Xi Xinping: ‘O chefe’ no G20

por Pepe Escobar, no Telesur / Tradução: Coletivo Vila Vudu

O G20 na China foi muito, muito impressionante – de um modo que bem poucos no ocidente conseguem compreender. Vivo na Ásia, entre idas e vindas, há 22 anos –, e outros que têm considerável experiência da região tiveram a mesma impressão.

Dediquei-me a tentar capturar algumas pinceladas de uma tarefa muito complexa: a longa preparação, os rituais, o sério trabalho ético envolvido em encontrar soluções práticas, especialmente para pequenas e médias empresas (PME) que querem tornar-se globais.

O G20 afinal é a primeira organização verdadeiramente global a incluir nações industrializadas e as nações top do sul global, com mandado para criar as bases de um desenvolvimento equilibrado e sustentável. O G7, como o conhecemos, é passado. Cabe ao G20 criar o futuro.

A China – e o presidente Xi Jinping, in particular – colheram essa oportunidade no palco global com imenso deleite. Todos no G20 – inclusive o pato manco e/ou políticos europeus desentendidos – aceitaram as propostas de Xi sobre o que fazer para reviver a economia global. Afinal de contas, é o que todos querem – e de que tanto carecem.

ASSISTA: China: Economic Turbulence
Tariq Ali entrevista Prof. Dic Lo, da Universidade de Londres (vídeo, 30’38, ing.)

As propostas incluem mais coordenação política na reforma fiscal, monetária e estrutural; melhorar o sistema multilateral de comércio (quer dizer, a OMC, não arapucas tipo ‘OTAN comercial’, como as ‘parcerias’ Trans-Atlântico e Trans-Pacífico); fortes gastos em infraestrutura transfronteiras (aí entram as Novas Rotas da Seda chinesas); e reformar a governança financeira global (com maior poder de decisão para economias emergentes) [Aqui não se inclui o Brasil dos Golpistas Usurpadores Temer &Co., porque o Brasil depois do golpe – e não por acaso – passou a ser considerada economia submergente (NTs)].

Tudo isso mais uma vez encaixa-se com as Novas Rotas da Seda – ou Um Cinturão, Uma Estrada; o projeto vastamente ambicioso de integração/conectividade Eurasiana que é, de fato, em ação, a proposta de Xi para uma “economia mundial inovadora, revigorada, interconectada e inclusiva”.

Não faz mal algum que as propostas também se conectem com o impulso de Pequim para que o yuan torne-se elemento chave do sistema monetário global, e que em breve será incluído na cesta de moedas Special Drawing Rights (SDR), do FMI.

Laurence Brahm, analista bastante razoável, com sede em Pequim, muitíssimo mais competente que qualquer dos ‘especialistas’ da Think-Tankelândia ocidental, disse que Xi, no G20, “assumiu o palco principal como líder mundial, dentre outras razões por ter atraído outros líderes globais para o multilateralismo e pragmatismo, mais interessado em reuni-los em torno de infraestrutura e economia sólidas, nas em torno de algum discurso ou alguma ideologia.”

O presidente Barack Obama, por falar dele, não foi visto nem em palco secundário nem em show de ‘esquenta’.

E, além de tudo isso, lá se viu, ativa, a Suprema Justiça Poética – no que tenha a ver com Hangzhou. Quando Marco Polo visitou Hangzhou no final do século 13, descreveu a cidade como “sem dúvida a mais bela, a mais esplêndida cidade de todo o mundo.”

Esse G20 foi como prévia ilustrada da China como a maior economia do mundo no futuro próximo (em paridade do poder de compra [ing. purchasing power parity, PPP], já é). Não surpreende que uma mídia-empresa ocidental ressentida tenha dado à reunião do G20 ‘cobertura’ – ou pseudocobertura – que mais pareceu chilique de adolescentes emburrados.

O que interessa é que G20 foi realizado em Hangzhou. É a história, completando o círculo. São apenas uns poucos séculos, quando Marco Polo deslumbrava-se ante economia maior, mais dinâmica e muitíssimo mais sofisticada q a economia da Europa.

Está acontecendo outra vez. E “o chefe” vai garantir que tudo saia exatamente conforme o plano. *****

Redação:
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