Temer no poder… É sério isso mesmo, galera?

Brasília - O vice-presidente, Michel Temer, fala à imprensa ao deixar seu gabinete no Palácio do Planalto (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

por Tadeu Porto, colunista do Cafezinho

Nesse turbilhão de informações, atos, babados e conjuturas, fica difícil relaxar e parar pra pensar um pouquinho… É tanta coisa que acabamos ficando centrados num jogo de causa e consequência que nos dificulta analisar esse cenário complexo que vivemos o que nos faz pensar somente nas respostas a problemas imediatos — que não são poucos!

Precisei me desligar um pouco do golpe para descansar a mente, já desgastada pelo fim de ano, e também para me adiantar na leitura de Game of Thrones que eu preciso terminar ainda esse mês (meta de 2015), mas esse ano maluco, que parece tão ficcional quanto as crônicas de gelo e fogo, não me deixa parar pra subir em cima da mesa e expandir o horizonte para ver uma sociedade com o viés de um poeta (vivo, espero. Mesmo com o Cunha solto por aí).

Mas, enfim, consegui. Parei para pensar nesse momento atual e concluí uma coisa: nossa conjuntura tá uma doideira sem fim, maluquice total mesmo!

Para ilustrar:  o PMDB está sendo considerado como salvador da pátria. O partido do Renangate, do Sarney, do Jader Barbalho (manda bala!) e, principalmente, do Eduardo “achacador mor” Cunha.

Quem nunca escutou que o PMDB é o câncer da política nacional. A agremiação que está totalmente envolvida no escândalo de corrupção que faz os coxinhas quererem destituir uma mulher honesta e sem algum precedente ilegal. Ou seja, na lógica golpista, a lava jato é um tsunami para o PT e uma marolinha para o PMDB.

Nesse sentido, pensando com tranquilidade e todos os neurônios direcionados para o raciocínio, é muito esquisito pensar que pessoas que querem a derrubada da Dilma se contentem com o Temer no poder. O vice-presidente frequentou as manchetes nacionais por ligação com a lava-jato — leia-se lista da Camargo Corrêa, Júlio Camargo e Fernando Baiano — enquanto a presidenta sequer passou perto. E sobre as pedaladas, desculpa esfarrapada do golpe, vale ressaltar que ambos praticaram.

Portanto, as pessoas que eventualmente forem as ruas defender o impeachment — espero que tenham consciência e desistam de tal loucura — vão defender a ascensão de um político que está inserido no escândalo que elas tanto criticam desde o ano passado.

Mas não é só aí que fica a loucura: é difícil de acreditar que estejam gastando energia para retirar a chefe do executivo, quando, na verdade, é o legislativo que demonstra, as claras, tudo que é menosprezado nas relações políticas éticas desejadas.

Os possíveis achaques de Eduardo parecem não ter fim! A ponto do relator do conselho de ética que julga Cunha falar que sente medo de ser morto e que tem a família ameaçada. Ademais, o deputado carioca se utiliza da cadeira de presidente não só para barrar um processo contra ele mesmo, mas também para atacar as pessoas que, de maneira corajosa e louvável, querem o tirar de lá.

Aceitar Cunha na presidência da câmara seria como ter a chance de acabar com o ISIS mas não concretizar o ato com o argumento de que devemos respeitar a liberdade religiosa. Pior, além de os deixar impunes ainda os fornecem armamento. Metaforicamente, estão deixando um verdadeiro terrorista ter acesso a um arsenal sem fim de armas.

Dessa maneira, se as instituições e os civis continuarem nessa morosidade e o golpe sair, corremos o sério risco de retroceder décadas e voltarmos para um sistema que nos oprimirá de maneira violenta, como foi em outros carnavais, e também nos deixará a margem dos avanços econômicos do país, voltando a trazer uma desigualdade que já é imensamente difícil de combater.

É mais do que claro que precisamos de uma nova estrutura política no país. Mas poxa… O PMDB?! Na moral mesmo, tem alguém em sã consciência que quer entregar a esse partido dois terços dos poderes completos da república? Fala sério!

Bom, de qualquer maneira vou descansar um pouco e voltar ao Game of Thrones. O cenário tenebroso construído por Martin não chegar nem perto do inverno que enfrentamos aqui!

Tadeu Porto é Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF)

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