Mais uma ducha fria na mídia. Dilma vence o 4º turno


 

A resistência do brasileiro ao histerismo da mídia é um mistério de Fátima.

O governo Dilma sofre ataque cerrado da mídia desde antes da eleição, e mesmo assim a sua aprovação cresceu substancialmente em dezembro.

E isso num cenário econômico difícil, com crescimento baixo, aumento de juros, inflação ainda no teto da meta, déficit na balança comercial, declínio das ações da nossa maior estatal.

A presidenta atravessou quase incólume os campos minados da operação Lava Jato, vencendo também o “quarto turno”.

Abaixo eu explico porque este “quase incólume”.

Mais um pouco e ela vai conseguir, usando a imagem feliz do Fernando Brito, dobrar o cabo das tormentas que se tornou a sua passagem para o segundo mandato.

Ela é aprovada hoje por 52% da população, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada há pouco.

O noticiário negativo foi captado na pesquisa.


 

A aprovação do governo é similar à sua votação, tanto no total quanto na segmentação por faixa de renda e região.

Não há razão, porém, para oba oba.

A pesquisa sinaliza algumas situações potencialmente perigosas para o governo.

O clima negativo nas redes sociais e nos saguões de aeroporto vem retratado na pesquisa.

O “mar de lama” da mídia pegou pesado entre os mais ricos, para os quais  o maior defeito de Dilma é não combater a corrupção.

Dilma continua diva entre os pobres e tem uma performance boa nas camadas médias, que ganham até 5 salários, mas seu desempenho nas faixas com renda maior ainda é relativamente ruim, como se vê no quadro segmentado:


 

Olha um número ruim, por exemplo: entre famílias com renda familiar superior a 5 salários, 60% não confiam na presidenta.

No Sudeste, 50% não confiam na presidenta, contra 45% que confiam.

A pior resposta do governo a esta pesquisa é calçar um salto alto.

Boa parte da força do governo ainda é fruto da campanha eleitoral, que deu o direito à presidenta de falar diretamente com a população e mostrar um pouco do que fez em sua gestão.

Entretanto, as eleições também mostraram a dificuldade das pesquisas em detectarem as ondas da opinião pública numa sociedade do tamanho da nossa, e tão complexa.

A realidade é sempre menos neurastênica do que a observada no Facebook, mas a oposição hoje costuma ser maior do que aparece nas pesquisas.

A pesquisa proporciona uma folga para o governo respirar um pouco, além de enterrar qualquer veleidade de golpismo por parte da oposição.

Espera-se, todavia, que o governo use a folga para reagir, não para voltar a dormir.

*

A pesquisa CNI-Ibope de dezembro foi feita entre 5 e 8 de dezembro com 2.002 pessoas em 142 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Ver a íntegra da pesquisa:

Ver a pesquisa segmentada.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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