O arquivamento do inquérito contra Pedro Paulo é mais um presente do MPF ao PMDB

Brasília - O Procurador-Geral da Republica, Rodrigo Janot participa de Sessão do STF em que julgam sete ações de Inconstitucionalidade (Antonio Cruz/Agência Brasil)

(Rodrigo Janot. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

O ministro do STF Luiz Fux determinou o arquivamento do inquérito contra o candidato do PMDB à prefeitura do Rio de Janeiro, Pedro Paulo, que apurava denúncia de agressão à sua ex-mulher, Alexandra Marcondes. O arquivamento foi solicitado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na segunda-feira, dia 15.

Janot concordou com a tese dos advogados de defesa de Pedro Paulo, afirmando, no seu parecer, que “ganhou peso a tese defensiva no sentido de que as lesões verificadas em exame de corpo de delito a que foi submetida a suposta vítima seriam decorrentes de atitude defensiva do investigado”.

Essa conclusão contrasta com uma entrevista dada pelo próprio Pedro Paulo à Folha, em novembro do ano passado, na qual afirmou: “Tivemos discussões e agressões mútuas. Acho que não cabe a gente falar ‘Ah! Ela me agrediu e eu me defendi’. Fazer disso uma discussão pericial do episódio.”

Janot cita, no pedido de arquivamento, que Alexandra “foi peremptória ao negar ter sido agredida por seu então marido. Na ocasião, atribuiu as próprias lesões a movimentos de defesa de Pedro Paulo, para repelir investidas da depoente contra ele”.

A tese de lesões provocadas por movimentos de defesa não bate com o laudo feito pelo IML em 2010, o qual aponta que Alexandra teve um dente quebrado no episódio.

O perito que fez o exame de corpo de delito afirmou, em depoimento ao STF, que cometeu um erro no laudo ao escrever que houve “avulsão pequena”. O termo teria sido utilizado de forma imprecisa, segundo o perito, não significando que Alexandra tenha perdido um dente mas sim que tinha “uma pequena falha dentária”.

Essa mudança de opinião do perito é só mais uma dentre as várias contradições do caso.

Pedro Paulo inicialmente negou a agressão. Depois admitiu, na entrevista à Folha citada acima. Na mesma entrevista afirmou que “é importante dizer que foi um episódio único na minha vida. Não tenho uma atitude de violência antes e depois desse episódio.”

Depois dessa declaração surgiram as informações de que na verdade Alexandra já havia feito boletim de ocorrência contra Pedro Paulo em 2008, por agressão, e em agosto de 2010, por ameaças.

Após a divulgação do caso, a assessoria de imprensa do peemedebista divulgou, em outubro de 2015, documento com assinatura autenticada de Alexandra, no qual ela negava as agressões relatadas à polícia.

Em novembro do mesmo ano Alexandra confirmou ao Ministério Público ter sido vítima de agressões do ex-marido.

Em fevereiro de 2016 saiu na Folha que Alexandra assinou no mesmo dia (16 de outubro de 2015) dois documentos com versões diferentes sobre as agressões que sofreu.

Após, passou a negar peremptoriamente as agressões, versão à qual Janot deu credibilidade ao pedir o arquivamento do inquérito.

O caso fica mais nebuloso ainda porque o pedido de arquivamento e o seu rápido acatamento por Fux aconteceram exatamente no início do período oficial de campanha eleitoral.

Pedro Paulo quase teve que desistir da candidatura por conta da repercussão negativa do caso das agressões. Vem bem a calhar um pedido de arquivamento do inquérito exatamente no início da campanha, não?

É o segundo presente que o PMDB recebe do MPF em pouquíssimo tempo: a presidência da República só caiu no colo do partido por conta da atuação da PGR e dos procuradores da Lava Jato nos movimentos que culminaram no golpe de Estado a que estamos sendo obrigados a assistir em pleno 2016.

O PMDB aparentemente juntou-se ao PSDB no time dos inimputáveis brasileiros. Vejam a demora das instituições para conter Eduardo Cunha, mesmo com a avalanche de provas contra ele.

Enquanto isso, Lula já está condenado por antecipação há muito tempo pelos meganhas da Lava Jato. Sem provas, obviamente.

A frase de Janot na sabatina que analisava a sua recondução ao cargo de PGR, “pau que bate em Chico também bate em Francisco”, nunca pareceu tão cínica.

 

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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