Vitória do atraso político e negação da luta popular

Foto: Eduardo Knapp/ Folhapress

por Luis Felipe Miguel, no Facebook

Resultado do primeiro turno:

A direita já conquistou 6 capitais, incluindo São Paulo. A vitória de Doria é particularmente dolorosa, não apenas pela importância da cidade, mas pelo que sua candidatura simboliza, em termos de atraso político e de negação da luta popular.

Em Natal, ganhou um candidato do PDT cirista. E, em Rio Branco, o candidato do PT. São as duas vitórias no primeiro turno que, se quisermos, podemos contabilizar para uma esquerda entendida em sentido bem lato.

Haverá segundo turno apenas entre candidatos de direita em 12 capitais, entre elas Belo Horizonte, o que já era esperado, e Porto Alegre, aonde mantivemos alguma esperança até o final.

Há candidato de esquerda ou próximo dela disputando o segundo turno em 6 capitais: Rio de Janeiro, com Freixo; Recife, por muito pouco, com João Paulo; Fortaleza, com Roberto Claudio, do PDT cirista; Aracaju, com Ednaldo Nogueira, do PCdoB; Belém, com Edmilson, com votação inferior à projetada; e Macapá, com Clécio Luís, da ala antigolpista da Rede.

Uma única mulher foi eleita no primeiro turno: Teresa Surita, em Boa Vista. Do PMDB, campeã em escândalos, reacionária até o último fio de cabelo, tinha como slogan “Deus no comando”. Outras duas mulheres disputam o segundo turno, em Florianópolis e Campo Grande, ambas de direita.

Em São Paulo, pelos números iniciais, o PT, apesar dos votos do Suplicy, cai de 11 para 10 vereadores. O PSOL, que tinha um, passa para dois. O PCdoB, que elegeu um em 2012, fica sem nenhum. Em suma, a esquerda fica com 12 vereadores (antes elegera 13) numa Câmara de 55 – e agora com o PSDB na prefeitura.

No Rio de Janeiro, também pelos números iniciais, o PSOL passa de quatro para seis vereadores. O PT desce de quatro para dois. Continuam sendo oito entre 51 vereadores.

Prezo os amigos que encontram energias para comemorar a vitória de uma ou outra candidata à Câmara Municipal. Mas o fato é que o resultado das eleições foi desastroso. Mostra que o discurso da esquerda não é capaz de romper o cerco que está sofrendo e de canalizar a vontade de transformação difusa na sociedade.

Se partidos de esquerda que priorizam a luta eleitoral ainda assim colhem resultados tão pífios, algo está dando muito errado. É necessário refletir sobre as eleições e repensar rumos.

Luis Felipe Miguel é professor de Ciência Política da UnB

Redação:
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