Sobre educação, trevas e luz

 

por Wellington Calasans, colunista de política do Cafezinho em Estocolmo

Viralizou na internet o vídeo da jovem estudante de 16 anos, Ana Júlia, explicando aos deputados do Paraná a importância da educação de qualidade. O Cafezinho, que tem dado amplo espaço aos estudantes que realizam ocupações em todo o Brasil, também compartilhou o vídeo, pois entendemos que é carregado de mensagens relevantes.

No entanto, temos que seguir o debate e este mesmo vídeo da Ana Júlia nos revela algo sombrio: em 2016 ainda temos que explicar a importância da educação. Isso significa, entre outras coisas, que a nossa sociedade e classe política já estão condenadas ao retrocesso. Educação de qualidade, apelo feito em lágrimas pela jovem Ana Júlia, é uma obrigação do Estado junto aos seus cidadãos. Não há diálogo com quem nega isso.

Essa mesma internet é capaz de unir os polos Norte e Sul em milésimos de segundos e nos mostra, logo após o lindo discurso da Ana Júlia, um outro vídeo que vem da Islândia. Um show de consciência política das mulheres islandesas, fruto da educação de qualidade oferecida naquele país nórdico.

As mulheres islandesas saíram do trabalho mais cedo – exatamente às 14h38 – para protestar contra a diferença salarial em comparação aos salários dos homens. 14h38 representa na prática ter trabalhado 14% a menos, mesmo percentual que diferencia os salários entre ambos os sexos. Islândia é considerada um dos melhores países do mundo em igualdade de gênero, segundo dados do Fórum Econômico Mundial. Mesmo assim as mulheres ainda recebem 14% a menos que os homens. O protesto das mulheres é a pura expressão do exercício democrático.

Se no Brasil tivéssemos muito mais Ana Júlia, dificilmente estaríamos sob esta ameaça do retrocesso. Que o vento que vem do Norte, soprado pela força das “Anas Júlias” da Islândia traga para os brasileiros a luz capaz de tirar das trevas este país ensolarado. A luta da estudante Ana Júlia será ainda mais bela se você der o seu apoio.

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