Com medo de perder ainda mais força, Temer se afasta de golpistas pró-impeachment

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Análise Diária de Conjuntura – Manhã – 12/01/2016

As delações da Lava Jato continuam pautando a grande mídia. E vice-versa. A grande mídia continua pautando a Lava Jato.

Mas a profusão de delações sem prova, vazadas seletivamente, para os mesmos jornais, e com um timing calculado, tem desprestigiado cada vez mais a investigação. [/s2If]

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A tentativa desesperada de recriar um ambiente de crise política não está dando certo. O esforço se dá porque se entende que o recesso parlamentar, ao tirar o impeachment da pauta, dá oportunidade para o governo assumir a iniciativa e propor pautas propositivas. Isso não pode acontecer. A crise tem de continuar. Esse é um imperativo para uma mídia decadente.

A tal “onda conservadora”, que estaria prestes a varrer a política latino-americana, revela-se senão uma falácia, ao menos um exagero.

Há, naturalmente, desgaste dos governos progressistas, incluindo o do Brasil.

O que há é um esforço desonesto do partido político da elite, representado pelas mídias corporativas, de insuflar, junto à população mais pobre, seus preconceitos mais vulgares, com um objetivo político.

Esse foi o esforço por trás do fortalecimento de Eduardo Cunha.

Ao fazê-lo, porém, a mídia mobiliza um apoio efêmero de um setor da população, mas irrita a classe média liberal, a mesma que a mídia tinha conseguido mobilizar contra o PT.

Os interesses e as características da sociedade brasileira são por demais diversificados e complexos para serem totalmente dominados por algum grupo político. Essa é principal vacina que a nossa democracia oferece contra os usurpadores da soberania popular.

No Globo de hoje, lemos notícias, dadas quase de má vontade, sobre o declínio político de Michel Temer e de todos os golpistas dentro do PMDB, ao mesmo tempo em que a ala anti-golpe do partido, liderada por Renan Calheiros, no Senado, e Leonardo Picciani, na Câmara, ganham cada vez mais desenvoltura.

Todos os sinais indicam que esta ala antigolpe emergirá com muito mais força após o recesso.

Leonardo Picciani, além do apoio maciço que tem dos deputados fluminenses, estaduais e federais, em virtude da influência sobre eles do governador Pezão e do prefeito Eduardo Paes (ambos são pilares anti-golpe dentro do PMDB), está articulando agora o apoio do PMDB mineiro, que está rachado.

Em Minas, o governador Fernando Pimentel tem folgada maioria na Assembléia Legislativa, bons índices de aprovação popular, e acaba de registrar uma grande vitória política sobre as conspirações midiático-judiciais: a Procuradora Geral da República se manifestou contra o indiciamento de Pimentel, numa investigação conduzida por um dos núcleos tucanos da PF, em Minas Gerais, contra o governador. Mesmo se a PF o indiciar, será um indiciamento com menos força, e com mais possibilidade de ser derrubado no Supremo Tribunal Federal (STF).

A vitória fortalece Pimentel e, com isso, faz com que ele possa participar, com mais assertividade, da luta política para disciplinar o PMDB mineiro, derrotando a ala golpista aliada de Eduardo Cunha e Aécio Neves.

Com Minas e Rio sob controle, o PMDB antigolpista poderá ajudar o governo Dilma a esmagar o impeachment, cuja votação foi marcada para março, e fazer o país reencontrar a estabilidade.

As mesmas reportagens informam que Michel Temer, vice-presidente, afastou-se das articulações pró-impeachment, com medo de perder a presidência do PMDB.

Mas essa presidência já está bastante comprometida, e o novo presidente do partido deverá ser Renan Calheiros.

O Globo de hoje publica um editorial (sob o banner da Petrobrás, anunciante quase único do jornal) em que revela seu desconforto com o novo trunfo do governo: após ter pago as pedaladas, o governo deu um drible extraordinário nos urubus da recessão, porque esse pagamento liberou uma montanha de crédito novo para os bancos públicos, que poderão ajudar a alavancar a economia brasileira este ano.

O Globo, viciado em crise e em golpe, está desesperado com a possibilidade do governo destravar os investimentos públicos, reativar o crédito e fazer a economia voltar a crescer.

Imersos numa campanha apocalíptica violentíssima, os barões da mídia não querem saber de recuperação. O exemplo de Macri, na Argentina, porém, já mostrou que tudo não passa de uma grande farsa política.

Se o PSDB voltasse, via golpe, a governar o país, todas as pautas negativas seriam derrubadas, e os jornalões voltariam a noticiar coisas boas, oferecendo esperança e soluções.

Outro trunfo do governo são as sobras de 2015, ano em que, quiçá por conta da crise política, bilhões de reais já aprovados não foram executadas para áreas estratégicas, como a infra-estrutura urbana.

É um dinheiro que servirá para irrigar a economia brasileira este ano, sem risco de sobrecarregar as contas públicas, visto que já está aprovado.

O varejo brasileiro teve um ano relativamente ruim, segundo a Serasa Experian, com queda de 1%.

Mas queda de 1% não é nenhum fim de mundo. Os jornais carregam na comparação que já ficou gasta: pior resultado desde 2002. Só que em 2002, a retração foi de 4,9%.

A melhor notícia dos últimos dias é a disposição do governo de reativar o Conselhão, e mais ainda a de que ele será reformado, com a inclusão de nomes ligados à ciência e às novas tecnologias.

Embora as perspectivas ainda sinalizem dificuldades econômicas para este ano, quase todas elas estão concentradas no primeiro semestre. Para o segundo semestre, há grande expectativa de início da recuperação econômica, que refletiria já num razoável crescimento econômico em 2017.

Até junho, todos os golpismos deverão ser esmagados, inclusive pela iminência de novas eleições, livres e democráticas, e só isso servirá de grande ajuda para a reativação da economia.

Eu quero acreditar, portanto, que podemos ter algumas surpresas boas até o fim do ano. Os urubus do mercado e suas previsões podem se frustrar.

(Fonte da foto.)

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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