Cresce apoio a Pizzolato entre políticos e jornalistas italianos

A extradição de Pizzolato, comemorada euforicamente pela elite da Procuradoria Geral da República, subiu no telhado.

Josias de Souza, blogueiro do UOL, chegou a dizer que a “extradição de Pizzolato”, que dava como favas contadas, era “uma lição ao Brasil“.

Diante da avalanche de manifestações de políticos e intelectuais italianos em defesa de Pizzolato, a Justiça do país suspendeu sua extradição até, pelo menos, o dia 22 de setembro deste ano.

A perseguição à Pizzolato pela PGR brasileira é conduzida mais ou menos pela mesma turma (ou da mesma escola) responsável por dois teatros criminosos: o julgamento do mensalão e a Lava Jato, ambos eivados de arbitrariedades, excessos e mentiras.

Ambos são processos políticos e midiáticos, nos quais direitos de defesa foram criminosamente tolhidos, em nome de um objetivo escuso: derrubar o governo.

Manipulou-se a opinião pública, descaradamente, para criar uma atmosfera de linchamento político e moral.

Ministros do STF, inclusive os mais honestos, foram coagidos pela mídia a votar contra suas próprias consciências.

O jogo de pressões continuou na Itália. Com ajuda do Ministério da Justiça, tocado pelo “tucano” José Eduardo Cardozo, a PGR usou todo o seu poder para convencer o governo italiano a extraditar Pizzolato. Acenou-se até mesmo com negociações comerciais, para convencer as autoridades daquele país.

Entretanto, na última hora,os advogados de Pizzolato conseguiram reverter o jogo e tem conseguido algumas vitórias.

Foi criada, na Itália, uma petição de políticos e intelectuais, pedindo que Pizzolato não seja extraditado ao Brasil, que já conta com mais de 2 mil assinaturas, inclusive de gente graúda no governo italiano, como a eurodeputada e primeira ministra negra da Itália, Cécile Kyenge.

O senador Luigi Manconi, do Partido Democrático (principal partido da esquerda italiana, e que detêm o poder Executivo) tem escrito artigos e se articulado politicamente, pedindo que Pizzolato permaneça na Itália.

Será que os italianos estão começando a suspeitar que Pizzolato foi vítima de uma conspiração política criminosa, visto que não tinha acesso ao dinheiro do Fundo Visanet e, portanto, não pode tê-lo desviado?

Sobre a inocência de Pizzolato, vale a pena rever o vídeo apresentado por Fernando Morais, sobre as mentiras relacionadas aos desvios do Fundo Visanet:

Neste outro link, vocês podem ouvir uma conferência de imprensa, com presença da mulher de Pizzolato e políticos italianos, em defesa da permanência de Pizzolato na Itália.

Abaixo, matéria publicada hoje no Terra, informando sobre decisão do governo italiano de suspender  extradição de Pizzolato.

Ao fim do post, outra matéria, do Estadão, na qual a esposa de Pizzolato, Andrea Haas, denuncia que interesses econômicos e políticos falaram mais alto que os direitos humanos, na decisão de extraditar Pizzolato.

Em sua intervenção, Andrea teve a oportunidade de falar aos políticos e à imprensa italiana que “Pizzolato não teve um processo justo no Brasil; o que houve foi um processo político-midiático.”

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Extradição de Pizzolato é suspensa até 22 de setembro

O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil segue preso em Módena, no norte da Itália, região onde foi capturado em 5 de fevereiro de 2014

Por Rafael Belincanta, no Terra
Direto de Roma

24 JUN 2015 09h49

O Conselho de Estado da Itália decidiu, nesta quarta-feira (24) manter suspensa a extradição de Henrique Pizzolato até o dia 22 de setembro. O Conselho de Estado ainda determinou que novos documentos sejam apresentados pelo Ministério da Justiça italiano, provavelmente para que atestem que os direitos humanos são respeitados na Penitenciária de Papuda, no Distrito Federal, para onde o condenado seria encaminhado.

Movimento contra a extradição

Começa a ganhar corpo entre políticos italianos um movimento que defende que Pizzolato permaneça na Itália para descontar a sua pena. Encabeçado pelo senador Luigi Manconi, o movimento questiona a decisão do Ministério da Justiça em favor da extradição alegando que o condenado poderia ser transferido para uma das mais “violentas e degradadas penitenciárias do Brasil”. Uma petição online contra a extradição contava com mais de 2 mil assinaturas até o início da tarde desta quarta-feira (24/06).

Blog

O blog “Justiça Pizzolato”, editado em italiano, enumera ainda outros nomes de políticos e profissionais engajados na luta dos direitos humanos que estão apoiando a petição, entre eles a eurodeputada italiana de origem congolesa, Cécile Kyenge.

(…)

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Mulher de Pizzolato diz que interesses políticos influenciam na extradição

Agência Estado – 16/06/2015 — 14:21

Andrea Haas, mulher de Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão, participou nesta terça-feira, 16, de uma coletiva de imprensa organizada por parlamentares italianos da Comissão de Direitos Humanos do Senado para discutir o caso da extradição para o Brasil do ex-diretor do Banco do Brasil.

“A gente acreditava na justiça italiana, mas estamos lutando contra o poder e interesses econômicos e políticos de dois países que estão prontos a sacrificarem, com uma assinatura, o direito e vida de uma pessoa”, disse.

Andrea abriu sua rápida intervenção dizendo ser terrível pensar que Pizzolato possa ser extraditado e tenha que cumprir pena em uma penitenciária brasileira. Para ela, Pizzolato não teve um processo justo no Brasil, o que houve foi um processo político-midiático.

“Henrique não era um político ou um ministro, mas pagou mais do que os outros, foi usado como bode expiatório para encobrir poderosos”, diz.

A extradição de Pizzolato, decidida pelo governo italiano, foi suspensa pela segunda vez na última sexta-feira,12, quando o Ministério da Justiça decidiu esperar até que o Conselho de Estado analise o recurso apresentado pela defesa do ex-diretor do Banco do Brasil.

Nessa segunda, 15, em uma audiência preliminar de urgência, o presidente da 4ª sessão penal Riccardo Virgilio ouviu as partes do processo e acolheu o recurso, marcando para o dia 23 deste mês a audiência que deve julgar o caso.

Segundo os senadores, não são suficientes as garantias apresentadas pelo governo brasileiro de que Pizzolato terá seus direitos respeitados e não correrá risco de vida na penitenciária da Papuda, em Brasília, para onde seria transferido.

Para o senador Luigi Manconi, presidente da Comissão de Direitos Humanos, a ala de vulneráveis apresentada pelo governo não é definitiva. “O governo brasileiro deve ser claro sobre o que pretende fazer com Pizzolato. Ele irá a uma ala de vulneráveis onde não terá contato com presos comuns enquanto estiver no regime fechado, mas onde o colocarão quando passar ao regime semiaberto? Como podem garantir que não correrá perigo? Isso não foi esclarecido pelo governo brasileiro”, disse.

O senador ainda lembrou que o ministro concedeu a extradição para cumprir obrigações de acordos de cooperação internacional com o Brasil, sem levar em conta a questão da reciprocidade – o Brasil não extradita cidadãos brasileiros.

“É suficiente ler os relatórios da Anistia Internacional e da (ONG) Human Rights Watch para ter certeza das condições desumanas das prisões brasileiras. Apesar disso, o Ministério da Justiça concedeu a extradição”, criticou. “Por que mandar Pizzolato a um sistema que não garante o respeito dos direitos humanos e por que interromper um programa de ressocialização que ele já está seguindo em Modena quando existem modos para fazer com que ele cumpra sua pena de prisão na Itália?”

Não é a primeira vez que o caso de Pizzolato é tratado no Senado italiano unindo políticos de partidos de esquerda e de direita. Um grupo de 21 senadores do partido democrático já havia escrito uma carta ao ministro Andrea Orlando pedindo que ele não concedesse a extradição do ex-diretor do BB. Em maio, após a decisão favorável de Orlando, também entrou em campo o senador Carlo Giovanardi, do partido Nuovo Centro Destra.

Processo

Pizzolato fugiu do Brasil quando foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão no caso do mensalão. Mas acabou sendo preso em Maranello, norte da Itália em fevereiro de 2014. O processo de extradição já dura 18 meses.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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