Quinta-feira mais do mesmo: Lava Jato perseguindo Lula e Gilmar Mendes defendendo tucano na mídia

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

Hoje é dia 8 de setembro de 2016, uma quinta-feira.

Mas poderia ser praticamente qualquer dia desde algum momento de 2014: o noticiário político/policial é dominado pelos mesmos personagens fazendo as mesmas coisas há quase dois anos.

Lava Jato e Gilmar Mendes, por exemplo.

A Lava Jato segue na sua tresloucada caçada a Lula.

Não faria sentido nenhum dar um golpe de Estado para daqui a dois anos correr sério risco de devolver o poder a Lula – nas pesquisas, ele lidera no primeiro turno -. O governo já foi derrubado, por isso torná-lo inelegível é o objetivo número um, dois e três.

Agora Deltan Dallagnol, Carlos Fernando dos Santos Lima e outros procuradores voltam à história dos presentes que Lula recebeu na presidência.

Apura-se ‘desvio ou desaparecimento de bens pertencentes à União’.

Para os integrantes da Lava Jato, Lula, além de favorecer empreiteiras em contratos de bilhões de dólares em troca de uma reforma em uma cozinha de sítio e outra em um apartamento no Guarujá, roubou os presentes que ganhou quando era presidente.

O preconceito de classe do conservadorismo golpista brasileiro, representado na Lava Jato pelos procuradores do MPF e por Sérgio Moro, contra o retirante nordestino que chegou à presidência é evidente.

Gilmar Mendes, por sua vez e para variar, usou seu palanque na mídia para fazer política.

Bastou a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, que faz parte do MPF, anunciar que vai monitorar a ação da PM de São Paulo em protestos, depois das denúncias de violência contra manifestantes nos atos contra o golpe, para Gilmar criticar:

Também é curioso que, com tantas ações policiais no Brasil, tenham selecionado esses dois Estados (Rio e São Paulo). Afinal, todo dia tem ação policial em qualquer lugar do País, sobretudo nas comunidades mais carentes, e não me consta que haja esse tipo de monitoramento (da Procuradoria). Os governadores (Alckmin e Dornelles) deveriam oferecer a eles (procuradores) a chance acompanhar as ações policiais nos morros do Rio e nas favelas de São Paulo.

Gilmar não está preocupado com os desrespeitos aos direitos humanos nas comunidades carentes, apenas quer desmoralizar a ação do Ministério Público e consequentemente as denúncias da repressão ilegal da PM nos protestos, ruins para Alckmin, do PSDB, partido afinadíssimo com Gilmar.

Mas não é que é uma boa ideia?

Os procuradores deveriam levar a sério a ironia de Gilmar e passar a monitorar de perto as intervenções policiais nas favelas e comunidades.

A polícia existe para proteger e garantir os direitos dos cidadãos, não para aterrorizá-los.

Assim como a Justiça existe para julgar com a maior imparcialidade possível, não para perseguir uns e proteger outros.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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