Datafolha: Lula mantém olímpicos 52%; ele vai apoiar quem?

Quando a gente critica a comunicação da presidência da república, não é uma crítica propriamente à Secom ou a Thomas Traumann. É uma crítica à própria presidência, e aos partidos no poder, que não vêem a comunicação como uma área estratégica.

A razão da crítica também não é por achar que o governo é maravilhoso e que as pessoas são burras por não verem isso.

A importância da comunicação se fundamenta em dois fatores que esclarecem as confusões acima:

1) Ela é a própria política. O debate político reflete as condições em que o debate acontece. Se há concentração de mídia ou envenenamento da opinião pública, veremos isto imediatamente no debate político.

2) Uma comunicação mais democrática permite ao governo se auto-corrigir com muito mais velocidade, porque a pressão se dá na própria base das corporações públicas. Um servidor de uma estatal, na maioria das vezes, reage de maneira muito mais rápida e efetiva ao que se discute na mídia, sobre a área de sua atuação, do que a decisões palacianas impostas sem a sua participação. A mídia interfere diretamente não apenas no debate público em geral, mas também na própria atitude do servidor público, politizado ou não.

Dito isto, não vou criticar o Datafolha divulgado há pouco, apesar de achar suspeito, naturalmente, uma mudança tão brusca em relação a outras pesquisas recentes, sem que nada de especial tenha ocorrido desde então.

Na verdade, acho até saudável, para quebrar o salto alto da campanha de Dilma Rousseff, que ela tenha experimentado queda nas intenções de voto.

Mas não posso deixar de observar que, se alguém quisesse manipular uma pesquisa, estamos num dos melhores momentos em que é possível fazê-lo de maneira mais ou menos escamoteada. Conforme a campanha for se aproximando do pleito, a maior concorrência de pesquisas, e uma atenção maior dos órgãos de controle, tornarão mais difícil esse tipo de artimanha.

Segundo o cenário do Datafolha, as intenções de Dilma caíram de 44% para 38%. Aécio se manteve em 16%. Campos cresceu para 10%. Entretanto, a presidenta ainda leva no primeiro turno em todos os cenários, com exceção naquele com presença de Marina.

Interessante notar que Lula se mantém imbatível. No cenário com ele, suas intenções de voto são de 52%, o que corresponde a mais de 70% dos votos válidos. E quem será que Lula vai apoiar nesta eleição?

A quedas intenções de voto tem como causa principal a piora das expectativas, embora ao menos uma delas seja bastante positiva: a maioria, 46%, acha que sua própria situação econômica vai melhorar, contra 12% que acha que vai piorar.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.