Governo ilegítimo quer aumentar a superlotação dos presídios brasileiros

(Cela superlotada de prisão em Vila Velha (ES), em 2009. Foto: Wilson Dias/Abr)

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

O governo golpista agora quer alterar a lei de execuções penais para endurecer a progressão de pena.

Para que o preso mude de regime prisional – passe do regime fechado para o semiaberto, por exemplo – hoje é necessário cumprir ao menos um sexto da pena. O Ministério da Justiça quer elevar esse período mínimo para a metade da pena.

Aumentar o tempo de prisão no Brasil é uma ideia positivamente idiota.

Os nossos presídios são superlotados e não oferecem nenhuma dignidade aos presos, o que impede qualquer hipótese de ressocialização.

O Brasil possui a quarta maior população prisional do planeta, sendo que de 1995 a 2010 essa população cresceu 136%, porcentual abaixo apenas do registrado na Indonésia (145%). O que não resulta em melhora na segurança pública, ao contrário do que indica o senso comum. Os homicídios só fizeram aumentar: foram 37 mil mortes em 1995, 45 mil em 2000 e 56 mil em 2012. (Fonte: Carta Capital)

Os gênios por trás da ideia de aumentar ainda mais a população prisional sabem de tudo isso, mas o populismo penal é um dos pilares da estratégia política do conservadorismo.

Cria-se o inimigo da sociedade (o assaltante, o traficante, o corrupto) e espalha-se a ideia de que as leis são frouxas, que o Brasil é o ‘país da impunidade’, para justificar o endurecimento das leis penais e o investimento em armamentos para as polícias.

É onde a direita quer investido o dinheiro público: na repressão, para que a ‘ordem’ e a propriedade privada estejam garantidas.

Para educação, saúde e demais perfumarias, tome PEC 241.

A PEC 241, aliás, é uma boa pista para o que está por trás dessa proposta de endurecimento da progressão de regime.

Se o orçamento será congelado, de onde irá sair o dinheiro para manter mais um batalhão de presos nos nossos presídios medievais?

Assim como em todas as áreas que sofrerão com a falta de investimento público, podem se preparar para a resposta clássica da direita, a solução mágica para todos os problemas: privatização.

Amarra-se o Estado, impedindo-o de investir em coisas básicas como saúde, educação e presídios decentes, para depois dizer, candidamente: ‘Estão vendo como o Estado é incompetente para gerir qualquer coisa? A solução é privatizar!’.

Os EUA vão deixar de usar prisões privadas, depois de casos horríveis como o do juiz que recebeu subornos milionários de um dono de dois centros de detenção privados para mandar crianças e adolescentes para a prisão.

É para isso que podemos estar caminhando.

Mas o que esperar de um ministro da Justiça que fala coisas como ‘se ao invés de desviar dinheiro para construir porto em Cuba, tivesse investido em presídio, estaríamos muito melhor’?

Estamos sendo governados por comentaristas de portal.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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