Outro lado da pesquisa da Pew: Dilma melhor que a oposição

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)]
Ontem eu publiquei um post mau humorado sobre uma pesquisa do instituto Pew que aponta a disparada do mau humor dos brasileiros. Entretanto, eu analisei apenas os primeiros dados da pesquisa. Ao que parece, a mídia também ficou só aí.

Nem tudo são flores para os urubus. Aécio e Eduardo Campos podem guardar a champagne de volta no freezer. A pesquisa apurou como anda o humor do brasileiro em relação à oposição e descobriu que Dilma vai melhor que seus adversários.

Esta análise vai ficar só para os assinantes. O Cafezinho precisa de assinaturas para continuar forte e independente.

[/s2If]
[s2If !current_user_can(access_s2member_level1)]
Para continuar a ler, você precisa fazer seu login como assinante (no alto à direita). Confira aqui como assinar o blog O Cafezinho.[/s2If]

[s2If current_user_can(access_s2member_level1)]

O Cafezinho Espresso – Análise Diária de Mídia e Política – 04/06/2014 – Exclusivo para Assinantes, favor não reproduzir

 

O outro lado da Pew

Nem tudo são flores para os urubus. Como pensaria Neymar Jr ao ver Hulk se aproximar pela ponta esquerda: tudo tem outro lado.

No caso da pesquisa Dew, o outro lado está no capítulo 2. Nela, há cinco gráficos. O primeiro é bem negativo para Dilma. Os outros quatro são relativamente positivos. O que concerne à eleição é bastante positivo para ela.

Esse gráfico mostra um péssimo quadro para Dilma. Ela é mal vista em relação a quase todos os temas. Sua melhor performance, ironicamente, é justamente no campo onde a mídia mais a critica, na economia, mas mesmo assim, apanha feio nesse item.

Os índices me parecem um tanto exagerados, mas como dizem os advogados, por amor ao debate, vou acreditar neles.

A situação de Dilma começa a aliviar a partir do gráfico acima. Ele também sugere que os pesquisadores talvez tenham feito a pesquisa em zonas ricas. Vejam só: entre os mais pobres pesquisados (lower income – baixa renda), uma forte maioria aprova Dilma: 58%, contra 41% que não.

A aprovação de Dilma segue uma escala acentuadamente classista: mais ricos (61%) e mais escolarizados (70%) rejeitam a presidente.

A presidente também desfruta de forte aprovação no meio rural (61%), revelando que o problema da presidente continua ser a metrópole, onde a mídia tem mais poder e onde os problemas de mobilidade urbana são mais graves.

O Pew informa que dividiu a renda no país da seguinte maneira: o “lower-income / baixa renda” são aqueles com renda familiar abaixo de R$ 900; renda média entre R$ 900 e R$ 2.349; renda alta, acima de R$ 2.350. O salário mínimo no Brasil é de R$ 724.

Esse gráfico traz notícias positivas para a presidente. Seus principais opositores, Aécio Neves e Eduardo Campos, são vistos menos favoravelmente que ela. FHC, principal cabo eleitoral de Aécio, é visto desfavoravelmente por 67% dos brasileiros. Lula, por sua vez, é visto favoravelmente por 66% dos entrevistados. O “Silva” é Marina Silva, ela segue empatada com Dilma no índice de “favorável” (51%), mas tem menor rejeição (37%) que a presidente (49%). Só que Marina não é candidata a presidente, mas a vice de Campos.

Barbosa é o nome com segunda melhor pontuação na pesquisa Pew, depois de Lula. O presidente do STF tem 60% de favorável e 26% de desfavorável.  Ele também não é candidato, embora possa vir a ser um cabo eleitoral da oposição – manobra arriscada, porém, porque traria dano à sua imagem de “juiz imparcial”.

Ótimos números para o governo. O Bolsa Família está fortemente consolidado junto ao imaginário do brasileiro como uma conquista social positiva.

Estes números apenas aparentemente são bons para a mídia. Segundo a Pew, em 2010, 81% dos entrevistados tinham a mídia como uma “boa influência” para o Brasil. Hoje esse número caiu para 69%. Os brasileiros estão mais céticos e mais desconfiados, o que é um sinal de avanço democrático. Em democracias avançadas, a mídia é vista com forte desconfiança.  Interessante notar que a instituição com pior avaliação é o sistema judiciário.

*

A Pew também pesquisa a opinião dos brasileiros sobre os “protestos”. Os pobres e menos escolarizados desaprovam, os ricos e escolarizados aprovam, o que revela uma certa compreensão crescente da sociedade sobre o sentido político-partidário de algumas manifestações. Há também uma clivagem geracional forte: a juventude (18-29) tende a apoiar os protestos (52%), enquanto a maioria dos mais velhos (mais de 50) os vêem como uma coisa negativa. O campo desaprova protestos, as áreas urbanas apóiam. De qualquer forma, há uma divisão bastante equilibrada entre aprovação e desaprovação em todos os campos. Não há maioria substancial de apoio ou rejeição a manifestações em lugar nenhum. Um dado curioso é que a maioria das mulheres (51%) desaprovam os protestos, enquanto a maioria dos homens aprovam (também 51%). Este “conservadorismo” feminino (que aqui não deve ser interpretado no mau sentido), que eu sempre notei nas pesquisas, constitui um fator bastante favorável à Dilma, que tem uma imagem conservadora, de mulher séria e honesta. E é mulher.

*

Abaixo, três gráficos que revelam uma mudança brusca na percepção dos brasileiros, desde 2010.

Tradução: Crescente frustração com a direção do país e com as condições econômicas. Satisfeito / Insatisfeito. Current economica situation is / Situação econôimca está. Good / Boa X Bad / Ruim.

Observe que o “rising prices / preços crescentes” é, de longe, a principal preocupação dos brasileiros. Imagino que isso tenha a ver com o aumento da expectativa de consumo, que cresceu acima do poder aquisitivo. Além disso, há introdução de novos hábitos de consumo, sobretudo celular e internet, que passaram a pesar muito para as famílias.

Tradução: Menos vêem o Brasil como potência emergente. Brasil como uma das nações mais poderosas do mundo / será eventualmetne / já é / nunca vai ser. Repare que o percentual dos que responderam que o Brasil “nunca vai ser” cresceu de 20% para 37% de 2010 para 2014.

A íntegra da pesquisa Pew pode ser vista no documento embebido abaixo (ou aqui). Dêem uma olhada, porque traz comparações com a pesquisa feita em 2010 e algumas outras coisas que não estão no resumo.

[/s2If]

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.