Keep Calm e teje preso!

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Análise Diária de Conjuntura – 25/11/2015

A prisão da liderança do governo no Senado fez o golpômetro explodir uns cinco pontos e muda um pouco o prognóstico para as próximas semanas, que deverão ser mais conturbadas do que se esperava.

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O PT desce mais alguns degraus da humilhação pública a que tem sido exposto desde quando eclodiu o mensalão. E este talvez seja o problema político mais grave que o partido e seus militantes tem de enfrentar.

Tudo vai depender, naturalmente, do que brotar do caos político das horas vindouras.

Senão houver mais prisões espetaculares, a tendência é a situação se normalizar.

O governo – que já declarou não ter nada a ver com os crimes de Delcídio – escolherá outro líder no senado e o barco seguirá em frente.

Já está claro, porém, que a Lava Jato voltou a monopolizar integralmente a agenda política nacional.

A prisão de Delcídio, e pela primeira vez uma prisão com base em provas contundentes – os áudios indicam que ele tentava, efetivamente, sabotar a investigação -, faz a Lava Jato ganhar novamente sabor de novidade.

Esse é o perigo para o governo e para o PT: de que uma prisão preventiva midiaticamente justa (juridicamente, é polêmica, porque fere o princípio da separação de poderes) de um senador ajude a corroborar teses mirabolantes.

Outro perigo é a deterioração da “atmosfera política”. Esta tinha melhorado sensivelmente, nas últimas semanas, apesar da condenação política no Tribunal de Contas da União (TCU).

Essa atmosfera poderá convencer o TSE a chancelar o golpe hondurenho contra o governo.

A segunda turma do STF, que confirmou por unanimidade da prisão de Andre Esteves e Delcídio Amaral, abriu um precedente perigoso, que é a prisão de um senador sem a prisão em flagrante, condição única disposta na Constituição para que se possa prender um senador.

Politicamente, porém, é muito difícil encetar qualquer contestação.

Além do mais, novas variáveis entram em operação.

Delcídio Amaral não é um petista integrado à vida partidária. É um estranho no ninho. Tendo renunciado ao senado, ele poderá voltar à primeira instância e negociar alguma delação premiada, entrando no joguinho político dos procuradores e do próprio Moro, que já deixaram bem claro que seu objetivo é destruir o PT e o governo. E estão conseguindo.

Todas as estimativas de que a Lava Jato estaria desgastada, ou em fase terminal, subestimaram a força de uma operação conduzida com uma assessoria de inteligência fora de série e uma blindagem midiática a toda prova.

Na Folha, temos uma matéria curiosa, intitulada “Empresários do PT”, na qual aparece, em destaque, uma foto de Marcelo Odebrecht.

A Odebrecht sempre foi a principal financiadora do PSDB. Como toda grande empreiteira, vive de grandes obras públicas, até porque, no Brasil, o capital privado não investe em infra-estrutura. Com a ascensão do PT ao poder federal, a Odebrecht, naturalmente, passa a fazer negócios com as estatais geridas por petistas ou aliados de petistas.

Falar em “empresários do PT” é uma dessas esquizofrenias típicas de uma crise política esquizofrênica, em que a informação é um produto tão maleável quanto um chiclete, e tão confiável quanto uma coxinha de rodoviária.

Entretanto, não me resta outra saída senão acreditar que, de alguma maneira, tudo vai dar certo.

O blogueiro já enfrentou privataria, compra de votos da reeleição, mensalão, tapiocagate, globogate, petrolão, trensalão, lula inflável, marchas coxinhas, tentativas de impeachment, TCU, e agora, Delcidiogate…

Para ser blogueiro político no Brasil, é preciso nervos de aço, de um lado, e ao mesmo tempo um espírito leve para não levar as coisas a ferro e fogo.

É como um escritor inglês aconselhava: não se preocupem com o futuro! Certamente, ele falava assim não por leviandade. Trata-se apenas de uma estratégia para não sucumbirmos antes da hora ao peso da tragédia inevitável que se abate sobre os povos e países.

Afinal, o máximo que pode acontecer é destruírem a Petrobrás, a Odebrecht, as empresas fornecedoras da Petrobrás, várias empreiteiras, acabar com o PT, prender Lula, senadores, prender os “empresários do PT”, fechar os blogs.

E daí? O Brasil continuará firme e forte. Feliz, não sei, porque é difícil haver felicidade em meio a turbulências políticas tão intensas. A economia, porém, é criativa e, aos poucos, os mais fortes, os mais resistentes, irão se destacar no mar de ruínas em que se tornará o país. E daí começará tudo de novo: eleição de novas lideranças populares, nova onda de criminalização da política, golpes e novas crises.

O que falta ao Brasil é isso: experiência. Todos os abusos se voltarão contra quem os fez. É apenas uma questão de tempo.

Tudo vai dar certo, e desta vez não é ironia, apenas uma confiança – louca, admito – no futuro.
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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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