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E se Delcídio delatasse a própria IstoÉ?

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado por Tadeu Porto A insanidade que vira e mexe toma conta da operação Lava-Jato é impressionante. A bola da vez é a delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT/MS) que, aparentemente, atinge em cheio a Dilma e o Lula. Segundo a reportagem da IstoÉ, foram aproximadamente 400 páginas de delação, nas […]

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A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) realiza reunião deliberativa com 14 itens. Entre eles, PLS 65/2012, que reduz a 3% alíquota do ISS sobre turismo rural e PLS 252/2011, que cria programa de microdestilarias de álcool e biocombustíveis. Em pronunciamento, presidente da CAE, senador Delcídio Amaral (PT-MS). Foto: Foto: Geraldo Magela /Agência Senado

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

por Tadeu Porto

A insanidade que vira e mexe toma conta da operação Lava-Jato é impressionante.

A bola da vez é a delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT/MS) que, aparentemente, atinge em cheio a Dilma e o Lula.

Segundo a reportagem da IstoÉ, foram aproximadamente 400 páginas de delação, nas quais a revista conseguiu garimpar e achar acusações contra os dois últimos presidentes.

[Claro, não tem nada a ver com as manifestações do dia 13, o veículo de informação só deu azar de no meio de tanta página encontrar suposições que atinjam somente os petistas. Nada demais.]

Aliás, por curiosidade, fiz uma contagem de palavras da reportagem da revista. Utilizando o Google Docs (já não uso mais o Office), encontrei 28528 caracteres, com espaço, que foram encaixados em 11 páginas, parágrafo simples, fonte Arial, tamanho 12.

Esse número, representa 2,75% das páginas que a delação tem. Ou seja, a reportagem (que inclui palavras inerentes da matéria) pode representar menos de 3% do material bruto da delação.

Eu sei, existe evidentes desvios padrões nessa minha “média”: a formatação do texto oficial da delação pode ser diferente, podem existir figuras, margens gigantes e afins. Sendo assim, consideremos um fator de erro de 300% para trazer mais factibilidade sobre a comparação entre o que a revista tem em mãos e o que ela publicou efetivamente. Com essa “correção”, chegaríamos a 44 páginas “líquidas” (ou seja, Delcídio deve ter usado pouco mais de 40 páginas para dar as informações que fomentaram a matéria da Débora Bergamasco).

Quer dizer, a IstoÉ tem em mãos uma peça maravilhosa – quatro centenas de laudas – e nos presenteia, com 11% dela? É como se tivesse em posse de um “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” e mostrasse, apenas, um “Animais Fantásticos e Onde Habitam”. Poxa, é muito egoísmo (aposto que o editor da revista tem vocação para a Sonserina).

Tá certo, Delcídio pode ter gastado 356 páginas falando sobre gostos variáveis, festas de quinze anos, de como ele sente saudade do FHC e etc. No limbo das páginas esquecidas, existe uma variável infinita de possibilidades.

Mas vamos supor, só supor, que Delcídio tenha delatado a própria mídia. Oras, se Policarpo Jr. – da Veja – apareceu nos grampos de Demóstenes Torres com Carlinhos Cachoeira e a mansão de Paraty que pode vir a ser dos Marinho (nada confirmado ainda, segundo nota da família no Tijolaço), não é tão inverossímil se pensar num possível envolvimento da imprensa no jogo político nacional.

Outros exemplos: a CPI do Carf, citada na matéria, é oriunda de outra operação da PF, a Zelotes, que por ventura pode envolver a RBS, filiada da Globo no Rio Grande do Sul. Fernando Collor, que por ventura também é investigado pela Lava Jato, tem certa ligação com o grupo “Arnon de Mello” que possui a TV Gazeta, outra filiada da Globo.

Enfim, ligações político-midiáticas não faltam para sustentar uma abstração de que, nas páginas escondidas, existem o nome de um CNPJ ou CPF ligado a imprensa nacional.

Portanto, imaginem só que legal se alguém ligado a própria revista IstoÉ, ou a Editora Três, aparecesse na delação do Delcídio? Não ia ser muito bacana para a empresa saber, antecipadamente, o que poderia enfrentar na justiça?

Ademais, segundo a própria reportagem, “vários políticos” foram citados na delação pelo senador petista. Então, a revista tem o nome desses políticos? Pode avisá-los, se quiser, das acusações que eles ou elas vão enfrentar? Não que eu acredite nessas coisas, mas é um belo produto de barganha.

E nesse mundo de coincidências, pode ser que algum delatado por Amaral tenha o mesmo azar que teve a Brasif – empresa acusada de mandar dinheiro ao exterior, a pedido do FHC, para Miriam Dutra – e um incêndio atinja os documentos de maneira a não sobrar nada para contar história.

Essas coisas acontecem, infelizmente.

Ademais, não deve ter tanto problema vazar informações sigilosas que possam encontrar e desmontar um mega esquema criminoso. Tão pouco importa criar a possibilidade dos investigados terem acesso a acusações no seu nascedouro, antes mesmo de chegar ao judiciário. Isso não deve atrapalhar em nada, nadinha [#sqn].

E assim caminha a Lava-Jato: tão intocável quanto a Ana Paula do BBB16, podendo pintar e rabiscar, sem ter seus métodos efetivamente questionados pelas demais instituições do país, por carregar a égide do combate a corrupção e da limpeza ética “de tudo isso que está aí”.

Afinal, “mar de lama” mesmo só em Bento Rodrigues ou Linhares. Felizmente, existem paraísos ambientais isentos de tais desastres, como em Paraty: local onde a fauna, a flora e a vida marinha vivem longe dessa sujeira.

Tadeu Porto é Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF)

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