, que o combate à inflação foi usado para vender a maior parte do patrimônio nacional, a dívida pública aumentou várias vezes, nos tornamos mais dependentes do FMI, o desemprego aumentou e houve uma brutal desindustrialização (o câmbio fixo foi uma facada nas costas do setor industrial).

9) A dívida pública caiu substancialmente ao final de 2013, Nossas reservas internacionais jamais alcançaram um nível tão alto, que oferecesse tanta segurança à nossa economia. Estamos mais preparados que nunca para tempestades financeiras e ataques especulativos.

10) Não é um dia bom para os vira-latas e coxinhas. Talvez seja o momento de lhes oferecer passagens com desconto para desestressarem algumas semanas na Ucrânia.

Confiram os gráficos abaixo, que eu extraí da apresentação do IBGE (íntegra aqui). 

 

O Brasil cresceu mantendo a inflação sob controle, aumentando fortemente o investimento (6,3%), registrando uma modesta mas fundamental recuperação de sua indústria, ampliando a produção agrícola

 

 

Charge publicada no Brasil Econômico

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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