Resistir é Preciso: Documentário em série conta a história da imprensa alternativa na Ditadura Militar

História da imprensa brasileira na ditadura militar é resgatada no documentário Resistir é Preciso, co-produção da TV Brasil com TC Filmes, TVM, e o Instituto Vladimir Herzog

por Carlos Eduardo, editor-assistente do Cafezinho

Está em cartaz no History Channel 2 (ou H2, como é chamado) um documentário em série sobre a imprensa alternativa na ditadura militar: Resistir é Preciso.

Dividido em dez episódios, o documentário é uma produção da TV Brasil, em parceria com a TC Filmes, TVM, e com apoio do Instituto Vladimir Herzog.

Engraçado que só fui saber do documentário assistindo ao H2 e não na TV Brasil, outro canal que assisto regularmente. Provavelmente eles compraram os direitos da série devido a recente lei de TV a Cabo, aquela que obriga os canais estrangeiros a cumprirem uma cota de conteúdo nacional no horário nobre.

Neste aspecto fico feliz em saber que um documentário destes não ficou restrito apenas à TV Brasil. Como a TV Brasil ainda não tem sinal HD, sem dúvida o H2 tem mais audiência e maior alcance.

Fazendo um paralelo com o momento político atual, recomendo a todos este documentário. Hoje vivemos uma ditadura midiática e os blogs progressistas vêm exercendo o mesmo papel que os jornais alternativos desempenharam no passado, durante a ditadura militar, de apresentar outro ponto de vista a opinião pública.

Narrada e apresentada pelo ator Othon Bastos, a série traz depoimentos e material historiográfico de jornalistas que atuaram em três frentes de combate à ditadura militar: a imprensa alternativa, a clandestina e a que atuava no exílio.

PifPaf, Pasquim, Movimento e Opinião são alguns dos jornais alternativos apresentados na série.

Para relembrar e construir essas histórias, Resistir é Preciso conta com depoimentos de grandes nomes do jornalismo da época como: Raimundo Pereira, Juca Kfouri, Laerte, Ziraldo, Audálio Dantas, Paulo Moreira Leite, José Hamilton Ribeiro, Bernardo Kucinsky, Tonico Ferreira, Antonio Candido e tantos outros.

Através deles conhecemos as dificuldades de produção da época, as perseguições da censura militar e a manobras para manter os jornais em circulação.

O primeiro episódio começa em 21 de maio de 1964, somente 51 dias após o golpe militar de 1º de abril, quando o jornalista Millôr Fernandes colocava nas bancas do Rio de Janeiro a revista PifPaf, com colaboradores que formavam a nata carioca dos jornalistas, escritores, intelectuais e cartunistas da época: Sérgio Porto, Rubem Braga, Antônio Maria, Ziraldo, Claudius, Fortuna, Jaguar, etc.

Nos dez episódios da série são citadas quase 100 publicações; desde as mais importantes, como os jornais Pasquim, Opinião e Movimento; passando pelos jornais estudantis, de comunidades e sindicatos; até o Acre, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande Sul, destacando o papel importante que a imprensa regional e independente desempenhou durante a ditadura militar. Papel este pouco conhecido. Há ainda mais de 50 entrevistas com os protagonistas desta história.

Um documentário imperdível para quem ama jornalismo.

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